MEMES E ROUQUIDÃO
Divulgação/Nickelodeon
Os amigos Patrick e Bob Esponja em cena da animação da Nickelodeon, que completou 20 anos no ar
LUCIANO GUARALDO, de San Diego
Publicado em 15/8/2019 - 5h03
Em uma época na qual a TV norte-americana é dominada por remakes e reboots, inclusive nas animações, Bob Esponja conseguiu uma façanha: completou, em julho, 20 anos no ar. E nada de perder fôlego. O desenho virou carro-chefe da Nickelodeon, mantém boa audiência e vai ganhar um terceiro longa-metragem no ano que vem. Em meio a tanto sucesso, o ator Bill Fagerbakke, que faz a voz do divertido Patrick, também revela alguns perrengues que enfrentou nessas duas décadas.
"Gravar a risada do Patrick me mata, porque não é só um 'hahaha' básico, é uma coisa que vai fundo na garganta. Se vou fazer um episódio com muitas gargalhadas, preciso usar toda a minha técnica para preservar a voz", conta ele, em entrevista exclusiva ao Notícias da TV. "Pergunto se dá para gravar todas as falas e deixar os gritos e os risos para o fim, porque não quero fritar minha voz logo no começo."
Fagerbakke atribui a continuidade de sua voz às peças de teatro de que já participou. "No palco, você precisa projetar suas falas para que todo o público possa te ouvir, até quem está na última fila. E, em algumas montagens menores, você não usa microfone, então depende só da sua técnica vocal. Se eu não tivesse aprendido isso no passado, já estaria completamente rouco [fazendo o Patrick]."
A experiência teatral também ajuda o ator a se sentir desafiado na hora de dublar o desenho depois de duas décadas.
"No teatro, você encena a mesma peça todas as noites, mas precisa encontrar uma maneira de fazê-la crescer a partir do trabalho já estabelecido. Com o Patrick, eu tento a mesma coisa: quero que ele aprenda coisas novas o tempo todo. Ele precisa ir sempre em frente, isso é importante para mim", diz o ator de 61 anos, que elogia os roteiristas pela construção do personagem.
Bill reconhece que atuar apenas com a voz tem uma vantagem. "Antes de Bob Esponja, eu trabalhava como ator na TV aberta [ele esteve nos 199 episódios da comédia Coach, exibida pela ABC entre 1989 e 1997]. Sou bem menos reconhecido agora, e eu aceito isso muito, muito, muito numa boa (risos)", brinca.
Vez ou outra, admite, alguém escuta sua voz na rua e o aborda. "Acho que rola uma identificação, mas eles não sabem dizer de onde, porque minha voz é menos exagerada do que a do Patrick. Aí perguntam: 'Você não é... Aquele cara?'", conta ele.
"Queria comprar uma camiseta que tivesse a frase: 'Sim, eu sou aquele cara'. Os pais das crianças é que acabam me reconhecendo porque viram Coach ou um vídeo de bastidores do Bob Esponja. Mas é raro", ressalta.
Muito mais do que um mero desenho animado, Bob Esponja virou o cartão-postal da Nickelodeon, uma franquia que rende cerca de US$ 13 bilhões (R$ 52,5 bilhões) por ano. A turma da Fenda do Bíquini tem centenas de produtos licenciados, já virou um espetáculo musical na Broadway e, no ano que vem, volta ao cinema para o terceiro filme, It's a Wonderful Sponge (É uma Esponja Maravilhosa, em tradução livre).
A receita de tanto sucesso? "Acho que essa é a resposta que muitos executivos viram a noite para tentar descobrir. Qual é a fórmula secreta? Tem alguma alquimia estranha por trás", especula Fagerbakke. "Eu me pego pensando se há algo bizarro nas cores, nas formas ou nas vozes que faz as sinapses se abrirem na cabeça dos telespectadores (risos). Mas a verdade é que ninguém sabe por que deu tão certo."
"O que eu sei com certeza é que a junção do personagem Bob Esponja com o ator Tom Kenny [responsável pela voz do protagonista na versão original] é uma em um milhão. O que o Tom faz com o personagem, e o que o personagem fez com o talento do Tom, é único. O resto do elenco só precisa girar em torno dele."
E, depois de 20 anos, o que o futuro reserva para a turma do Bob Esponja? No que depender do intérprete de Patrick, muitas novas aventuras. "Enquanto tivermos roteiristas e desenhistas tão talentosos, não tem motivo para acabar. Toda vez que vou para a cabine de gravação, eu me sinto satisfeito, sabe?", valoriza.
"Além disso, quando você decide virar ator, meio que se prepara para ser um cigano, ter um trabalho durante alguns meses, depois ele vai chegar ao fim e você precisará procurar outro papel. Ter um emprego tão duradouro é algo inacreditável, eu me sinto muito sortudo. Certamente é melhor do que o desemprego! (risos)", diverte-se Bill.
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