PERSEGUIÇÃO?
Reprodução/Record
Rogério Formigoni no programa Congresso para o Sucesso, que ele não apresenta mais na Record
A Igreja Universal do Reino de Deus está processando Rogério Formigoni, conhecido como "bispo do Balanço Geral", por um motivo inusitado: a instituição religiosa quer para ela a conta pessoal do ex-bispo no Instagram. Formigoni deixou a Universal por não concordar com o castigo que recebeu após ter admitido que trocou mensagens elogiosas com uma fiel casada.
O escândalo estourou no início de setembro, mas foi relativamente abafado até a semana passada, quando a Universal veio a público, em nota oficial, dizer que Formigoni não era mais bispo porque teria cometido adultério.
A igreja entrou na Justiça em 24 de setembro, logo após Formigoni se recusar a mudar de país e perder o título de bispo. Na ação, a IURD alegou que criou o perfil de Formigoni para ele utilizá-lo enquanto bispo da congregação. Como ele deixou seus "quadros", a igreja se sentiu no direito de exigir a posse do perfil e de reclamar que Formigoni havia trocado a senha para impedir o acesso de seus membros.
O juiz Antonio Carlos de Figueiredo Negreiros, da 7ª Vara Cível de São Paulo, negou parcialmente o pedido. Ele deu 48 horas para que Formigoni retirasse da conta todos os posts "de natureza institucional da Igreja Universal e respectivos programas assistenciais ou que reproduzam o nome ou a marca da autora". Mas manteve a posse da conta com o ex-bispo.
Em 4 de outubro, atendendo a recurso da igreja, o juiz emitiu nova decisão, já que havia "fortes evidências de que o réu tomou conhecimento do teor da tutela de urgência concedida" e seguia afirmando na rede social que "continua na IURD". Dessa vez, determinou ao Facebook, dono do Instagram, a remoção de todos os posts com alusão à Universal.
A ordem fui cumprida, e até posts que só se referiam exclusivamente ao trabalho de Formigoni com dependentes químicos foram eliminados. Ele continuará dono de sua conta até que a Justiça decida o contrário, mas já não se apresenta mais como religioso. Em sua bio virtual, agora ele é o "autor dos livros A Última Pedra e A Mente de Um Viciado".
Procurado pelo Notícias da TV, Formigoni disse que não pode dar entrevistas no momento por questões jurídicas. Pessoas próximas a ele não têm dúvidas de que o religioso está sendo perseguido por Renato Cardoso, genro de Edir Macedo. Formigoni seria uma ameaça à liderança de Cardoso, atual número um da igreja, que teria usado a suspeita de adultério para arruiná-lo.
A obsessão da IURD para tomar sua conta no Instagram (e provavelmente apagá-la, como fez com a do Facebook) teria uma motivação estratégica: com 736 mil seguidores, o ex-bispo tem na rede social uma poderosa vitrine, que pode ajudá-lo a se reabilitar quando fundar uma nova congregação.
Formigoni segue ativo no Instagram, postando orações e fotos com a mulher. No último final de semana, ele republicou um vídeo de Edir Macedo que foi visto como uma provocação. Nele, o fundador da Universal fala sobre Caim e Abel (confira no final deste texto). Formigoni deu a entender que o que move tudo isso seria a inveja, já que é mais popular e lotava mais cultos que Cardoso.
A Universal, por meio de nota ao Notícias da TV, negou haver perseguição e explicou por que reivindica a conta do ex-bispo no Instagram. Confira a nota na íntegra:
"A Igreja Universal do Reino de Deus reivindica a propriedade do perfil no Poder Judiciário porque, efetivamente, a instituição é a dona dele, tendo criado, alimentado e produzido o conteúdo do perfil por intermédio de ferramentas disponibilizadas pelo Facebook, conforme comprovado no processo."
"Como relatou a Universal na ação judicial, 'contas são criadas em nome dos ministros religiosos, nas redes sociais, para propagar a liturgia, o que acarreta, consequentemente, visibilidade e milhares de seguidores a estes, em decorrência de sua atividade ministerial desenvolvida nos templos'."
"Contudo, Rogério Formigoni continuava utilizando no perfil do Instagram, por exemplo, o nome do programa social 'Vício tem Cura' --iniciativa que a Universal mantém há mais de 20 anos e que, apenas em 2018, beneficiou 2.950.829 pessoas entre viciados e codependentes."
"Essa atitude estava induzindo a erro milhões de fiéis da Universal, que supunham que Formigoni ainda seria um oficial da Igreja."
"A liminar da Justiça da São Paulo determinou que o Facebook --proprietário do Instagram-- remova todos os links da Universal que Formigoni ainda mantinha no perfil criado pela Igreja, até que o Judiciário decida se a conta deve ser devolvida à instituição religiosa."
"Sobre a suposta 'perseguição' e o afastamento 'porque ele seria uma ameaça ao comando da congregação', na verdade, conforme já foi tornado público, Formigoni se desligou da Universal por vontade própria, após a confissão de uma conduta inapropriada, totalmente contrária às normas pastorais da Igreja, e rejeitar a disciplina necessária, para que seu ato fosse redimido."
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