Para viralizar
Paulo Belote/TV Globo
Dani Calabresa e Fernando Caruso interpretam Marcela e Michel Temer no Zorra
FERNANDA LOPES, no Rio de Janeiro
Publicado em 21/4/2018 - 6h45
Após ver que alguns dos esquetes do Zorra tiveram grande audiência nas redes sociais, a equipe do humorístico decidiu investir mais em seu potencial de viralização. Na temporada que estreia neste sábado (21), para fazer suas piadas ácidas que ridicularizam os fanáticos religiosos e o presidente Michel Temer, por exemplo, o Zorra contará com novos recursos de imagem. A ideia é deixar as piadas com visual mais próximo dos memes da internet.
"Contratamos uma empresa de dois jovens, que já fizeram aberturas de programas do GNT, SporTV, para um processo colaborativo. Vamos ter algumas intervenções gráficas nos esquetes, como letreiros, cores", adianta o redator-final Celso Taddei.
"A gente se aproxima de linguagem da web, do meme, para melhorar a comunicação visual do Zorra", complementa Gabriela Amaral, que também assina a redação final.
Em ano de eleição e Copa do Mundo, os humoristas sabem que esses assuntos gerarão muita discussão nas redes sociais. Consequentemente, serão também os grandes temas do programa, assim como a religião.
A provocação para os fanáticos religiosos será intensa: em um dos novos esquetes, um homem perguntará a Maomé se ele já encontrou os ursos. Maomé responderá que sim, e apontará para dois gays peludos, sem camisa, se abraçando. Há também cenas de romance entre casais homossexuais e beijos gays.
"É mais fácil usar o humor pra falar disso [política, preconceito]. Já tem muita gente panfletando muita coisa, não é esse o nosso espírito", pondera a atriz Renata Castro Barbosa. "E o Zorra vai abordar coisas do cotidiano real da pessoa, o que ela vive. Política, futebol e religião, esses temas leves (risos)", brinca Welder Rodrigues.
O comediante também conta que a equipe se desdobrará para manter o programa atualizado, principalmente na política. Uma notícia publicada em uma quinta-feira pode virar piada já no programa do sábado.
O presidente Michel Temer, por exemplo, é um dos grandes alvos do programa. Num esquete, ele aparecerá como um idoso bastante senil (papel de Fernando Caruso) e chamará o programa de Zorra Total. Sua mulher, Marcela (interpretada por Dani Calabresa), explicará que o Total já caiu e o programa agora é outro.
paulo Belote/tv globo
Elenco do Zorra representa eleitores idosos em esquete da nova temporada do programa
'Meu Deus, tô rindo com o Zorra'
Completamente reformulado em 2015, o Zorra atual em nada se parece com o antigo, caracterizado por tramas que se repetiam, bordões, claque (risadas pré-gravadas) e piadas preconceituosas. Até hoje os humoristas da atração ouvem provocações sobre isso e têm que explicar todo o novo conceito.
"O Zorra Total era um cachorro morto. Era chutado inclusive pelos humoristas, tinha o estigma de um programa ruim. Isso, claro, é outro debate. Mas quando você pega o formato e o reformula, a piada mais comum do Twitter é: 'Meu Deus, tô rindo com o Zorra'. Ainda é Zorra Total pra muita gente", opina Welder Rodrigues.
Os comediantes dizem que foi uma iniciativa da Globo mudar o Zorra, em busca de um humor mais perspicaz, para renovar o público. Eles acreditam que conseguem cumprir o objetivo com esse (já não tão) novo conceito.
"Nessa época em que os desafios são maiores, acho que é necessário um humor mais inteligente. O Zorra foge muito do lugar-comum, de bater nos antigos alvos de piadas. A gente encontra novos alvos que são pertinentes a esse momento que a sociedade vive, de discussão, de representatividade. Acho que isso abre uma seara nova de humor. A gente fica muito empolgado de fazer esse programa, levar ao ar em TV aberta", afirma Fernando Caruso.
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