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KARLA MUGA

Vinte anos depois, atriz ainda é reconhecida como quenga: 'Não tenho como fugir'

Divulgação/Studio Faya

Sucesso em A Indomada, Karla Muga se mudou para Portugal e trabalha como preparadora de atores - Divulgação/Studio Faya

Sucesso em A Indomada, Karla Muga se mudou para Portugal e trabalha como preparadora de atores

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 2/8/2018 - 5h25

A reprise da novela A Indomada (1997) no canal Viva trouxe de volta à TV brasileira a atriz Karla Muga, que desde 2006 não atua por aqui. Frustrada com as politicagens de bastidores, ela pegou suas coisas e se mudou para Portugal. Porém, até hoje a ruiva é reconhecida nas ruas por causa da quenga Grampola, que interpretou há mais de 20 anos. "Não tenho como fugir dela, em lugar nenhum do mundo", conta, aos risos.

A personagem foi, de fato, um sucesso em sua exibição original. Grampola deveria ser coadjuvante, apenas uma das meninas do bordel de Zenilda (Renata Sorrah). Mas a moça romântica cresceu na trama após se envolver com o ingênuo Emanuel (Selton Mello). Resultado: o nome da ruiva rendeu música, marca de cerveja e virou até apelido do atacante Rafael Grampola, do Joinville.

"O público comprou a história dos dois, que não teriam tanto destaque como tiveram. A novela na época não tinha tanta frente [de capítulos prontos] e o Aguinaldo [Silva, autor] conseguia adaptar a trama de acordo com o feedback", lembra Karla.

Apesar das boas recordações que tem do trabalho, a atriz de 42 anos não planeja acompanhar a reprise. Não sabe sequer se o Viva está disponível em Portugal _e admite que nem fez questão de tentar descobrir.

"Sinceramente? Eu não aguento mais falar em Grampola. Não sou uma pessoa saudosista, que fica remoendo o passado. E também não sou noveleira, acho que a última trama que acompanhei foi A Gata Comeu [de 1985]", diz.

Karla com Selton Mello em A Indomada: sucesso

"Eu gosto muito de A Indomada, da linguagem que o Aguinaldo usa, e me diverti muito fazendo. Mas não sou público, gosto mais de fazer do que de assistir. Não tenho essa coisa de ficar agarrada a uma coisa, sabe? Aliás, não consigo ficar muito tempo presa nem com séries. Se tem muitas temporadas, canso e paro no meio", assume.

Mas Karla não abandonou o mundo das novelas por completo. Ela trabalha como preparadora de atores, e precisa ler os capítulos das obras para repassá-los com seus clientes. "Sou muito seletiva. Se além de ler os textos eu tiver que assistir...", entrega, aos risos.

Áreas diferentes para trabalhar
Para Karla, a carreira como preparadora e coach não substitui seu trabalho de atriz. "Um processo não tem nada a ver com o outro. Eu comecei a preparar atores pois queria crescer dentro do meu universo, e eu era muito curiosa nessa parte de bastidores, direção. Acho que eu tenho muito a contribuir com o trabalho dos outros, consigo pegar o ator que está estagnado e levá-lo para outro lugar", filosofa.

A decisão de explorar novas possibilidades também se deu devido à frustração com o "sistema" da TV brasileira. "Sou uma pessoa controladora e, como atriz, eu me sentia controlada. No processo artístico e no mercado. Sou muito criativa para ficar sentada esperando a hora de alguém me chamar para gravar", desabafa.

Karla em cena com Ingra Lyberato e Renata Sorrah

Depois de interpretar a professora Bárbara na temporada 2006 de Malhação (também reprisada atualmente pelo Viva), Karla decidiu que não dava mais para continuar e que era hora de atravessar o oceano.

"A meta era ir para a Espanha, mas cheguei em Portugal, as coisas se desenrolaram por aqui e acabei ficando. Mas não estou limitada, trabalho como coach no Reino Unido, circulo muito pela Europa."

Por lá, ela desenvolveu o programa The Best Food Truck in the World (O Melhor Food Truck do Mundo), no qual viaja por vários lugares para mostrar pessoas que começaram a vender comida sobre rodas para realizarem seus sonhos.

"Tem muito a ver com a minha história. O salto motivacional, a vontade de fazer acontecer e ir atrás disso. Gosto de contar histórias que inspirem", resume ela, que produziu, escreveu e apresentou a primeira temporada e agora desenvolve a segunda.

Em busca de boas histórias
Karla não descarta a possibilidade de retornar ao Brasil e fazer novos papéis na TV. "Eu estou em Portugal, mas sou uma pessoa do mundo. Se tiver trabalho no Brasil, eu volto. Vou para onde tiver histórias suficientemente interessantes para eu contar. Talvez eu não provoque mais tanto o mercado brasileiro, mas estou a um clique de distância. Hoje, é muito fácil o contato", simplifica a atriz, que se define como prática.

Com a bagagem de quem está em Portugal há uma década, ela não vê com tanto otimismo a intensa migração de atores brasileiros para a TV lusitana: Marcello Antony, Silvia Pfeifer, Zezé Motta, Carolina Kasting e Thiago Rodrigues foram alguns dos nomes a tentar a sorte por lá recentemente.

"Não há espaço para tanta gente. Temos de ser realistas, olha o tamanho do país. A indústria de dramaturgia é minúscula, não é 10% do que é feito no Brasil. Os recursos para o audiovisual acabaram há dois anos, hoje Portugal tem 30 ou 40 atores que se mantêm no ar. E não é só na TV, é em todas as áreas. Acho que o país é uma ótima escolha para quem está vivendo de aposentadoria, não tem uma ambição profissional. Mas não é a salvação que todos imaginam, não", critica.


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