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ANÁLISE

Globo transforma caso de assédio em marketing e decreta fim do teste do sofá

Reprodução/TV Globo

Natalia Dill, Júlia Rabello e Débora Nascimento no Vídeo Show desta terça-feira (4) - Reprodução/TV Globo

Natalia Dill, Júlia Rabello e Débora Nascimento no Vídeo Show desta terça-feira (4)

DANIEL CASTRO

Publicado em 4/4/2017 - 16h04

A Globo foi muito esperta (e feliz) na reação à acusação de assédio sexual contra o ator José Mayer, um dos seus grandes galãs, eterno símbolo do macho viril de suas novelas. A emissora transformou um crime ocorrido em seus camarins, potencialmente prejudicial à sua imagem, em uma peça de marketing social.

Ao suspender Mayer de suas produções, estimular um movimento feminista em seus corredores e forçar o ator a admitir o erro, a Globo passou uma imagem de empresa moderna, sintonizada com seu tempo, e decretou o fim da era do teste de sofá (aquele em que o ator ou atriz tinha de fazer um favor sexual ao diretor para conseguir um trabalho).

A emissora, inicialmente, foi discreta diante da acusação, feita em fevereiro pela figurinista Susllem Meneguzzi Tonani, de que José Mayer teria passado a mão em sua genitália. Instaurou uma apuração interna e esperou o caso morrer. Mas a figurinista, encerrado seu contrato por obra com a novela A Lei do Amor, resolveu colocar a boca no trombone. Seu relato corajoso chocou milhares de mulheres, começando pelas que trabalham na própria Globo.

No último final de semana, a direção da emissora foi pressionada por funcionárias, muitas delas atrizes de renome. Esperta, a cúpula da Globo soube usar a energia do inconformismo a seu favor. Convictos de que Mayer abusara da figurinista, ergueram o código de conduta ética da emissora, peça que já condena todo tipo de assédio entre seus colaboradores.

Mais do que isso, os executivos estimularam uma manifestação (eles rejeitam o termo protesto) em curso nesta terça-feira. Funcionárias da emissora passaram a vestir (e a exibir nas redes sociais) uma camiseta com a frase "Mexeu com uma, mexeu com todas". No Vídeo Show, as atrizes Nathalia Dill, Débora Nascimento e Júlia Rabello exibiram suas roupas-cartazes e condenaram o assédio sexual.

Assim, a Globo transformou em notícia uma ação que ela própria apoiou, levando a manifestação muito além dos muros de seus estúdios no Rio de Janeiro. Deu visibilidade a um tema muito valioso nos dias de hoje e demonstrou que acredita em valores como o respeito, que faz questão de grafar, em seus documentos internos, com letra maiúscula. Ponto para a Globo.

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