NA CHON!
Reprodução/TV Globo
Aracy Balabanian como dona Armênia em Rainha da Sucata (1990); personagem voltou em 1992
Morta nesta segunda-feira (7), aos 83 anos, Aracy Balabanian (1940-2023) teve muitas personagens marcantes além da Cassandra de Sai de Baixo (1996-2002; 2013). Uma das mais populares foi dona Armênia, de Rainha da Sucata (1990). O sucesso da imigrante irritou a comunidade de armênios e fez o autor Silvio de Abreu desafiar a lógica ao trazê-la de volta dois anos depois.
Apesar de ser filha de armênios que vieram para o Brasil fugindo do genocídio promovido pelos turcos otomanos no início do século passado, Aracy não caiu nas graças da sua comunidade quando apareceu em Rainha da Sucata com um sotaque exagerado, chamando seus três filhos de "minhas filhinhas" e ameaçando botar o prédio "na chon".
"Os armênios eram contra. [Para eles,] Era um deboche, diziam que não falavam daquele jeito", recordou Aracy durante uma participação no Vídeo Show (1983-2019) em 2017. Apresentador do programa, Otaviano Costa questionou como seria a aceitação da personagem na era da internet e das redes sociais. "Eu seria crucificada", admitiu a intérprete.
Os armênios, porém, foram os únicos que não gostaram de dona Armênia. A personagem caiu tanto no gosto do público que Silvio de Abreu decidiu trazê-la de volta em sua próxima novela, em Deus nos Acuda (1992). Com ela, retornaram "as três filhinhas": Gera (Marcello Novaes), Gérson (Gerson Brenner) e Gino (Jandir Ferrari).
A reaparição da personagem, porém, gerou alguns problemas de coerência, já que outros atores de Rainha da Sucata também estavam em Deus nos Acuda, mas com personagens diferentes. Como explicar que a dançarina de cabaré Adriana Ross havia se transformado na trapaceira Maria Escandalosa (ambas interpretadas por Claudia Raia)?
Além disso, por que a fogosa Nicinha tinha virado a tímida e míope Valquíria (Marisa Orth)? Só Glória Menezes tinha um trabalho mais fácil, já que deu vida a peruas nas duas tramas: a vilã Laurinha Figueroa e a esfuziante Baby Bueno, respectivamente.
Silvio de Abreu copiou seu próprio artifício de repetir um personagem popular em Belíssima (2005). A novela trouxe de volta Jamanta (Cacá Amaral), que havia feito sua estreia em Torre de Babel (1998).
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