Lembra dela? Ex-Malhação, Aisha Jambo se prepara para viver papel histórico

Longe da TV aberta desde O Rico e Lázaro (2017), da Record, Aisha Jambo viverá um papel histórico no streaming. A atriz, lembrada até hoje como Naomi, personagem que integrou três temporadas de Malhação (2000-2002), encarnará na ficção Mercedes Baptista (1921-2014), primeira bailarina e coreógrafa negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

O projeto, idealizado por Aisha em parceria com Alexandre Avancini, diretor com quem ela trabalhou em Os Dez Mandamentos (2015), nasceu em 2016, após uma roda de conversa com jovens do bairro Bom Sucesso, zona norte carioca. Na ocasião, a atriz estava terminando a graduação em Dança.

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Seis anos depois, a ideia ganhou força e passa, agora, a sair do papel. Pensada inicialmente como uma peça, a obra, que ainda não tem nome, virou um filme com a chegada de Avancini ao projeto. O excesso de conteúdo e a força histórica da bailarina transformaram o longa em uma série, que também será coproduzida e corroteirizada por Aisha, estreante no ofício.

Em entrevista ao Notícias da TV, a dupla conta que o primeiro passo foi adquirir os direitos da biografia de Mercedes, criada pelo doutor em Educação Paulo Melgaço da Silva Junior. A proposta é narrar a trajetória da bailarina em um pano de fundo que tange diversas artes além da dança, como música, artes plásticas, teatro e cultura afro-brasileira.

Nas próximas semanas, a produção será negociada com uma rede de streaming brasileiro. Além disso, a dupla cuidará também da escalação de outros nomes para o elenco e o roteiro. Nomes que já trabalharam com o diretor deverão integrar o projeto. Ao longo de sua carreira, Avancini dirigiu 19 novelas e quatro séries na Globo e na Record. 

Avancini também trabalha atualmente em um projeto para o cinema internacional sobre a Guerra da Ucrânia. No elenco, estão atores como Jessika Alves, Tammy Di Calafiori, Rayanne Morais, Cláudio Heinrich, Letícia Medina e Victor Pecoraro.

Por onde anda?

DIVULGAÇÃO/TV  GLOBO

Farofa (Eric Muller) e Naomi (Aisha Jambo)

Nesta semana, Aisha Jambo concluiu as gravações da terceira e quarta temporadas de A Divisão, série do Globoplay em que ela interpreta uma policial.

A trama narra o combate à onda de sequestros dos anos 1990 no Rio de Janeiro, e conta também com nomes como Roberta Rodrigues, Gabriel Godoy, Isabella Santoni, Cissa Guimarães e Marcelo Adnet. O ator, tradicional em papéis de humor, será um empresário que é sequestrado na história.

No ano passado, Aisha deu vida à dentista Thamires em Bugados, do Gloob canal infantil da Globo na TV paga. Ela também adianta que em outubro começará a filmar SOS Casamento, filme em que atuará ao lado de Bruno Garcia.

Apesar dos novos trabalhos, a atriz conta que ainda é lembrada por Naomi, sua personagem em Malhação. "Foi um trabalho que marcou muito e que cria até hoje fãs da nova geração porque era uma personagem empoderada", avalia Aisha.

Ela afirma que sempre se depara com pessoas que relatam que por conta da adolescente da trama teen aprenderam, à época, a soltar os cabelos ou parar de alisá-los. Outra personagem, também empoderada vivida por Aisha nos anos 2000 foi Sabina, a terapeuta de Dr. Julian (Felipe Camargo) em Alma Gêmea (2005), no ar em reprise no Canal Viva.

"Foi um personagem diferente, que tinha uma caracterização incrível e uma presença feminina negra muito forte", analisa a atriz. Na trama de Walcyr Carrasco, a personagem enfrenta o racismo ao se relacionar com Hélio (Erik Marmo) e ganha o apelido de "torradinha", termo que atualmente, para a atriz, seria problemático em uma novela atual.

Além de Malhação e Alma Gêmea, Aisha atuou em outras novelas da Globo, como Cabocla (2004), Paraíso (2009) e Insensato Coração (2011).

Quem foi Mercedes Baptista?

ARQUIVO NACIONAL/CORREIO DA MANHÃ

A bailarina Mercedes Baptista 

Mercedes Baptista foi a responsável pela criação do balé afro-brasileiro, inspirado nos terreiros de candomblé. Para Aisha Jambo, a artista tem a história de muitas mulheres brasileiras. 

Filha de mãe solteira e empregada doméstica, ela sonhava em ser bailarina, desde quando saiu do interior do Rio de Janeiro para a capital na primeira metade do século 20. Mesmo aprovada por seu mérito, teve que lidar com discriminação no meio em que atuou.

"Ela enfrentou muitas provas e desafios para poder entrar na escola de dança, quase perdeu a oportunidade, mas conseguiu, depois foi para o intercâmbio de Dança Moderna com pesquisa de movimento da cultura africana nos Estados Unidos e voltou, criando o próprio grupo", conta a atriz.

De acordo com ela, a história da bailarina levada ao ar como série ilustrará o sonho, a arte e a luta da mulher em uma sociedade que continua em transformação.