Ator revive abandono paterno em A Infância de Romeu e Julieta: 'Nem sei se está vivo'

Embora interprete Bernardo, o pai de família que será surpreendido com a existência de outro herdeiro, Fábio Ventura se identifica mesmo é com Téo (Miguel Schmid), o filho que cresceu sem a presença de um pai biológico em A Infância de Romeu e Julieta. Afinal, assim como o personagem, Ventura não teve muito contato com seu genitor. "Não sei do paradeiro nem se está vivo", explica ele, em entrevista ao Notícias da TV.

O artista diz que conheceu o pai e conviveu com ele até os dois anos, mas todas as memórias que têm são "distantes" e "complexas". Ainda assim, esta experiência foi trazida para o momento em que ele precisou interpretar uma situação semelhante, mas com nuances bem diferentes. Bernardo foi um pai ausente para Téo, sim, mas porque não fazia ideia de que tinha esse filho.

"Ele certamente teria tomado algum posicionamento se soubesse antes. Foi um choque em todos os sentidos", defende o artista, que pensa ser "natural" que sua história pessoal tenha impacto em seu trabalho.

Eu me vejo no Téo. Eu sinto o Téo. Eu gravei a cena da descoberta da paternidade sentindo na pele os questionamentos de uma criança que cresceu tendo que saber lidar com a ausência de um pai biológico e superar isso ao longo da minha educação. Minha felicidade é que não faltou amor e compreensão das minhas mães e do meu pai de criação.

Claro, seria bem diferente se ele estivesse do outro lado da moeda. Ventura afirma que não pensaria duas vezes antes de se aproximar do filho e assumir a paternidade, mas tem plena noção de que se trata de um baque na vida do pai. Bernardo terá várias questões para resolver a partir dessa descoberta.

"No primeiro momento, eu fiquei com essa expectativa de como ele reagiria. Mas logo senti um sentimento bom, por ele ser um excelente pai. Um pai presente, um homem responsável, amoroso e acolhedor. Certamente vai ficar extremamente impactado. Numa situação dessas, é indescritível o turbilhão de pensamentos e imagens que se passam em sua cabeça", diz.

Mudança brusca para Bernardo

O empresário descobrirá a verdade no capítulo desta quinta-feira (8), depois que Amanda (Thamiris Mandú) finalmente perceber que falar a verdade será a única maneira de salvar Téo, vítima de um atropelamento. O menino precisará de uma transfusão de sangue, e a possibilidade de o pai ser compatível pode livrá-lo da morte.

Por isso, a mulher irá atrás do ex e falará a verdade. Ele levará um susto --afinal, não fala com a morena sobre o passado dos dois há 15 anos. Eles se conheceram em Roma, na Itália, durante um intercâmbio. Bernardo tinha dado um tempo na relação com Vera (Bianca Rinaldi) e se encantou por Amanda, com quem teve um "romance de verão".

Mas, segundo o ator, foi uma coisa de momento. Na opinião dele, não há chance de os dois reatarem. "Ambos são muito felizes em seus relacionamentos. Não vejo nenhum dos dois dando brecha para que isso seja possível. Entenderam que tomaram caminhos diferentes e seguem em frente! Tanto Bernardo e Vera, quanto Amanda e Enzo [Lincoln Tornado]", explica.

Só que isso não exime Vera de entrar em crise com a descoberta. "Ela e o Bernardo têm pela frente um grande desafio como casal. São evoluções em âmbitos diferentes, mas certamente necessários para a trajetória de cada um. Vera irá se deparar com vários questionamentos e tomar duras decisões. Bernardo precisará ser mais firme perante suas escolhas", adianta o intérprete, misterioso.

Romeu (Miguel Ângelo), o filho do casal, também terá suas questões com o fato de ter um irmão --ainda mais alguém tão próximo a ele. Aliás, o artista está se divertindo ao contracenar com os dois atores mirins. "Cada um aborda seus personagens do seu jeito, cada um tem um comportamento no set de gravação... É uma oportunidade de viver um sentimento forte de paternidade que habita em mim!", revela ele.

Miguel Schmid, inclusive, já trabalhou até na Globo. Ele foi o Luan de Um Lugar ao Sol (2021), marcado pela cena em que apanha de Bárbara (Alinne Moraes) após confrontá-la. 

Essa nova perspectiva de paternidade, aliada à coragem de seu personagem em recomeçar, é o que empolga Ventura nessa história. "Assumir seus sentimentos de uma forma saudável é parte necessária em um processo de evolução. Me vejo no que vejo. Bernardo evoluindo através da dor. Fábio evoluindo através de uma troca entre minha história pessoal e o processo de criação do meu personagem", encerra.

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