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LUCIANA MALAVASI

Atriz vira diretora e coloca dedo na ferida de questões sociais: 'Incômodo particular'

Divulgação

Luciana Malavasi posa com expressão neutra diante de um fundo branco

Luciana Malavasi é atriz, jornalista. produtora e diretora do curta A Janela de Íris: arte para transformar

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 16/6/2024 - 16h58

A atriz Luciana Malavasi decidiu usar sua arte para construir uma sociedade melhor. Fundadora da Fantasia Filmes, ela roteirizou e dirigiu o curta-metragem A Janela de Íris (2023), premiado internacionalmente e que chegou recentemente ao streaming. A obra, baseada em fatos, retrata a vida de uma mulher em situação análoga à escravidão.

"Meus projetos têm nascido de incômodos muito particulares; então, mesmo que seja uma história toda fictícia, vai ter atravessamentos com a realidade. Estamos vivos, imersos nesse mundo que, muitas vezes, é cruel; não dá para separar muito", conta Luciana ao Notícias da TV.

"Filmarei ainda neste ano o curta O Novo Corpo, escrito e dirigido por mim, que é um exemplo disso que acabei de falar: o filme acontece em um mundo distópico, porém totalmente criado a partir de situações reais que estamos vivendo hoje", continua a cineasta.

A realidade e a distopia, afinal, não estão tão distantes assim. O Projeto de Lei 1904, que criminaliza o aborto e foi um dos temas mais debatidos na última semana, por exemplo, rendeu comparações com o universo da premiada série The Handmaid's Tale --inspirado no livro O Conto da Aia, de Margaret Atwood.

Luciana faz questão de trazer um olhar feminino para seus projetos, escalando o máximo de mulheres possíveis, na frente e atrás das câmeras. "Isso vem acontecendo naturalmente na minha carreira, desde quando produzia teatro. Sempre juntava amigas atrizes para a criação de projetos que falassem com o nosso universo."

"Acredito que agora, com a maturidade, veio junto uma visão de mundo mais ampla, mais politizada, mais necessária. Hoje, vejo essas narrativas quase como um instrumento social. A arte é tão incrível que permite aos artistas realizadores esse tipo de coisa", aponta a artista.

Ela ainda vê incoerências em alguns posicionamentos. "O mundo é estranho; nunca entenderei mulheres machistas, por exemplo. Prefiro achar que é falta de conhecimento histórico. Não tem justificativa plausível pra isso", aponta.

Com a maturidade de quem deseja manter sua visão artística intacta, Luciana valoriza a mudança de mercado provocada pelos streamings nos últimos anos --A Janela de Íris está disponível para locação no YouTube, na Amazon e no Google Play. "Antigamente, a TV aberta escolhia o conteúdo que o público ia consumir; hoje, é o público quem escolhe o que vai assistir."

"Acho que os streamings possibilitam hoje o acesso do público a esse tipo de conteúdo, e isso não existia antes. Acho maravilhoso, ainda mais quando falamos de cinema independente. Temas como esse têm que estar ao alcance de todos; afinal, é uma realidade mascarada que deve ser escancarada", diz.

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