ÁGUA PARA ELEFANTES
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Gabriel Olivera de Paula Costa está em cartaz na Broadway com o musical Water for Elephants
O teatro musical brasileiro atravessa um momento especial, com um número recorde de produções nos últimos anos. Todo ator, no entanto, sonha em subir nos palcos da Broadway, a meca dos espetáculos mundiais. O gaúcho Gabriel Olivera de Paula Costa, de 30 anos, conseguiu chegar lá --curiosamente, meio por acaso: ele era artista de circo antes de fazer sua estreia no espetáculo Water for Elephants, indicado a sete prêmios no Tony 2024.
O musical, inspirado no filme Água para Elefantes (2011) e no livro homônimo de Sara Gruen, conta a história de Jacob Jankowski (Grant Gustin, de The Flash), um homem que abandona a faculdade de Veterinária após ser pego de surpresa pela morte dos pais. Sem rumo na vida, ele se junta a uma trupe mambembe para cuidar dos animais e acaba se envolvendo com Marlena (Isabelle McCalla), estrela do espetáculo e casada com o dono do circo.
Como a peça mistura números musicais com apresentações circenses, o elenco é formado tanto por atores quanto por artistas do picadeiro. E é aí que Gabriel entra: com passagem por vários espetáculos, inclusive do Cirque du Soleil, ele foi chamado para compor o elenco de Water for Elephants. A Broadway é o apogeu de uma longa jornada que ele nunca imaginou traçar.
"Eu comecei no parkour no Rio Grande do Sul, quando tinha meus 13 ou 14 anos. Como gostava de dar mortal e fazer acrobacias, fiz uma audição para o Grupo Tholl [trupe circense de Pelotas] e passei. Aí, comecei a me apresentar, fazer shows, participei do Natal Luz [espetáculo clássico de Gramado]", lista Olivera em conversa exclusiva com o Notícias da TV.
"Depois, fui para a Escola Nacional de Teatro, no Rio de Janeiro, e fiz minha graduação em Artes Circenses. Ali, aprendi várias habilidades, me abriu portas para muitas disciplinas de circo. Foi incrível! E, antes mesmo de concluir minha graduação, eu já estava com um contrato para me apresentar na Finlândia. Minha primeira viagem internacional, já trabalhando", lembra.
"Fui para a Finlândia, depois para a Inglaterra, retornei para o Brasil... Essa vida de circo, né? Você vai, volta, vai, volta, nunca para em um lugar só (risos)", brinca o artista, bem-humorado.
divulgaÇão/matthew murphy
Gabriel (ao fundo) com Wade McCollum em cena do musical
No Brasil, ele foi convidado a fazer um teste para o Cirque du Soleil. Era para o espetáculo Paramour, que tinha passado pela Broadway entre 2016 e 2017 e, na época, havia migrado para a Europa. "Dois meses depois, eles me chamaram para entrar para o elenco na Alemanha. O Cirque sempre foi meu sonho, aceitei na hora! E foi ótimo, porque já tinha essa questão de ser meio musical, meio circense, igual Water for Elephants. É engraçado que eu não sou ator de musicais, mas já estou no meu segundo. Estou gostando bastante!"
Modesto, Gabriel Olivera de Paula Costa não se considera um cantor profissional, apesar de soltar a voz como parte do coro do musical. "Eu tento, né? (risos). Toco violão desde os 14 anos, até canto, sempre gostei. Mas não no nível dos atores. Os cantores da Broadway são uma coisa absurda!", elogia.
Se o brasileiro não se considera tão bom cantor quanto seus colegas de elenco, é inegável que os atores jamais seriam capazes de fazer o que ele apresenta no espetáculo --em uma passagem marcante do musical, ele escala um mastro chinês e, de cabeça para baixo, escorrega pelo poste de uma vez só, parando a poucos centímetros de uma colisão com o chão.
Confira ensaio do momento, divulgado pelo perfil oficial do musical:
Seria o número mais difícil de seu repertório? "Olha, é complicado classificar o que é difícil ou não (risos). A gente faz isso há tantos anos, tem tanta técnica, que vai ficando mais fácil. O difícil para mim é a quantidade de vezes que preciso repetir, porque são oito apresentações por semana. Meu objetivo é ficar saudável e forte, para manter o nível e fazer tudo sem risco de lesão."
Por ser sua estreia na Broadway, Gabriel também enfrenta uma cobrança inesperada para performar no auge de sua habilidade. "Acho que tem muita pressão, né? Não dos outros, mas uma pressão de mim mesmo. Tem muita gente envolvida, é muita gente na plateia... E é a Broadway! Às vezes, eu até me belisco para ver se isso está acontecendo mesmo", valoriza.
Em cartaz desde fevereiro, a peça concorre a sete prêmios Tony, inclusive melhor musical, direção (Jessica Stone), roteiro (Rick Elice) e coreografia (Shana Carroll e Jesse Robb). Especula-se que a produção tenha custado US$ 25 milhões (R$ 134 milhões, na cotação atual), o que a tornaria o espetáculo mais caro da atual temporada na Broadway.
O Tony Awards 2024 acontece neste domingo (16), em Nova York. No Brasil, o canal pago Film&Arts transmite a cerimônia a partir das 21h. Um brasileiro já venceu a estatueta máxima do teatro norte-americano: em 2008, Paulo Szot foi premiado como melhor ator de musical sua atuação em South Pacific.
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