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NÀNA PÁUVOLIH

Perseguida por romances eróticos, autora terminou casamento por ciúme do ex

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Nàna Pauvolih está sorrindo, em selfie publicada no Facebook

Nàna Pauvolih: escritora de livros eróticos elogia saga Cinquenta Tons de Cinza (2015)

IVES FERRO

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 7/10/2023 - 7h00

Nàna Páuvolih começou a escrever livros de histórias eróticas antes mesmo do fenômeno Cinquenta Tons de Cinza (2015), que fez tanto sucesso que virou filme em Hollywood. A autora enfrentou preconceito da classe literária e até de sua própria família: ela terminou o casamento de 19 anos por ciúme do ex, que a fez escolher entre o relacionamento e seu sonho de ser escritora.

"Ele achou que eu iria misturar as coisas, porque existem homens que me seguem e recebia mensagens deles, uma besteira. Nós nos separamos, não deu certo. Chegou ao ponto de ele dizer: 'Escolha eu ou seu trabalho'. E eu escolhi seguir em frente com meu sonho", conta Nàna ao Notícias da TV.

"Depois, conheci meu atual marido e é totalmente o contrário, ele adora me acompanhar nos eventos e lançamentos", completa ela, que também já foi professora de História. "Minhas irmãs estranharam um pouco quando comecei a escrever, até por ser uma escrita muito clara. As pessoas ficaram meio chocadas, questionando se era realmente eu quem tinha escrito", afirma.

Autora das séries de sucesso Redenção e Segredos, que tiveram os direitos negociados para virarem produtos audiovisuais, Nàna revela que suas histórias e fantasias eróticas ajudam mulheres solteiras e casadas a redescobrirem o prazer sexual. É comum a escritora receber mensagens de agradecimento de fãs que deram uma guinada na vida após seus livros.

"O prazer de ler o romance erótico é fantasiar e saber do que essas mulheres gostam. Tenho muitas experiência de leitoras que chegaram para me contar que a vida sexual delas havia melhorado. [Elas dizem:] 'Hoje eu quero o prazer também'", alega, que também é abordada por homens:

Tem maridos que me procuram para dizer que o relacionamento melhorou após a leitura dos meus livros, dizem que dão criatividade para fazer coisas diferentes. As mulheres começaram a ter mais liberdade. Acho superválida essa abertura comigo e a melhora na libido.

Abaixo, confira a entrevista completa com a escritora Nàna Páuvolih:

NOTÍCIAS DA TV - Você é cobrada para criar personagens que não ferem o feminismo, não sejam machistas, entre outras causas sociais?
NÀNA PÁUVOLIH -
Quando falamos sobre as fantasias, estamos falando também sobre o inconsciente, uma coisa que mexe com o seu imaginário. Se um escritor escreve um livro de terror ou policial, por exemplo, ele precisa sair matando para criar o enredo dele e saber como é? Não. Falar de sexo é a mesma coisa, estamos abordando vários gostos e fantasias diferentes. Às vezes, uma palavra que colocamos somos tachados de abusivos, mas não é isso. Meus personagens reproduzem costumes de suas épocas e também ações que acontecem no dia a dia.

A gente fala besteira às vezes e depois pede desculpa, é normal. Não é machismo. Tem horas que é realmente um pouco chato ser apontada, é bem complicado. Não ligo também para quando me atacam no Twitter, deixei para lá o que rolou, porque às vezes até fazem propaganda para meu trabalho (risos). Tenho fãs que hoje vêm falar comigo e dizem que me conheceram após verem os outros falando mal de mim.

Sempre teve vontade de escrever livros eróticos? Como começou a ter esse interesse?
Fui professora de História durante muito tempo, trabalhava normalmente e tinha minha vida, mas achava que ninguém ia querer ler meus livros, até porque com o tempo foi se tornando um trabalho bem erótico. Pensava que não era muito comum a gente ter livros eróticos na estante, era bem difícil a gente achar em livraria para ler, geralmente tinha que pegar em biblioteca. Queria trabalhar com aquele erotismo, mas achava que não ia ter espaço. Mas aí veio Cinquenta Tons de Cinza, que fez muito sucesso. Ali, eu pensei: 'Tem público que gosta de erótico, sim!'.

Pesquisei algum site em que eu pudesse colocar a minha história e ver qual seria a reação das pessoas, então coloquei num site gratuito um trecho de um livro meu que é bem erótico. Apareceu um grupo lá pedindo mais. Quando vi, já tinha colocado o livro inteiro ali, então eu fiz o meu público pela internet primeiro. Comecei a disponibilizar o meu trabalho todo de graça em sites e blogs. As pessoas queriam cada vez mais, então fiz redes sociais e criei grupos. O negócio acabou crescendo. Em 2013, eu consegui lançar um livro em uma editora pequena.

Você acredita que houve aumento do público por conta das redes sociais, ou a onda de ataques ao gênero cresceu ainda mais?
Por mais que a gente pense que as pessoas estão avançadas, elas ainda têm uma tabela ali do que acham que pode ou não pode quando o assunto é sexo. Quando comecei nesse meio erótico, sofri bastante preconceito pelo fato de meu texto ser muito claro. Criou-se uma polêmica sobre o meu estilo de escrita, tinham pessoas que não gostavam e pediam para eu maneirar a linguagem. Lembro que quando a editora Rocco anunciou que eu faria parte do selo deles, teve um grupo de pessoas que entrou nas redes sociais desacreditados, porque eles são a casa de outras histórias como a saga Harry Potter e Jogos Vorazes. Diziam que era uma 'baixaria' e houve perseguição ao meu trabalho. Tudo mudou com Cinquenta Tons de Cinza. As pessoas podem falar o que quiserem, mas que abriu portas para o romance erótico, abriu.

Em 2016 e 2017, a coisa deu uma estabilizada nos ataques, mas eu sempre continuei com o meu jeito de escrever. Eu tenho um lado mais dramático, um pouco mais leve, e também tenho a escrita mais pesada. Uma série minha, que se chama Fetiches, é um exemplo disso.

O gênero literário do romance erótico evoluiu ou regrediu?
Parece que, depois da pandemia, o público jovem passou a ficar mais em casa e arriscou outros gêneros literários, começou a curtir também o erótico. Ao mesmo tempo, passou a controlar algumas coisas nas tramas, apontando o que é abusivo ou não. Hoje temos o romance dark, gênero mais pesado que bomba no TikTok.

Vejo com otimismo esse crescimento do romance erótico. Sempre terão os grupos que vão criticar, dizer que é mal escrito porque tem sexo ou putaria, mas eu continuo fazendo um trabalho bem feito com a minha escrita. O negócio é você saber como filtrar, porque isso não vai acabar.

Gostaria que a série Segredos fosse apenas série, ou filme também rolaria?
A história da família é uma saga. Cinco livros são histórias dos irmãos daquela família, e o último livro vai mostrar exatamente o que aconteceu em 1970, a história do pai e da mãe e como é que se criou toda aquela história de vingança. Já vou contando na história dos filhos o que aconteceu, mas sempre fica aquele segredo. Vejo realmente como uma série, porque é uma saga, e cada livro daria muita coisa.

Você apoia as mudanças nas histórias para a adaptação do audiovisual?
Apoio as mudanças, porque é um formato diferente. Quando a gente escreve um livro, é para um público específico, e o filme já é para um público muito maior. O filme ou série alcança muito mais pessoas. Então a gente tem que pensar como é que aquilo vai ser, como adequar ao audiovisual, e os pontos mais importantes para serem abordados, porque não dá para colocar tudo que tem no livro.

A gente coloca muitos pensamentos dos personagens, muitas emoções, coisa que com um filme é muito mais pincelado. Em Pecadora eu estou trabalhando bastante com a roteirista. A gente tem alguns pontos que ela vem e fala que é uma mudança, mas não é algo tão drástico na história, é uma coisa para melhorar. É bem legal, porque a experiência que eu tenho tido com eles é de muito respeito pelo meu trabalho.


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