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PROCESSOU A BAND

Coach de finanças, Carol Dias guarda traumas da época de panicat: 'Faço terapia'

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Carol Dias tem os cabelos presos, está maquiada e olha para a câmera sem sorrir

Carol Dias em foto do Instagram; ex-panicat, ela deixou a TV para ser educadora de finanças

ANA BARDELLA

anabardella@noticiasdatv.com

Publicado em 19/3/2023 - 8h40

Com 7 milhões de seguidores no Instagram, Carol Dias atua como educadora financeira há três anos, mas iniciou a vida profissional de um jeito diferente. Participou de programas de TV e teve uma passagem de cinco anos pelo Pânico na Band (2012-2017). Pediu demissão por conflitos internos e demorou para definir novos rumos profissionais. Quando publicou seu primeiro vídeo sobre administração de bens, em 2019, revelou que atingiu um patrimônio de R$ 3 milhões. De lá para cá, lançou podcasts, um livro e serviços de consultoria na área. No entanto, o período conturbado como panicat ainda tem impacto no seu emocional. "Faço terapia", conta.

Em entrevista ao Notícias da TV, Carol relembra como chegou à televisão, elenca os problemas vividos no Pânico e conta como conseguiu fazer a transição de carreira.

A coach explica que seus pais, fundadores de uma empresa do setor têxtil, passaram por problemas financeiros durante a sua adolescência. "Até meus 12 anos, eles eram ricos. Depois, meu pai se envolveu com jogos e bebida. Ele se perdeu. Com 15 anos, o cenário já estava muito ruim. Eles faliram, e eu comecei a participar de eventos como modelo para ganhar dinheiro", lembra.

Apesar de ter iniciado duas faculdades, Nutrição e Educação Física, ela continuou atuando como modelo e não concluiu nenhum dos cursos. Em 2010, recebeu uma proposta para posar nua na revista Sexy e aceitou. Daí veio o convite para televisão. "Uma moça me ligou da Record e disse que o [Marcos] Mion tinha me visto e me achado bonita. Talvez tenha sido na capa da revista. Ela perguntou se eu não queria fazer um teste. Fiz e passei", diz.

Assim, começou como assistente de palco do apresentador no Legendários (2010-2017), logo que o programa estreou, quando tinha 23 anos. Dois anos depois, pediu as contas para morar nos Estados Unidos. Entretanto, voltou antes do previsto, quando recebeu a resposta positiva de um teste que tinha feito alguns meses antes, para entrar no Big Brother Brasil.

"Retornei para fazer a etapa final: o teste da cadeira elétrica, com a presença do Boninho [o diretor J.B. de Oliveira]. Cheguei a ficar em isolamento e a fazer exames de sangue para entrar na casa, mas descobri que só tinha passado para a lista de espera. Então, não entrei no programa", revela. Apesar da chateação, em 2013 recebeu o convite para integrar o time das panicats e aceitou.

Convivência com elenco do Pânico

Divulgação/carol dias

Carol Dias foi panicat durante cinco anos 

Carol admite que via muitos embates entre as panicats. "Televisão é assim, tem muita disputa de ego. Mas eu tinha uma relação tranquila com a maioria das meninas, era pacífica. O Emílio [Surita, apresentador] também era muito legal. Meu problema sempre foi com o diretor", assegura. Apesar de não citar o nome na entrevista, a coach se refere a Alan Rapp, que dirigiu a atração durante quatro anos.

"Ele não tinha a menor noção de como falar com as pessoas. Uma época eu engordei, mas estava só um pouco acima [do peso anterior], nada anormal. Ele me humilhava, chamava de gorda, feia, dizia que iria ser demitida, que iria me colocar na geladeira. Por causa disso, eu tive anorexia e bulimia. As palavras eram muito pesadas", conta.

Carol Dias faz parte de um grupo de ex-funcionários do Pânico na Band que processam a emissora. O caso dela corre em segredo de Justiça, e a ex-panicat prefere não dar detalhes sobre as acusações, mas afirma que em breve a sentença deve sair. Do elenco, outros integrantes já ganharam ações ou firmaram acordos para receber os valores devidos, entre eles o produtor Marcelo Picon, o Bolinha.

A coach permaneceu na equipe durante cinco anos. Questionada sobre os episódios mais problemáticos dos quais se lembra, ela cita o dia em que uma diretora gritou sobre seu corpo no palco. "Ela veio dizendo: 'Cartão vermelho! Tá com o corpo horroroso, se continuar assim vai ser mandada embora'. Isso nunca sai da minha cabeça", confessa. E relembra uma corrida de jegues que se recusou a cobrir. "Eu não faço nada relacionado a animais. Fui até lá, não gostei do que vi. Bati o pé e me neguei a fazer", alega.

Sobre o período, reflete: "Imagina você chegar em casa meia-noite, abrir o celular e ter uma mensagem do diretor do programa mandando print da celulite na sua bunda? Imagina o trauma que fica? Faço terapia, mas lido bem. Já fiz muitas dietas malucas, coisas que não eram corretas com o meu corpo. Hoje, vivo muito mais normalmente", resume.

Procurada pelo Notícias da TV, a Band não se manifestou sobre o processo de Carol Dias. A reportagem também entrou em contato por mensagem com Alan Rapp sobre os temas citados pela ex-panicat, mas não obteve retorno até a publicação. Caso as partes se manifestem, o texto será atualizado.

Contato com o mercado financeiro

Reprodução/instagram

Carol atua como educadora financeira desde 2019

Segundo Carol, o salário do Pânico não era bom. "Era ok, mas muito baixo pelo que a gente fazia. Nós éramos uma marca forte", avalia. Por isso, o montante que juntou veio de propagandas que eram feitas por fora. "Isso, sim, dava dinheiro. E eu sempre fui pé no chão. Via muita gente ostentando até o que não podia, mas eu sempre preferi guardar uma parte", aponta.

Graças às suas reservas, pôde passar um período estruturando o que gostaria de fazer quando deixou o programa, em 2017. "Tive um período para pensar sobre o que eu gosto. Pensei: 'Não sou economista, mas tenho dinheiro investido e posso ensinar a minha forma de fazer isso'. Então, eu e meu irmão [André Dias] decidimos fazer um projeto voltado para a educação financeira", relembra.

Em agosto de 2019, postou o primeiro vídeo sobre o assunto, contando como conseguiu chegar ao terceiro milhão. "Fui chamada de louca, inclusive por pessoas que trabalharam comigo no Pânico. Enfrentei muito preconceito: eu trabalhava de biquíni e, na visão das pessoas, aquilo significava ser burra. Mas não ouvi ninguém e segui meu propósito", afirma.

Para ter mais domínio sobre o assunto, Carol investiu na educação. "Cheguei a estudar cinco horas por dia, fiz cursos grandes. Tive que provar o meu conhecimento", explica. Gradualmente, mudou sua postura, a forma de falar e de se vestir. "Lancei um livro [Rumo à Riqueza, da Editora Gente], mantenho um canal no YouTube, criei um podcast e, aos poucos, fui colocando meu conhecimento em prática", diz. 

A ex-panicat prefere não revelar de quanto é seu patrimônio hoje, mas assegura que o valor é superior ao seu faturamento na televisão. Ela pretende continuar na área e tem projetos a serem lançados. "Meu próximo passo é criar cursos digitais para atingir cada vez mais pessoas", conclui.


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