VIOLÊNCIA PATRIMONIAL
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Larissa Manoela abriu mão de patrimônio construído ao longo de anos de carreira para ter liberdade
Larissa Manoela tem escancarado os conflitos de sua relação com os pais, Silvana Taques e Gilberto Elias, que supostamente omitiram informações sobre a fortuna milionária da filha para terem o controle não apenas de sua carreira, mas também de sua vida pessoal. O caso da artista de 22 anos mostra como situações familiares complexas podem ser um prato cheio para o desenvolvimento de traumas e doenças graves, como depressão e ansiedade. O primeiro passo para sair da teia é falar.
Livia Castelo Branco, psiquiatra da Holiste Psiquiatria, conta ao Notícias da TV que permanecer calado e sem suporte emocional diante de situações como abusos físicos e psicológicos pode deixar a pessoa vulnerável a outros tipos de violência, além de aumentar o risco de suicídio.
"A atitude mais comum de quem sofre a violência patrimonial é o silêncio, por medo ou vergonha de expor a situação, tanto por ambivalência (relação de amor e ódio com o abusador), quanto pelo temor de represálias e possíveis consequências a quem causou a violência. Estes sentimentos levam ao isolamento social, ansiedade e sintomas depressivos", explica ela.
A vítima nem sempre é capaz de perceber o problema por conta própria, mas isso pode acontecer em alguma situações: em circunstâncias muito extremas, como no caso de violência grave; ao se afastar da pessoa, quando o distanciamento possibilita que a situação seja vista por outro prisma; e no trabalho de psicoterapia, que permite o autoconhecimento.
Depoimentos de pessoas próximas e até de uma ex-funcionária da família da atriz apontaram que ela seria vítima de maus-tratos pela mãe. A psiquiatra diz que episódios traumáticos podem ser apagados da memória do paciente por conta do intenso sofrimento que os mesmos provocam.
"O mais frequente é que cenas ou falas específicas fiquem marcadas na memória e apareçam em pesadelos ou acabem repercutindo nas demais relações e escolhas de vida do indivíduo. Independentemente se são recordadas de modo consciente ou não, as marcas emocionais costumam ficar", pontua.
Muitas vezes, a angústia extravasa por meio de sintomas; por exemplo, doenças físicas, variações de humor ou crises de ansiedade. De qualquer forma, é um assunto particular que cabe apenas à atriz, e que a mesma pode compartilhar sigilosamente com a equipe que a acompanha.
A psiquiatra discorre que o estresse faz parte da vida, e em momentos mais delicados da nossa existência é frequente que surjam sintomas físicos e comportamentais como consequência da dificuldade de lidar com os problemas --dor de cabeça, insônia, nervosismo e dificuldade de concentração são algumas das possíveis consequências.
"Em caso de grandes conflitos, o acompanhamento psicológico é fundamental para o indivíduo ter suporte emocional, encontrar estratégias para enfrentar os problemas e receber auxílio para convocar outras fontes de apoio, o que reduz os desconfortos corporais e afetivos", indica.
A violência patrimonial ocorre quando alguém se apropria do dinheiro ou dos bens de um indivíduo, alegando que o mesmo não sabe ou não tem condições de gerir o próprio patrimônio, ou controla/destrói itens de valor financeiro ou sentimental com o objetivo de fazê-lo sofrer.
Quando surgem inconsistências financeiras, quebra de objetos ou domínio dos meios de comunicação de uma pessoa, associados a discursos no sentido de diminuir sua capacidade intelectual ou emocional, ocorre algum tipo de violência psicológica, econômica ou patrimonial. Livia revela o que fazer caso haja suspeitas:
"Quando estes sintomas são intensos ou causam muito prejuízo na qualidade de vida do indivíduo, é necessária uma investigação clínica para descartar outros problemas de saúde que podem estar causando ou exacerbando estas queixas, e utilizar medicamentos em caso de maiores incômodos. É importante prevenir transtornos mentais, reduzir o risco de suicídio e manejar questões físicas como gastrite, enxaqueca e alergias."
"O contexto em que as pessoas são criadas e as emoções envolvidas interferem na percepção e no aprendizado do que é amor, cuidado e proteção, e acabam distorcendo as noções de certo e errado, justo e injusto, normal e anormal. Por este motivo, é comum aceitarmos e inclusive reproduzirmos posturas disfuncionais dos nossos pais, pois entendemos inconscientemente que aquela é a forma 'correta' de agir. Por isso, é difícil percebermos que a atitude das pessoas que amamos é problemática", conclui a psiquiatra.
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