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Direitos Esportivos

Globo já recebeu R$ 1 bilhão para transmitir jogos suspensos; e agora?

Marcelo Cortes/CR Flamengo

O jogador Gabigol em lance de Flamengo e Independiente del Valle

Gabigol em lance de Flamengo e Independiente del Valle, no Maracanã, em fevereiro: R$ 1,8 bilhão em jogo

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 26/3/2020 - 5h51

O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio significará uma perda de receita bruta de pelo menos R$ 581 milhões à Globo em 2020, o equivalente a 6% de seu faturamento em 2019. A emissora poderá ter prejuízos ainda maiores com os campeonatos de futebol e de Fórmula 1, suspensos por tempo indeterminado.

Com essas competições, a Globo faturou R$ 2,337 bilhões e recebeu antecipadamente dos patrocinadores, somente no ano passado, a quantia de R$ 1,045 bilhão, de acordo com balanço contábil.

O Notícias da TV apurou que anunciantes dos pacotes Futebol 2020 e Fórmula 1 já pressionam a Globo para uma renegociação. Pelo menos um deles quer rever valores e ter parte do dinheiro já pago de volta.

A Globo tem adotado um discurso de cautela. Ela não considera a hipótese de devolver dinheiro a clientes (leia nota abaixo). A anunciantes, seus executivos disseram nesta semana que esperam retomar as transmissões esportivas em maio, o que permitiria entregar quase todos os 85 jogos que prometeu no plano comercial do Futebol 2020.

Seria o melhor dos mundos. O problema é que há previsões bem mais pessimistas sobre a duração da pandemia.

Em que pese a política da Globo de não deixar patrocinador na mão, é inevitável o impacto do coronavírus em seu faturamento de quase R$ 10 bilhões anuais nos últimos exercícios fiscais. Em 2020, quase R$ 3 bilhões dessas receitas estão ameaçados. Nessa quantia, estão somadas as cotas de Futebol 2020 (R$ 1,842 bilhão), Fórmula 1 (495 milhões) e Olimpíada (R$ 581milhões).

Com o adiamento da Olimpíada de Tóquio, na terça-feira (24), a emissora tirou do mercado um plano de patrocínio que previa a venda de seis cotas de R$ 96,9 milhões cada uma, com uma ampla cobertura em transmissões na TV aberta, paga (SporTV), Globoplay e internet.

A emissora já vinha enfrentando dificuldades para comercializar os Jogos de Tóquio. Um plano comercial de seis cotas de R$ 114 milhões, só do SporTV, lançado em junho do ano passado, foi tirado do mercado.

Do plano que estava em vigor, foram vendidas três das seis cotas --para Fiat, Claro e Bradesco. Em nota ao Notícias da TV, a Globo informa que esses projetos "serão discutidos individualmente com cada um dos patrocinadores após a pandemia".

Futebol preocupa anunciantes

O quadro no futebol é preocupante. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) já discute o que fazer com o calendário. Conforme noticiou o UOL, não abre mão de encerrar os campeonatos estaduais, por uma questão política, nem de terminar todas as competições de 2020 neste ano, sem invadir 2021.

Se esse cenário se confirmar, o Campeonato Brasileiro deverá ser sacrificado. Em um cenário em estudo na CBF, a competição, que começaria em maio, teria o pontapé inicial em agosto, com apenas 19 das 38 rodadas, chegando a 24 se houvesse um mata-mata para definir o campeão.

Na hipótese de o Brasileirão perder 19 rodadas, a Globo reduziria sua carga de transmissões em 22%. Em tese, teria que compensar os patrocinadores com um "desconto" de R$ 405 milhões.

A Globo considera "puramente especulativa" qualquer projeção neste momento sobre o impacto do Covid-19 em seus negócios. Leia nota enviada ao Notícias da TV:

"Qualquer projeção neste momento é puramente especulativa, até porque não há uma decisão definitiva sobre alguns eventos esportivos.

Tivemos conhecimento do adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio pelo anúncio oficial, não fomos consultados previamente sobre o assunto. 

Entendemos que, no momento, as prioridades são a saúde e a segurança de todos, e por isso respeitamos as decisões dos organizadores dos eventos. 

O que podemos afirmar é que, diante do atual cenário, os planos e projetos relacionados à cobertura dos Jogos Olímpicos serão discutidos individualmente com cada um dos patrocinadores após a pandemia. 

No caso dos projetos comerciais do Futebol e da F-1, alguns campeonatos estão suspensos por tempo indeterminado. Tendo em vista nossa histórica relação de respeito com os patrocinadores, tão logo os calendários sejam definidos, avaliaremos o melhor caminho para todos."


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