SILVIA WAIÃPI
DIVULGAÇÃO/AGÊNCIA CÂMARA e REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Silvia Waiãpi em foto recente, na Câmara dos Deputados, e como Crocoká em Uga Uga (2000)
A deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP), que teve seu mandato cassado após ser acusada de usar dinheiro público para fazer uma harmonização facial, trabalhou na Globo antes de entrar na política. Ela interpretou a indígena Crocoká em Uga Uga (2000), novela das sete protagonizada por Claudio Heinrich.
Escrita por Carlos Lombardi, a trama conta a história de Tatuapú, neto do dono de uma grandiosa fábrica de brinquedos que acaba perdido na Floresta Amazônica aos três anos. Ele é encontrado pelo pajé Anru (Roberto Bomfim) e criado como um legítimo indígena.
Aos 23 anos, porém, quando acaba encontrando o primo Rolando (Heitor Martinez), que disputa com ele a herança do avô. A partir daí, o jovem volta ao Rio de Janeiro e tenta se adaptar aos costumes urbanos.
Crocoká é uma das indígenas que convivem com Tatuapú enquanto ele ainda vive na floresta. Na trama, ela afastava os outros por conta da sua feiura. A atriz usava uma prótese dentária para a personagem.
O papel não foi o único de Silvia Waiãpi na TV: ela ainda participou da minissérie A Muralha (2000), da série A Cura (2010) e, mais recentemente, de Dois Irmãos (2017).
A cassação do mandato dela foi determinada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amapá nesta quarta (19). Eles acataram uma denúncia do Ministério Público Eleitoral do Estado, na qual uma ex-funcionária da deputada a acusou de ter gastado R$ 9 mil --parte do dinheiro recebido do fundo eleitoral-- para cobrir as despesas de um procedimento estético no rosto.
Maite Martins Mastop, ex-coordenadora da campanha de Silvia, relatou ter pago o procedimento em 2022. Em nota enviada ao jornal O Globo na época, o advogado da deputada disse que "os elementos constantes do noticiário são totalmente improcedentes, fruto de vingança pessoal e intrigas partidárias, bem como discriminação racial, dada a origem da declarante".
Ainda assim, a denúncia foi investigada pelo Tribunal Regional Eleitoral, que teria rejeitado a prestação de contas emitida pela própria parlamentar ao ser notificada da acusação. Com isso, a cassação dela foi determinada.
Em nota divulgada na noite de quarta-feira, a assessoria de Silvia Waiãpi disse ter recebido a notícia sobre a cassação da imprensa e afirmou que suas contas haviam sido julgadas e aprovadas previamente pelo TRE-AP.
Apesar de ter estudado Teatro na juventude, a atriz sonhava em seguir carreira pública. Ela conseguiu o primeiro posto em 2011, quando tornou-se a primeira indígena membro do Exército Brasileiro.
Silvia tem três formações: Fisioterapia; Política e Estratégia; e Liderança Estratégica, esta última pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Antes de ser deputada, ela ocupou o cargo de secretária de Saúde Indígena no governo de Jair Bolsonaro (PL) entre 2018 e 2022.
Ela também teve um cargo no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), órgão vinculado ao antigo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, liderado pela ex-ministra Damares Alves.
Antes de assumir o mandato na Câmara, Silvia Waiãpi foi investigada por endossar os atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. Segundo a Procuradoria-Geral da República, a parlamentar publicou vídeos com a destruição da capital federal e escreveu uma legenda sobre a tomada de poder nas redes sociais.
De acordo com o Gshow, Silvia nasceu na aldeia da etnia Wajãpi, no Amapá, mas foi adotada e registrada em Macapá, aos três anos, após sofrer um grave acidente. A indígena se tornou mãe aos 13 anos e, aos 14, decidiu abandonar a aldeia e se mudar para o Rio de Janeiro, onde passou por dificuldades e chegou a morar na rua.
Nas redes sociais, a deputada se descreve como "mãe, avó, indígena, militar, republicana e conservadora". Ela afirma também ser "defensora da mulher, da criança e da família" e "embaixadora da paz", além de deputada federal.
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