MARINA MIRANDA
REPRODUÇÃO/RECORD
Marina Miranda como Vó Zita em Prova de Amor (2005), na Record; atriz internada
Marina Miranda, 90 anos, conhecida por ter interpretado Dona Mandala na Escolinha do Professor Raimundo (1990-1995), foi hospitalizada pesando apenas 40 kg. Internada no Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, no Rio de Janeiro, a veterana está em coma por complicações do Alzheimer e seu estado é considerado irreversível.
"Ela está com uma escara bem grande na terceira derme, uma infecção nessa escara, infecção urinária e infecção no pulmão. Ela já está com a sonda que precisava para se alimentar, pois está com 40 kg. Ela mede 1,73 m. Então, o estado dela é cadavérico", desabafa Sylvia Miranda, filha da humorista.
"A assistente social chamou as minhas irmãs e falou na nossa cara: 'ela está cadavérica. Nós não temos como tratá-la. Ela tem que ser removida'. Não me pergunte como [ela chegou nesse estado]. Eu não convivo com ela. Lutei muito para ficar com ela. Infelizmente, não consegui. Não vou brigar agora e não vou discutir sobre isso [com a família]", diz ao Notícias da TV.
Sylvia, de 44 anos, tem uma relação conturbada com as irmãs (Glaucia e Priscila), responsáveis pela mãe. No passado, ela pediu a guarda da genitora, mas perdeu na Justiça. Em 2020, a comediante viveu um drama ao ser retirada de seu apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro, por morar em meio ao lixo. Segundo denúncia feita pela herdeira na ocasião, uma das irmãs virou acumuladora compulsiva, o que causou todo o transtorno.
A jornalista, no entanto, conseguiu uma ordem judicial para visitar a mãe, que passou a viver com as outras filhas em um apartamento no bairro de Botafogo. Lá, ela seguia sendo monitorada por uma assistente social e, segundo, Sylvia, estava em um "lugar limpo". No entanto, na sexta-feira (17), ela foi surpreendida pelas irmãs com a notícia de que a mãe havia tido um apagão.
"Eu não moro com a minha mãe. Elas [as irmãs] que moram. Na sexta-feira, deu um apagão na minha mãe, minha irmã ficou apavorada e chamou a ambulância. Ela foi levada para Unidade de Pronto Atendimento de Copacabana. O apagão foi do Alzheimer: a pessoa entra num sono e não acorda. O coma dela não é induzido, nem por remédios. Ela simplesmente não acorda. Entrou numa depressão e não acorda", explica.
A partir daí, a família se mobilizou para conseguir a transferência de Marina. Nesta segunda-feira (20), Sylvia noticiou que a mãe havia sido removida para o Hospital Miguel Couto. No entanto, as irmãs querem que a atriz seja tratada em um hospital particular.
reprodução/Viva
Marina na Escolinha (1990-1995)
Como a artista não tem plano de saúde, as irmãs permitiram que Sylvia mobilizasse suas redes sociais em apelos por Marina. É ela também quem está atrás de amigos da classe artística em busca de apoio. Graças aos seus pedidos, Lucio Mauro Filho e Helio de La Peña já prestaram solidariedade.
"Lucinho é como se fosse um irmão. Fomos criados juntos. Hélio também está envolvido nisso e ajudando. Ele mandou uma médica lá [no hospital]. Mas ela falou a mesma coisa: o estado é irreversível. Eu quebrei a minha crista e fui na internet falar. Acho que não é hora de orgulho ou de briga [de família]. Meu foco é minha mãe e o hospital particular", reitera.
Ao Notícias da TV, Mauro e Peña se manifestaram sobre o estado de saúde da veterana. "Estamos todos unindo forças para que nossa querida Marina possa ter dignidade neste momento. É uma grande dama da comédia brasileira", destaca o herdeiro de Lúcio Mauro (1927-2019).
"A Sylvia me procurou porque estávamos em contato. Sou fã da sua mãe, uma mulher preta pioneira no humor irreverente, iconoclasta e abusado. Tento ajudá-la no que está ao meu alcance. Indiquei uma médica amiga pra ajudar a confortá-la nesse momento difícil. Marina alegrou muito a minha infância. Era uma das raras referências de mulher negra no humor. Tenho o maior respeito e admiração por ela", enaltece La Peña.
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo Hospital Municipal Miguel Couto. Em nota, eles informaram que o quadro da artista é preocupante. "A direção do Centro de Emergência Regional [CER] Leblon informa que Marina Miranda está recebendo todos os cuidados necessários e seu estado de saúde é considerado grave", comunica.
Por ter ido às redes sociais clamar por auxílio e expor que Marina estava debilitada, Sylvia passou a ser alvo de críticas e fake news. "Até ameaça de morte estou recebendo no Instagram, porque estão falando que matamos a nossa mãe e que vamos brigar pelo dinheiro", lamenta.
"Falam: 'você matou sua mãe' e 'você a deixou no lixo'. Eu não moro com a minha mãe há quatro anos por causa dessa briga judicial com as minhas irmãs. Não tenho culpa disso", ressalta.
Para Sylvia, o momento agora é de se esforçar para que a atriz tenha o melhor atendimento nessa fase da vida. "Ela é um ícone. É uma artista que abriu portas para várias pessoas do humor que estão aí hoje", destaca.
"Minha mãe trabalhou com Oscarito [1906-1970], Grande Otelo [1915-1933], Chico Anysio [1931-2012], Os Trapalhões [1966-1995] e com Jorge Lafond [1952-2003]. Só com os grandes. Agora, ela precisa de ajuda", finaliza.
Marina ficou famosa a partir de 1971, participando de humorísticos como Escolinha do Professor Raimundo e Os Trapalhões (1966-1995). Seus trabalhos recentes na televisão foram nas novelas Os Mutantes (2008) e Prova de Amor (2005), ambas na Record.
Veja publicações de Sylvia Miranda sobre a mãe:
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