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Audiência capenga nos EUA faz Fox mudar e ir na contramão do mercado

Imagens: Divulgação/Fox

David Duchovny e Gillian Anderson na nova temporada de Arquivo X, que estreia em janeiro - Imagens: Divulgação/Fox

David Duchovny e Gillian Anderson na nova temporada de Arquivo X, que estreia em janeiro

JOÃO DA PAZ

Publicado em 14/12/2017 - 17h04

Depois da varredura feita pela Walt Disney Company no grupo 21st Century Fox nesta quinta (14), pouca coisa sobrou. A nova Fox do magnata Rupert Murdoch será mais enxuta e irá focar em realities, programação noticiosa e esportiva. Ou seja, a rede Fox, apenas a quarta colocada em audiência nos Estados Unidos, será a mais afetada com a restruturação.

A Fox agora é a única rede de TV aberta norte-americana a não ser dona de um estúdio de produção, ou ter afiliação com um deles. Na prática, isso significa que ela passará a investir menos em grandes produções, na contramão do mercado de séries e do que fazem todas as suas rivais (NBC, ABC e CBS).

O último grande sucesso da Fox foi Empire, lançada em 2015. O dramalhão sobre a cena da black music ganhou um Globo de Ouro de melhor atriz e flertou com o Emmy. Teve uma primeira temporada com uma estrondosa audiência, mas perdeu a mão nos anos seguintes e, atualmente, é só uma série mediana, entre tantas outras.

Dia após dia, a Fox luta para atrair um bom número de telespectadores no horário nobre, o filé da programação com as principais séries no ar. Busca, acima de tudo, um público constante: há dias nos quais a Fox é líder e, em outros, chega a perder para a nanica The CW _é como se a RedeTV! ficasse na frente da Band.

As séries de TV não deixarão o horário nobre da Fox. Os dramas e comédias produzidos pelo estúdio 20th Century Fox Television (como Arquivo X e Empire) permanecem no canal, inalterados. Mas a Disney irá se meter em futuros contratos de renovação, de olho nos valores de distribuição para o exterior. 

Os atores Clayne Crawford e Damon Wayans na segunda temporada de Máquina Mortífera

E a Fox continuará a adquirir séries feitas por outros estúdios, como Sony, Warner Bros. e Universal. Na atual grade de programação, a rede já conta com séries da Universal (Brooklyn Nine-Nine) e da Warner (Máquina Mortífera, Gotham).

Com a venda de boa parte do grupo para a Disney, a Fox se tornará uma vitrine de aluguel. Produtores vão correr atrás da rede para exibir séries produzidas por esses estúdios. Mas só ganhará espaço quem der para a nova Fox uma participação generosa na venda da respectiva atração a outras plataformas.

E os Simpsons?
O cuidado com Os Simpsons é especial. A Disney não tem a mínima intenção de interferir na animação por enquanto. Ela continuará na Fox até 2019, ano da 30ª temporada. Depois, uma possível renovação será estudada, como de praxe.

O que a Disney deseja mesmo é o dinheiro na distribuição internacional e na comercialização de DVDs da atrações. E, claro, já é possível contar com Os Simpsons como um dos principais chamarizes do serviço de streaming da empresa do Mickey Mouse, a ser lançado em 2019.

Reality + esportes + notícias
Murdoch e sua família decidiram vender grande parte da Fox com a intenção de fugir do mercado insano de produções de séries, uma bolha que poderá estourar de repente. Eles entram na contramão do mercado, mas não tomariam uma decisão tão impactante se não tivessem um plano. E eles têm.

Com os reality shows de gêneros variados, de culinária a dança, o alvo passa a ser o público mais jovem, ávido consumidor dessas atrações. Essa é justamente a parcela de telespectadores mais desejada pelos publicitários. Seria uma nova injeção de juventude na Fox, tradicionalmente a mais descolada entre as redes dos EUA.

O chef Gordon Ramsay no reality show Hell's Kitchen: são 17 temporadas exibidas na Fox

A Fox é casa de realities populares, como Hell's Kitchen, So You Think You Can Dance e MasterChef.

A aposta de Murdoch em notícias e esportes tem uma razão simples. Os dois segmentos são os que menos sofrem com oscilação de audiência. E o público de séries cada vez mais migra para as plataformas online (Netflix, Amazon).

Os acontecimentos no mundo esportivo e noticioso são consumidos ao vivo. E a Fox se dá bem com isso, principalmente com esportes. Ela possui os diretos de jogos da NFL (a liga de futebol americano), e reveza com NBC e CBS a transmissão do Super Bowl, final do campeonato e maior evento televisivo da TV norte-americana. A Fox também exibe jogos importantes e as finais da MLB (a liga de beisebol).

Logo, é fácil entender por que os Murdochs não venderam os canais esportivos FS1 e FS2, muito menos o Fox News, canal de maior audiência na TV paga.

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