NO INSTAGRAM
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Bella Campos como Maria de Fátima, de Vale Tudo, em registro compartilhado no Instagram
Maria de Fátima, do remake de Vale Tudo, se tornou um sucesso no Instagram em poucos dias. O perfil da vilã recebe não apenas comentários de internautas comuns, mas também de grandes marcas e famosos que querem interagir com a personagem de Bella Campos. A popularidade, no entanto, pode se converter em algo negativo caso não seja bem gerenciada. O efeito contrário é uma possibilidade justamente por se tratar de uma vilã --o que a difere da blogueira Vivi Guedes (Paolla Oliveira), por exemplo.
Quem faz o alerta é a especialista Gigi Grandin, que trabalha com marketing de influência e é fundadora da agência Impulso Digital. Ela destaca que a criação de uma conta ficcional para a megera traz lucro e ajuda a Globo a impulsionar a audiência do folhetim; mas, por outro lado, tende a resultar também na aparição de haters que não conseguem diferenciar o mundo real da ficção.
"Do ponto de vista de marketing, é um cenário riquíssimo. A personagem vende, viraliza, ela é mais um produto da emissora. Porém, do ponto de vista humano, isso é muito mais delicado. Já era delicado na época em que isso só era veiculado na televisão", comenta Gigi em conversa com o Notícias da TV.
Ela relembra o caso do ator Dan Stulbach que chegou a apanhar por conta do personagem que viveu em Mulheres Apaixonadas (2003). "Ele viveu um vilão horrível e foi hostilizado, foi até agredido nas ruas. Com a internet, essa exposição é ainda maior e pode virar uma armadilha muito grande."
A saúde mental de profissionais que estão constantemente expostos é algo que precisa ser tratado com muita seriedade. Mesmo sendo um personagem, tendo um ator e uma equipe por trás, as pessoas, muitas vezes, [as pessoas] não conseguem separar isso. O ódio e a idolatria podem ultrapassar as telas.
"Para a indústria, [o engajamento] é ouro! Isso aumenta muito o alcance da obra e também mantém esse engajamento 24 horas. Porém, é importante ter em mente que isso também muda o papel do ator e da produção, que precisam estar preparados para estender a narrativa para o digital e também para os desdobramentos que essa extensão pode trazer."
Apesar do alerta, a especialista destaca que a convergência entre as redes sociais e a TV é muito mais benéfica do que prejudicial para os profissionais da mídia. "É um caminho que não tem volta, mas é uma grande oportunidade para a teledramaturgia se manter viva e conectada com o público jovem".
"Um caso que eu achei bastante curioso foi Beleza Fatal, que foi um sucesso no streaming, mas na TV aberta [na Band] não consegue ter tantos pontos de audiência. Para a gente ver como a força da internet é potente. Um personagem que viraliza nas redes pode trazer para a novela essas pessoas que não têm mais o hábito de assistir a teledramaturgia, isso é genial", acrescenta Gigi Grandin.
© 2025 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.