DOBRADINHA DE MÃES
DIVULGAÇÃO/PARAMOUNT+
Tatiana Tiburcio como Edith na série Anderson Spider Silva: obra conta história de ex-lutador
Tatiana Tiburcio atualmente faz dobradinha na TV como mulheres importantes para protagonistas diferentes: ela vive a mãe de Aline (Barbara Reis) em Terra e Paixão, da Globo; e a tia de Anderson Silva (William Nascimento) na série Anderson Spider Silva, do Paramount+. Com poucas referências de pessoas negras na TV, a atriz diz que a abordagem de personagens pretos ainda é rasa e precisa evoluir muito. Segundo ela, a história do ex-lutador cumpre um papel social importante para a quebra de estereótipos.
Em Anderson Spider Silva, Tatiana interpreta Edith, tia dele que representa uma figura materna. A artista revelou que o encontro com Seu Jorge, que faz seu marido na trama, a fez refletir sobre o papel que os negros ocupam. O cantor a emocionou ao apontá-la como sua referência artística.
"Esse corpo negro fica dentro de um estado de isolamento. Quando somos visíveis a todos, é como se fôssemos únicos. Narrativas como essa quebram a ideia de que esse sujeito é um acaso, um exceção, mesmo que isso não seja verbalizado. A forma como é apresentado nos dá essa sensação, é de uma maneira muito subliminar", conta ela, em entrevista ao Notícias da TV.
"Partir dessa perspectiva pela qual nós lutamos na arte para ser representados é muito precioso. Isso é o que buscamos enquanto artistas pretos nesse país", acrescenta Tatiana.
Tivemos a possibilidade de colocar na tela uma história de vitória de um homem negro. No país em que vivemos, com a realidade que temos, isso é muito precioso. Contar a história de um sujeito íntegro e reto e também mostrar a história dessa família, porque ele é fruto de um coletivo.
Tatiana explica a importância das referências negras através de Ruth de Souza (1921-2019), com quem contracenou em Sinhá Moça (2006). A atriz de Terra e Paixão enxergava Ruth como um sonho a ser alcançado caso escolhesse a veia artística. Assim como a estrela da TV foi para Tatiana, ela se tornou a mesma figura para Seu Jorge.
"Uma vez fui fazer uma novela, e me disseram que eu teria uma sogra. Quando chegou a atriz, era a Ruth de Souza! A moça da porta do meu armário, que eu colei quando eu tinha 12 anos e ficava pensando 'vai que um dia eu possa ser uma atriz igual a essa mulher'", relembra.
"Isso mostra como é importante nós sermos e termos essas referências por perto. Mais importante ainda é ter a oportunidade, através de narrativas construídas com esse olhar, de dividir as nossas experiências profissionais com outras referências. Isso fortalece ambas as partes, é fundamental. Na escola vemos isso, mas não estamos nos livros ainda. Quando nos encontramos, é como se estivéssemos afirmando que nós existimos", conclui.
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