Força de Mulher comprova fenômeno turco e faz milagre no horário nobre da Record

Força de Mulher comprovou que as novelas turcas realmente são um fenômeno junto ao público brasileiro. Inédito na TV aberta, mas disponível na íntegra no streaming, o folhetim conseguiu reter boa parte dos telespectadores de A Rainha da Pérsia (2024) --terceira adaptação da história de Ester produzida pela Record.

Os dramas de Bahar (Özge Özpirinçci) conseguiram até vitórias significativas contra A Caverna Encantada, do SBT, que também estreou na segunda (30) --4,8 pontos contra 4,2 da produção infantojuvenil na Grande São Paulo.

Na terça, Força de Mulher foi capaz até de ampliar a diferença, crescendo para 5,2 na terça (30) e chegando ao recorde até aqui de 6,3 pontos na quarta (1º). Um resultado bem mais interessante do que o desastre causado pela reprise de Jezabel, exibida originalmente em 2019, no final de 2023.

Com um estilo bastante diferente das obras bíblicas, a novela turca acerta justamente por não afugentar o telespectador que assistiu às sucessivas temporadas de Reis. O mesmo público que preferiu ver Os Dez Mandamentos (2015) em vez de Babilônia (2015), na Globo --fortemente criticada na época pelos conservadores por ter exibido um beijo lésbico já no primeiro capítulo.

Força de Mulher segue a fórmula de outros sucessos, como Ezel (2009) e Mil e Uma Noites (2006), em que há muito drama e nenhum sexo. Até os beijos são mais contidos, especialmente porque a Turquia enfrenta diversos tabus na chamada "pauta de costumes".

Essa pauta envolve desde a abordagem à homossexualidade até a troca de afeto em público. O país, inclusive, vive um regime bastante conservador com Recep Erdoğan --que assumiu a presidência em 2014, mas já havia sido primeiro-ministro entre 2003 e 2014.

Um estilo que já havia atingido bons índices de audiência quando a Record apostou no enlatado canadense Quando Chama o Coração. O romance água com açúcar também não sofreu rejeição do público mais conservador.