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SONHO DE MUITOS

Como entrar no BBB? Produtora de realities entrega segredos dos bastidores

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Foto do rosto de Juliette Freire no Big Brother Brasil, da Globo

Juliette Freire venceu o BBB 21; maquiadora conquistou milhões de fãs e se tornou cantora

GABRIELA RODRIGUES

gaby@noticiasdatv.com

Publicado em 15/1/2023 - 9h00

Entrar em realities como o BBB 23 está na lista de desejos de muitas pessoas. A possibilidade de faturar o prêmio em dinheiro e ainda se tornar conhecido nacionalmente faz com que anônimos enfrentem seletivas disputadas em busca de uma chance. Fernanda Carreira, produtora de elenco, conhece bem esse universo e explica o que é necessário para participar de programas do gênero.

Ao Notícias da TV, ela destaca que tudo depende do estilo de reality desejado. Se a pessoa tem o sonho de participar do MasterChef, por exemplo, cozinhar será o principal requisito, mas não o único.

"Em uma competição de culinária, além de saber cozinhar e ter todo o conhecimento sobre o tema, o candidato tem que mostrar o lado da personalidade. Precisa ter personalidade, tem que ter algum traço que se destaque para estar naquela atração", explica.

Apesar de personalidade ser um ponto importante na seleção, Fernanda diz que, em casos de realities de convivência como o Big Brother Brasil, é importante procurar por pessoas diferentes, desde as mais calmas até as mais explosivas.

A gente procura ter pessoas de diferentes personalidades, mas com traços em comum para que se tenha uma interação no primeiro momento. Quando estamos fazendo a seleção, nós vemos quais são as características, o que essas pessoas curtem ou não. Colocamos personalidades completamente opostas para ter um tempero, que são as picuinhas, aquelas pessoas que não levam desaforo para casa. O ideal é misturar.

Redes sociais

A produtora conta que grande parte do seu trabalho é feito, atualmente, por meio das redes sociais. Ela dá ênfase a TikTok, Instagram e Twitter, redes que podem revelar um pouco mais sobre o candidato.

"No primeiro momento, a gente faz a seleção buscando nas redes sociais, por isso é importante as pessoas terem cuidado com essas plataformas. Elas têm um papel fundamental na vida de um produtor de casting e para quem quer tentar a sorte em um reality show".

Virou a nossa vitrine. O Instagram, muitas vezes, é só uma camada do que a pessoa é. Às vezes ela até finge, mas, mesmo assim, a rede social se tornou uma das ferramentas que mais facilitam esse contato com as pessoas.

Na busca por novos talentos, Fernanda está sempre atenta aos perfis que se destacam e evita internautas com comportamentos suspeitos. Ela menciona o caso de Giovanna Leão, que participou da casa de vidro do BBB 23, teve tuítes antigos expostos e foi acusada de racismo.

É muito importante ter uma rede social organizada, uma preocupação com o que é postado. Os candidatos precisam ter noção de que a vida nessas plataformas também vai ser revirada. É importante ter consciência sobre o que você posta.

"Se aquilo lá não é mais um retrato do que ela pensa, por que deixar aquilo lá? Melhor apagar antes de se expor. Agora isso se virou contra ela. É muito importante as pessoas terem essa consciência de que a rede social pode, sim, ser um fator eliminatório. Te digo isso porque, na maioria dos realities que eu faço, existe uma checagem de redes sociais", revela.

Na seleção

Fernanda, que já trabalhou na seleção de participantes para diversos realities, como The Circle, Brincando com Fogo, Rio Shore, e Largados e Pelados, fica ligada em discursos problemáticos que podem surgir durante a seletiva.

"Eu não vou dar palco para pessoas racistas, homofóbicas, xenofóbicas, transfóbicas ou gordofóbicas. Se em um momento de conversa, eu percebo isso, eu não passo adiante. Se eu achar em uma rede social, também não tem vez. Eu penso como telespectadora também. Não quero ver certos tipos de pessoas na minha televisão", avalia.

A produtora aponta que a presença de pessoas diferentes nessas atrações reflete também na forma como o público consome determinado produto. Isso se estende para o confinamento, como quando um participante precisa conviver com outro que pensa de maneira oposta a ele.

Tem coisas que a gente não discutia justamente pela falta de diversidade nos programas, era restrito às pessoas brancas, com dinheiro. Quando a gente começa a botar elementos diferentes no mesmo espaço, as pessoas que não estavam acostumadas com aquele mundo começam a aprender e, muitas vezes, até por meio de um erro.

Para ela, o debate sobre diversidade e temas que antes não eram tratados dentro de realities podem causar um certo medo em quem deseja participar dessas atrações, mas aconselha:

"Não adianta fazer coach, isso não se sustenta por muito tempo. Muita gente esquece que está indo para um experimento. Depois de dias ou até horas, esquece que tem câmeras e um monte de gente assistindo. Acho que mais importante que se preocupar com o cancelamento é estar preocupado em mostrar quem é você e estar aberto a reconhecer que, como seres humanos, temos erros e acertos".

Ainda existe padrão?

Questionada se classe social ou aparência são importantes na hora da seleção, a produtora nega. Ela também rejeita que pessoas com menos privilégios financeiros sejam barradas no processo seletivo.

"Acho que depende do tipo do programa. A gente já viu alguns participantes de realities de culinária com origens mais humildes e no BBB também. Mas acho que tudo depende da própria pessoa, não existe nenhuma restrição em relação à pessoa ter que ser de classe social x, y ou z. Estamos buscando sempre manter um padrão de pessoas que vão enriquecer a convivência. A gente não olha para classe social. A pessoa tem que ter vivência", ressalta.

Sobre corpos padronizados, realmente, existe uma tendência [que eles sejam escolhidos]. Mas a gente vê que as coisas estão mudando. Quem trabalha do lado de cá luta, cada vez mais, para inserir pessoas em realities que talvez elas não teriam espaço. Eu sempre lutei para colocar o maior número de pessoas diversas em elencos.

"No The Circle, por exemplo, tivemos a Marina Gregory, que hoje em dia é uma estrela de reality show. Ela ganhou notoriedade. A gente lutou para dar visibilidade para uma mulher negra, plus size e confiante. No Brincando com Fogo você também já vê pessoas negras, brancas, altas, magras, mais cheias, não só saradonas. Essa também é uma forma de diversificar", acrescenta.

A gente vai tentando colocar pessoas com corpos diferentes, de áreas diferentes do Brasil. É uma coisa que não vai mudar de um dia para o outro, é uma construção, mas a gente já avançou muito. É um ritmo lento, eu concordo, mas é importante não desistir de dar espaço para todas as pessoas.

Experiência única

Fernanda avalia que, em muitos casos, o grande campeão de um reality não é aquele que ganha e enxerga nesses programas a possibilidade de muitas pessoas mudarem de vida.

"É uma experiência única, se a pessoa não for o Bil [que já participou do BBB e A Fazenda 13]. Tem que pensar se vale a pena, se vale a pena abrir mão do trabalho fixo. Para algumas pessoas valeu a pena. Tem gente que não ganha, mas vai para a mídia. Gil do Vigor não venceu o BBB, mas ganhou muito mais do que o prêmio. Às vezes o carisma tem o valor muito grande", opina.

A produtora, no entanto, não deixa de fazer um alerta importante para quem sonha em participar de um reality show: "Fuja de golpes".

"Toda vez que tem BBB tem alguma história de golpe. O golpista fala: 'Eu sou olheiro, você me paga'. Nenhuma produção vai cobrar dinheiro para a pessoa participar de seletiva. Esse é um alerta muito importante. Por mais que a gente fale, aparece muita gente caindo em golpe", completa.


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