RODA VIVA
REPRODUÇÃO/TV CULTURA
Camila Pitanga no Roda Viva de segunda (3); atriz comentou projetos no streaming e na TV
Camila Pitanga falou sobre seus projetos no streaming e na TV aberta durante entrevista ao Roda Viva na segunda (3). A atriz admitiu que teve dificuldade para entender Lola, sua vilã em Beleza Fatal, produção da Max. Ela ainda confirmou que voltará à Globo em Dona de Mim, próxima novela das sete.
Em determinado momento da sabatina, o jornalista Mauricio Stycer perguntou se os elogios ao folhetim escrito por Raphael Montes são uma crítica ao formato usado pela Globo.
"Não sei dizer, porque a Globo faz muitas novelas. São vários horários, e a cada temporada são caras, autores diferentes. Eu diria que [Beleza Fatal] é um novelão, da coisa popular, sem vergonha. Isso é uma coisa que o Raphael não nega de jeito nenhum, de ter bebido dos grandes clássicos das novelas brasileiras que a Globo fez", ressaltou.
"O ritmo que ele imprime já é um diálogo com as séries americanas, de você ter um gancho e não perdurar tanto. Talvez parte da crítica seja em nome dessa temporalidade, que fica um pouco previsível", comentou.
Camila também respondeu sobre pressão estética de Lola na história. "Eu tive uma certa dificuldade... Que vida é essa? Ela é uma influencer digital, ela é o capital bem despudorado, vendendo um tipo de beleza. A novela fala de uma disputa que está acontecendo mesmo, desses procedimentos mais tradicionais e esses procedimentos menos invasivos", avaliou.
Camila comentou as mortes de pessoas durante realização desses procedimentos. "A Lola é o pior disso, é o capital querendo ganhar dinheiro. Ela é agressiva no mercado e marketing. Ela é a própria estandarte. Você vê na cara dela, é toda esticada. É tudo muito artificial. Mas é uma artificialidade que hoje é muito aceita, virou um status", palpitou.
"Eu sou crítica, mas eu também não sou patrulha de ninguém. Cada um sabe de si. Eu tenho muita preocupação nessa questão ética e de risco de vida. Acho que tem que ter regulação", completou a artista.
O jornalista Leonardo Sanchez questionou sobre o desafio de interpretar uma vilã na era do politicamente correto, citando que a personagem não pode mais falar absurdos como Bia Falcão (Fernanda Montenegro em Belíssima) e Odete Roitman (Beatriz Segall em Vale Tudo).
"Mas a Lola fala", disparou Camila, que contou que assistiu ao documentário Um Lugar ao Sol (2008) para entender o comportamento de pessoas ricas.
Eu confesso que tive muita dificuldade de entender a Lola, de aceitar ela. O que eu vou emprestar meu para ela? Com o tempo eu fui entendendo que é uma mulher que viveu muitas violências e tem a estética do ataque, da ironia, do despudor. E isso é um pouco irresistível numa novela.
Camila também analisou o novo modelo de contratos entre empresas e artistas e confirmou o retorno à Globo. "Está sendo muito bom voltar com Rosane Svartman, com pessoas que eu admiro e me trouxeram uma joia."
"Eu tô agora muito focada em Beleza Fatal, e acho a tendência dessa oxigenação. Relacionamento aberto. O barato é poder estar na Globo, poder estar na Max... Importante dizer que na Max eu tenho muito orgulho de estar como produtora executiva", valorizou.
Ela explicou que já analisam outros projetos no streaming, mas também não hesitará em apresentar propostas na Globo. "É um outro lugar. Nós atores somos criadores, a gente tem expertise", afirmou.
A atriz foi questionada sobre as comparações de Lola com Bebel, de Paraíso Tropical (2007), e como o audiovisual avançou nas narrativas que retratam mulheres negras.
"Mudou muito. Eu sempre começo do desamparo, da sala de ensaio, do corpo quase como uma página em branco. Nesse sentido não mudou, porque é trabalho, é uma artesania, não está nada pronto. Quando você tem um bom personagem, você tem uma situação que te leva, isso faz toda a diferença", discursou.
"De 2007 para cá, processualmente é isso mesmo. É trabalhar, pesquisar, estudar referências. Quando tem a sorte de ter um autor que troca ideia com você, como foi o caso com Raphael, extremamente generoso. Maria de Medicis [diretora] a mesma coisa, Um elenco super afinado. Eu também tinha lá [na Globo], nesse sentido vejo muitas pontes", afirmou.
Camila também valorizou que a presença de atores negros nas novelas não é mais exceção, agora é uma realidade que inspira.
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