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À FRENTE DO TEMPO

Aracu, na chón e laquê: Como meme, Aracy Balabanian antecipou era dos virais

ELIANA RODRIGUES/TV GLOBO

A atriz Aracy Balabanian como Cassandra vestida de galinha azul em Sai de Baixo

Cassandra (Aracy Balabanian) em Sai de Baixo; atriz foi uma artista viral antes mesmo dos memes

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 8/8/2023 - 6h30

Aos 83 anos, Aracy Balabanian (1940-2023) deixa um legado que vai muito além da teledramaturgia, com mais de 50 trabalhos ao longo de seis décadas. A atriz também se tornou um dos sinônimos para meme --muito antes da palavra ou mesmo da internet entrar para o cotidiano dos brasileiros. Ela, por exemplo, já era um "conteúdo viral" com Vila Sésamo (1972-1977) –muito antes de a expressão cair na boca do povo com correntes e vídeos enviados por e-mail nos anos 1990.

A própria ideia de meme --uma unidade mínima de informação que se repete e se perpetua infinitamente-- é propriamente mais antiga do que a era digital. Os filósofos gregos abordavam o tema na Antiguidade, séculos antes de o filósofo francês Paul Ricoeur (1913-2005) descrever o que seria contemporaneamente a linguagem memética na década de 1990.

Aracy, no entanto, já era um meme nos anos 1970, quando interpretou a Gabriela na versão brasileira de Vila Sésamo. O sucesso do programa foi tamanho que ela chegou posteriormente a ser apontada como "a primeira Xuxa" da televisão brasileira.

As imagens dela contracenando com uma ave amarela de tamanhos dantescos infelizmente hoje são raras. Entretanto, a veterana voltaria a se tornar um fenômeno --a ponto de quase entrar para o dicionário-- interpretando a Dona Armênia de Rainha da Sucata (1990).

O bordão "na chón", em referência ao desejo da dona de casa de colocar abaixo um arranha-céu da história, até hoje pode ser ouvido na boca dos mais velhos pelas ruas. A expressão vira e mexe também servia como gatilho para arrancar risadas do público em Sai de Baixo (1996-2002; 2013).

As crises de riso de Aracy, quase todas exibidas pela sitcom, igualmente viralizam nas redes sociais mais de 20 anos depois. A veterana até confessou que as via como o seu ponto fraco, mas elas acabaram se tornando uma de suas marcas registradas como a perua Cassandra Mathias Sayão.

A personagem também popularizou de forma mimética o termo "laquê" para se referir a fixador de cabelos. Até hoje é possível encontrar facilmente o produto utilizando a marca consagrada pelo humorístico.

Aracy ainda tinha diversas comunidades no Orkut dedicadas à megera Filomena Ferreto de A Próxima Vítima (1994), e perfis fakes repercutem em pleno 2023 as tiradas ácidas da vilã nas redes sociais. Os áudios da personagem igualmente se proliferam no TikTok.

Adirada Aracu

Lilia Cabral errou, mas acertou com sua homenagem a "adirada Aracu" (Reprodução/Instagram)

Aracy podia não ter uma presença tão forte nas redes sociais quanto Ary Fontoura, mas também se tornou diversos memes já com a web como conhecemos. Ela, no entanto, não precisava de muito esforço para viralizar. Apenas de um pequeno "acidente" com o seu nome ou o sobrenome de origem armênia.

Balabanian é frequentemente utilizado como sinônimo para qualquer topônimo que se assemelhe a um trava-língua que apareça nas plataformas. E o próprio Twitter registrou diversas homenagens à artista, como a "adirada aracu", que vem de um erro de digitação de Lilia Cabral ao homenageá-la no Instagram.


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