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FLORESCENDO

Vanessa Giácomo passa violência pelo olhar em primeiro trabalho fora da Globo

REPRODUÇÃO/PARAMOUNT+

Vanessa Giácomo no curta-metragem Florescendo, do Paramount+

Vanessa Giácomo no curta-metragem Florescendo, do Paramount+: atriz lança carreira internacional

IVES FERRO

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 8/3/2024 - 10h00

Vanessa Giácomo usou sua experiência em novelas e séries para atuar em Maré, curta-metragem que faz parte da antologia Florescendo (In Bloom) e tem diálogos em inglês e português. A artista se lançou em carreira internacional logo no primeiro trabalho após o fim de seu contrato com a Globo, encerrado com Travessia (2022). Na história disponível no Paramount+, ela dá voz a uma mulher vítima de violência doméstica.

Em apenas 10 minutos, Vanessa e a diretora Giuliana Monteiro tiveram o desafio de contar uma história que precisava ser simples, delicada, forte e que pudesse atingir pessoas do mundo inteiro. A mãe interpretada pela atriz é uma mulher que pouco fala, mas se expressa muito com o corpo. Nos primeiros segundos, ela mostra marcas de agressão e se encara no espelho.

A sequência milimetricamente pensada é suficiente para passar a mensagem. A mulher tem dois filhos, um menino e uma menina, que reproduzem comportamentos do pai e da mãe. Vanessa transparece a violência sofrida apenas pelo olhar, enquanto os pequenos dão voz à crítica social.

Em entrevista ao Notícias da TV, a artista revela que seu maior conflito foi transmitir os sentimentos da personagem sem precisar necessariamente verbalizá-los. "Pensamos muito, porque muitas vezes eu não iria falar, então fomos muito cirúrgicas", conta.

"Precisava passar essa mensagem de forma muito delicada, e a Giu tem esse olhar com a câmera, com o olhar. Tínhamos que tomar cuidado para que essa mulher não tivesse um padrão de vida alto, porque qualquer um está sujeito a passar por esse tipo de violência", acrescenta.

Foi o primeiro trabalho que eu fiz quando meu contrato se encerrou com a Globo, então eu queria algo muito especial. A princípio, recebi a ligação uma semana depois de terminar uma novela. E eu sabia que a personagem precisaria de muitas camadas e de uma complexidade.

A atriz construiu a mãe de Maré com nuances de personagens conhecidos pelo público, como a Malvina, do remake de Gabriela (2012). Na novela de Walcyr Carrasco, Vanessa viveu uma mulher nos anos 1920 que sofria agressão física do próprio pai --ela se inspirou na avó materna.

"Fui criada por duas mulheres maravilhosas. Minha mãe sempre me mostrou a ter força, mas ela era muito calada. Minha avó era diferente. Ela respondia meu avô na frente de todos e me dizia: 'Nunca deixe ninguém te tratar assim'. Eu tive essa vivência, mas levo para minha vida sempre, para sempre me lembrar desse discurso das duas", diz.

Por que Vanessa Giácomo?

A diretora Giuliana Monteiro pensou em Vanessa Giácomo assim que soube a história que precisaria contar. Maré faz parte da coletânea Florescendo, que possui cinco curtas-metragens dirigidos por cinco mulheres de países diferentes. Apesar de individuais, as tramas conversam entre si.

"Eu me senti identificada com esse tema, sempre com a responsabilidade de representar um país tão diverso e plural quanto o Brasil. Quando é um projeto internacional, sabemos que muitas pessoas vão ver o Brasil ali. É importante para mim falar de violência de gênero, mas não apenas pontuar a violência física", explica Giuliana à reportagem.

"Aconteceram coisas durante o processo de escrita, conhecendo mulheres que estavam passando por situações assim, que fizeram com que essa personagem tomasse vida. Histórias se cruzaram, isso estava acontecendo na minha frente", descreve a diretora, que também roteirizou o curta gravado na Cidade do Cabo, na África do Sul.

"Encontrar uma pessoa que fosse sensível para a personagem foi um match, porque não tínhamos muito tempo. Precisava de alguém que entendesse essa mulher, e a Vanessa conseguiu entender todas as camadas dessa mulher. Ela transformou o olhar, a linguagem corporal, e também a dificuldade dessa produção de acontecer em um país com outro idioma", conclui.


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