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OPINIÃO

Terra e Paixão: Anely será mais uma versão cômica da mulher que gosta de sexo

Manoela Mello/TV Globo

Com máscara estilo Tiazinha, Tatá Werneck faz carão sexy em foto de Terra e Paixão

Tatá Werneck vai surfar na onda do OnlyFans como a Anely de Terra e Paixão; comédia com tema sério

FERNANDA CASSIM

fer_trc_@hotmail.com

Publicado em 5/5/2023 - 6h35

De lingerie preta, máscara e chicote: é assim que se apresentará a personagem Anely de Terra e Paixão, nova novela da Globo que estreia na próxima segunda-feira (8). Na narrativa, a personagem se mostra nas plataformas digitais para seus admiradores, prática que vem sendo difundida cada vez mais. Mas, embora se trate de um assunto bastante controverso, a escolhida para encarnar a figura é Tatá Werneck, que tem a comédia como marca registrada de seus trabalhos.

Embora o talento de Tatá seja indiscutível, o que se comprova pelo sucesso do Lady Night, mais uma vez o tesão feminino entra em cena como chiste. Em Amor à Vida (2013), a própria atriz arrancava gargalhadas do público com Valdirene, seu desejo de ficar famosa e sua liberdade sexual.

O que Anely e a vendedora de hot-dog têm em comum, além da intérprete? O tom de comédia que se dá às mulheres que optam por falar, viver e lucrar com o próprio tesão --e com o tesão alheio.

O riso é, sim, um componente do sexo, porque a própria vivência sexual precisa de um tom de divertimento para existir. Dizem, de fato, que o sexo é a "brincadeira do adulto" e que é por meio dele que deixamos toda a seriedade do mundo pra fora e podemos nos entreter, sem preocupações, entre quatro paredes. O que se coloca em pauta aqui é como a potência sexual da mulher brasileira tem sido representada na TV.

Quando pensamos em mulheres que puderam expressar o desejo sexual nas novelas brasileiras, relembramos personagens e cenas marcantes, como a de Paolla Oliveira caminhando sensualíssima como Danny Bond, garota de programa em Felizes para Sempre? (2015); ou de Carminha (Adriana Esteves), vilã de Avenida Brasil (2012) que buscava no amante e no marido o prazer quase insaciável; ou mesmo de Norminha, a grande esposa infiel representada por Dira Paes em Caminho das Índias (2009).

Prostituta, vilã, infiel, cômica: são essas as espinhas dorsais que têm sustentado as personagens que gostam de sexo na televisão brasileira. Às mocinhas, de fato, sobram os beijos apaixonados e as cenas românticas, como se elas também não fossem seres que merecem (e querem) gozar.

Esse fato lembra, inclusive, os lugares direcionados às mulheres transexuais nos programas de televisão e novelas brasileiras: sempre atreladas ao campo do humor e da prostituição, elas buscam, a duras penas, lugares ao sol para expressar a sexualidade tão humana quanto de qualquer outra pessoa.

Sem dúvida, Tatá Werneck trará muita diversão com a personagem Anely. Por outro lado, a representatividade da mulher moderna que quer que sua sexualidade seja levada a sério fica sufocada, alimentando ainda mais estereótipos de contenção do prazer feminino. Afinal, se gostarmos de sexo, assumiremos invariavelmente o papel de vilãs, prostitutas ou burlescas?

Espera-se que Walcyr Carrasco consiga nos surpreender --para além da comédia-- pela seriedade que o papel de Tatá Werneck carrega em Terra e Paixão.


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