DE OLHO NAS REDES!
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Bella Campos como Maria de Fátima no remake de Vale Tudo; folhetim está no ar na Globo
Intérprete da versão repaginada de Maria de Fátima em Vale Tudo, a atriz Bella Campos conseguiu criar uma extensão de sua personagem por meio das redes sociais. Poucos dias após a estreia do remake na Globo, a vilã ganhou um perfil no Instagram, que já conta com mais de 180 mil seguidores.
A estratégia da emissora de trazer a ficção para a realidade não é nova. Em 2019, Vivi Guedes (Paolla Oliveira) roubou a cena em A Dona do Pedaço por viver uma blogueira que também tinha espaço para além da TV aberta.
Para Gigi Grandin, especialista em marketing de influência e fundadora da agência Impulso Digital, a ideia de criar perfis online para personagens dos folhetins mostra que a Globo entendeu que o público não está apenas na frente da televisão, como costumava acontecer há alguns anos.
"O pessoal pode não consumir TV, mas está sempre na internet, principalmente a nova geração. Criar um perfil como o da Maria de Fátima é uma forma não só de expandir a atuação do personagem, mas também de se conectar com essa audiência que só está presente online. Temos também o apelo nostálgico da novela e o fato que a personagem tem uma performance carismática: atitude, frases fortes. Isso viraliza", explica ela ao Notícias da TV.
O público quer participar da história. Quando esse conteúdo aparece no feed do Instagram, no formato certo, ele engaja, até com quem nunca viu a novela. A Vivi Guedes foi um marco nesse sentido, uma personagem que viveu fora da novela, como influenciadora real, que, inclusive, fez publicidades reais, tanto na internet quanto fora dela, sempre no papel de personagem... A gente vê que a Maria de Fátima está seguindo nessa mesma linha, mas muito mais atualizada.
De acordo com a especialista, apesar de ser apenas um personagem, Maria de Fátima faz com que os internautas criem sentimentos reais ao interagirem com seus posts. A vilã costuma receber comentários negativos e positivos. Nas últimas publicações dela no Instagram, é possível encontrar quem faça críticas em relação à maneira como ela trata a mãe, Raquel (Taís Araujo), e também quem elogie os looks e as fotos compartilhadas por ela.
"Acho que esse é justamente o objetivo [parecer real]. Quando ela começa a postar nas redes sociais, principalmente na hora que a novela está no ar, isso gera essa percepção do público, que começa a tratar aquilo como se fosse real. Essa mistura entre ficção e realidade é uma linguagem que as redes sociais potencializa muito. Muita gente começa a seguir sem nem ter certeza se é a artista ou a personagem. Isso mostra como uma narrativa e uma estratégia bem estruturadas ultrapassam a tela da TV", comenta Gigi.
Apesar de servir como uma vitrine para a vilã, o perfil de Maria de Fátima tem sido bem aceito pelo público. A simpatia dos internautas pela herdeira mal-agradecida de Raquel nos leva a uma pergunta: por que participantes de realities são cancelados nas redes sociais, mas a megera faz sucesso?
Gigi Grandin acredita que esse acolhimento está ligado justamente ao "pacto da ficção". "O público entende que, na novela, a vilã, por mais que tenha atitudes desprezíveis, tem um lado divertido, carismático, estiloso. Na internet, ainda temos o ponto que ela vira meme, tendência", aponta.
"Agora, no BBB, a gente está falando de pessoas reais. Aí entra o julgamento moral. As atitudes são analisadas com outro filtro quando estamos falando de pessoas reais. É como se a Maria de Fátima tivesse uma licença poética, como personagem, para ser uma vilã e ainda ser cool [divertida]. O público sabe que aquilo é entretenimento, enquanto no reality isso não existe, o julgamento é pesado", completa a especialista.
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