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CANAL EM CRISE

CNN Brasil passa o facão após rombo de R$ 330 milhões em menos de três anos

Reprodução/Globo

O empresário Rubens Menin, dono da CNN Brasil, em entrevista à TV Globo; ele veste camisa azul clara e blazer marinho

Rubens Menin, dono da CNN Brasil, em entrevista à Globo: prejuízo de mais de R$ 300 milhões

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 19/12/2022 - 7h00

As demissões de mais de 120 profissionais no início deste mês foram consequência de um rombo que já ultrapassa os R$ 330 milhões em menos de três anos de atividades da CNN Brasil. O canal, lançado em março de 2020, registrou em seus dois primeiros anos um déficit de R$ 236 milhões, conforme apurou o Notícias da TV com exclusividade. Deve fechar 2022 com um prejuízo adicional de R$ 100 milhões.

Segundo documentos arquivados em agosto último na Junta Comercial do Estado de São Paulo, a CNN Brasil recebeu um aporte de R$ 236.100.750 em seus dois primeiros anos de vida. O valor foi integralizado em 27 de dezembro de 2021, o que não quer dizer que foi aportado de uma única vez --muito provavelmente, entrou nos cofres da CNN aos poucos, para cobrir necessidades de caixa.

Para contabilizar a injeção de todo esse dinheiro, o dono do canal de notícias, o empresário Rubens Menin, aumentou de uma tacada só o capital social da empresa de R$ 500 mil para R$ 236.600.750. Ou seja, num único dia, o capital social cresceu 473 vezes.

O aumento de capital foi realizado com a emissão de 263 ações ordinárias nominativas da Novus Mídia S/A, a razão social da CNN Brasil. Todas essas ações foram "adquiridas" pela Conedi Participações Ltda., que é a holding (ou family office) da família de Menin, que tem um patrimônio estimado em R$ 25 bilhões.

Fundada em 2005, a Conedi se define em seu site como "uma holding especializada na incorporação, locação, administração e venda de empreendimentos (prédios comerciais, galpões, lojas etc.)" e que "possui participações em empresas que atuam nos segmentos imobiliário, logístico, financeiro, táxi aéreo, viticultura e mídia".

Seus recursos vêm das empresas da família de Menin, principalmente da construtora MRV e do banco Inter. Isso quer dizer que o dono da CNN Brasil pode estar usando o lucro de suas empresas para cobrir o prejuízo do canal de notícias. Acabaria "socializando" o déficit da CNN porque, dependendo dos resultados, pagaria menos impostos.

Assim, é possível supor que Menin ganha o prestígio político que uma empresa de mídia confere sem gastar do próprio bolso e/ou deduzindo o prejuízo do canal de impostos que deixam de entrar nos cofres públicos. Todos os contribuintes, indiretamente, acabam pagando a conta.

Não há nada de ilegal nisso. Trata-se apenas de engenharia fiscal.

Gustavo Drummond, CEO da Conedi, confirma que a holding da família Menin passou a ser acionista principal da CNN Brasil com a injeção de R$ 236,1 milhões. Mas ele afirma que os recursos não necessariamente saem do lucro das empresas do grupo.

"Esses recursos são provenientes de vários lugares. Podem ser lucros ou outros recursos", disse ao Notícias da TV. Por "outros recursos", esclarece, se refere a "aporte próprio do acionista".

Rombo de R$ 100 milhões em 2022

Além dos R$ 236 milhões injetados nos dois primeiros anos, a CNN Brasil deverá fechar 2022 com um rombo de mais R$ 100 milhões, conforme informou Guilherme Ravache em sua Coluna de Mídia no Notícias da TV. Ou seja, em menos de três anos, o canal terá consumido mais de R$ 330 milhões.

As demissões e cortes de custos realizados no início de dezembro são um esforço para reduzir esse déficit e tornar a CNN Brasil lucrativa ainda em 2023, conforme informou João Camargo, seu novo presidente do conselho administrativo, em recente entrevista ao UOL.

A CNN, de acordo com Camargo, reduziu seus custos em 30%. Para tanto, renegociou contratos com fornecedores e abriu mão de gente talentosa, como Monalisa Perrone, Gloria Vanique e Sidney Rezende. Sua operação tende a ficar enxuta, num modelo parecido com o da Jovem Pan News.

Lucrativa (ou menos deficitária), a CNN ambiciona se tornar um conglomerado de mídia. Já negocia a locação de um canal de TV aberta na Grande São Paulo e tem no horizonte a ampliação de seus domínios no rádio e na internet.



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