NAYARA VÊNANCIO
Reprodução/Instagram
Nayara Venâncio caracterizada como Nala e nos bastidores: O Rei Leão traz poder do povo preto
Em março deste ano, Nayara Venâncio virou um fenômeno entre os fãs do teatro musical ao interpretar Nessarose na montagem de Wicked. Seis meses depois, ela já tinha trocado o mundo de Oz pelas savanas da África na pele de Nala, par romântico de Simba em O Rei Leão. Para ela, mergulhar no universo da animação da Disney é como revisitar suas origens.
O Rei Leão, afinal, é um dos espetáculos da Broadway que mais traz diversidade em seu elenco --boa parte dos atores é preta. No Brasil, artistas africanos se juntaram aos brasileiros para, entre outras coisas, assegurar que os versos no idioma zulu sejam cantados de maneira correta.
"Isso é muito poderoso e muito louco. Porque é como encontrar uma parte da minha família. Eu estou com essas pessoas há dois meses, mas parece que já as conhecia a minha vida inteira. São pessoas de todas as partes do mundo que compõem esse elenco, mas as vivências são tão parecidas. É como se a gente fizesse parte de uma grande família", diz a atriz ao Notícias da TV.
Eu levo como uma responsabilidade e uma missão saber que, todos os dias em que subo no palco, vou inspirar alguém. Posso inspirar uma menina preta a ver que ela é muito mais do que a sociedade pensa dela. Nós somos mais do que esse pensamento marginalizado que as pessoas têm sobre o povo preto. Nós somos reis, rainhas, guerreiros. Eu me sinto privilegiada de estar aqui, com essas pessoas que vieram do Brasil inteiro, e do mundo inteiro, para contar essa história.
A própria Nayara entrou para o elenco no lugar da sul-africana Nokwanda Khuzwayo --que precisou assumir o papel de Nala às pressas depois que Jeniffer Nascimento, originalmente escalada, revelou que estava grávida pela primeira vez. A estrangeira viveu a leoa até que Nayara cumprisse todos os seus compromissos com Wicked e pudesse migrar para O Rei Leão.
A atriz conta que teve apenas uma semana para tirar Nessarose de seu sistema e mergulhar de vez em Nala. "Eu até achei que precisaria conciliar a temporada de Wicked com os ensaios, mas deu tudo certo. Os [produtores] gringos foram muito específicos em dizer que queriam que eu terminasse lá antes de vir para cá. Não pediram que eu quebrasse contrato, saísse antes da hora, nada disso. O que foi ótimo, porque eu gosto de fechar ciclos, de viver intensamente, então pude aproveitar esse final de Wicked", valoriza.
Por outro lado, viver Nessarose até a última sessão também significou que Nayara ficou de fora de todos os laboratórios e da preparação do resto do elenco de O Rei Leão. "A sensação é de que eu perdi o bonde e agora preciso correr atrás dele (risos). Parece que eu caí de paraquedas, sabe? O mercado de teatro musical é bem fast [rápido], tudo tem que ser para ontem. É bem difícil chegar depois do processo, das leituras. Porque é um nascimento, tem a gestação e depois você entrega para o mundo. E eu não tive nada disso!"
"Mas, graças a Deus, eu fui bem amparada, as pessoas me acolheram muito. O resto do elenco, a equipe. Nos ensaios, quando eu estava lutando para pegar tudo, sempre chegava alguém e me falava: 'Olha, aqui o diretor contou essa história para a gente, nesse momento a personagem está passando por isso'. As pessoas realmente me inseriram, porque eu estava totalmente por fora."
Nayara cai na risada quando é questionada pela reportagem como faz para encontrar sua "animalidade interior" --afinal, ela está interpretando uma leoa. "A Nala é a princesa da Disney mais peculiar que existe, né? (risos) Ela caça, luta, é engraçado isso. Eu ainda estou buscando essa fera, mas acho que é algo que todo mundo tem. Só precisa virar a chavinha e colocar para fora!"
A atriz também admite que já era fanática pelo desenho de 1994 muito antes de ser escalada para o musical. "Hakuna Matata, quem nunca? É um filme que esteve na infância de todos. Quando eu vim assistir a uma prévia, na minha preparação, a plateia só tinha adultos. Mas eu vi o teatro inteiro se transformar em criança, cantando, batendo palminha e balançando a cabeça junto para lá e para cá (risos). O filme marcou uma geração, e agora a gente pode levar essa mensagem para crianças que talvez não viram o desenho."
O Rei Leão está em cartaz no Teatro Renault (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - Bela Vista, São Paulo), com sessões às 20h de quartas, quintas e sextas, e às 15h e às 20h de sábados e domingos. Os ingressos custam a partir de R$ 100.
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