DORINHA DUVAL
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
A atriz Dorinha Duval em Selva de Pedra (1972); ela matou o marido e foi levada a julgamentos
Uma atriz que ficou famosa por seus trabalhos na Globo chocou o Brasil ao aparecer no noticiário policial. Dorinha Duval, que atuou em produções como O Bem-Amado (1973) e Selva de Pedra (1972), matou o marido a tiros durante uma briga. Ela passou por dois julgamentos, foi condenada e cumpriu sua pena.
Dorinha começou a carreira como vedete no teatro de revista nos anos 1950 e estreou na TV na novela Verão Vermelho (1969), da Globo. Na sequência, atuou em produções importantes da emissora, como Irmãos Coragem (1970), Minha Doce Namorada (1971), Selva de Pedra (1972) e O Bem-Amado (1973), em que interpretou Dulcinéia, uma das três irmãs da família Cajazeira.
A atriz ainda fez parte do elenco do Sítio do Picapau Amarelo. Entre 1977 e 1980, ela viveu a Cuca no programa infantil. No entanto, a carreira dela foi interrompida em 5 de outubro de 1980. Durante uma discussão, a atriz disparou tiros contra o marido, Paulo Sérgio Garcia de Alcântara, que morreu na hora.
De acordo com reportagem da revista Manchete, Dorinha e Alcântara não se davam bem e tinham brigas frequentes. Ele era viciado em jogo, e a atriz já estava muito irritada com isso, porque era ela quem arcava com as dívidas que ele fazia. Além disso, Dorinha tinha ciúme do marido: ele lidava com belas modelos em seu emprego na agência de publicidade de Carlos Manga (1928-2015), cargo que a própria atriz tinha conseguido para Alcântara.
Segundo relato de Dorinha, publicado em seu livro Em Busca da Luz - Memórias de Dorinha Duval, o marido teria dito a ela: "Você está velha, feia, gorda. Você já era. Porque eu não quero nada com uma velha como você. Vê se se olha no espelho! Você acha que eu vou querer alguma coisa contigo?".
O Paulo me deu vários tapas e pontapés, eu ameacei me matar, e ele disse que seria uma ótima ideia e que a arma estava na gaveta. Após ser atingida por um tapa na região da cabeça, fugi dele, peguei a arma e disparei. Daí tudo ficou escuro na minha frente. Só me lembro de ver o Paulo caído, ensanguentado.
Dorinha chegou a levar o corpo para um hospital, com ajuda de amigos, mas o marido já chegou morto. Ela respondeu ao processo pelo assassinato em liberdade e passou por dois julgamentos. No primeiro, em 1983, o júri entendeu que a artista havia agido em legítima defesa e determinou condenação a um ano e seis meses de prisão por excesso culposo (por se ter excedido nos meios empregados na legítima defesa).
No entanto, desembargadores anularam esse julgamento por acreditarem que houve suspeição dos jurados e problemas nas perguntas feitas na sala secreta. No segundo julgamento, em 1989, Dorinha foi condenada a seis anos de prisão por homicídio sem agravantes. A atriz cumpriu pena em Niterói, no Rio de Janeiro, inicialmente em regime semiaberto. Após nove meses, foi para o regime aberto.
Ela cumpriu sua pena e se tornou artista plástica. Dorinha deu entrevista à Folha de S.Paulo em 2001 e afirmou que seguiu contratada pela Globo mesmo após o crime. "Sou muito grata à Globo pelo salário e plano de assistência médica, que inclui até a cremação de meu corpo", revelou.
O último trabalho de Dorinha na televisão foi uma participação especial no último capítulo de Belíssima, em 2006, como ela mesma. A atriz está atualmente com 94 anos e vive no Rio de Janeiro.
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
TUDO SOBRE
Por Onde Anda?
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.