QUE CONFUSÃO!
DIVULGAÇÃO/MANCHESTER CITY
Pep Guardiola é o técnico do Manchester City, clube que desistiu de participar da Superliga Europeia
Anunciada no último fim de semana como uma competição com 12 dos principais clubes do Velho Continente, a Superliga Europeia não deve sair do papel. O grupo fundador enfrenta pressão de entidades, políticos, profissionais do futebol e até mesmo dos próprios torcedores. Após a debandada dos seis times ingleses, o projeto da competição foi suspenso na noite desta terça (20).
O vaivém nos últimos dias causou um clima de incerteza nas TVs que são donas dos direitos de transmissão da Champions League, torneio que seria esvaziado com a implementação do novo campeonato.
O Notícias da TV apurou com fontes do SBT que a emissora permaneceu confiante que a Uefa, entidade responsável pela Champions e principal crítica da Superliga, conseguiria contornar o problema para entregar o que está previsto no contrato que foi assinado no início deste mês.
A emissora de Silvio Santos venceu uma disputa com a Globo e vai começar a exibir a competição europeia a partir da fase de grupos nas três próximas edições do torneio, de 2021/2022 a 2023/2024, começando em agosto deste ano. Alguns patrocinadores, inclusive, já estão em negociações avançadas com o SBT, mas os acordos só podem ser divulgados a partir de julho.
Outra empresa diretamente interessada nesse impasse entre a Uefa e os clubes é a Turner, que atualmente transmite a Champions League com exclusividade na TV brasileira e que renovou contrato para a próxima temporada.
Se a Superliga realmente fosse concretizada, contrariando as expectativas, haveria um prejuízo enorme ao SBT, ao conglomerado norte-americano e a todas as emissoras detentoras de direitos de transmissão da Champions, já que o maior torneio de clubes da Europa atualmente perderia valor e atratividade sem gigantes do futebol mundial, como Real Madrid e Barcelona.
"Seria um cenário caótico para a Uefa e para todos que estão na cadeia de valor da Uefa, incluindo as emissoras de televisão detentora dos direitos, patrocinadores etc. O produto mudaria de tamanho, formato e nível de atratividade. Haveria um impacto econômico inestimável para quem tem esses direitos na mão", explica Pedro Oliveira, sócio-fundador da Outfield, consultoria especializada em marketing esportivo.
REPRODUÇÃO/SBT
Téo José fez o anúncio da Champions no SBT
Como a Champions League desperta interesse no mundo inteiro, diversas redes de televisão ficaram preocupadas com o anúncio da Superliga Europeia. Na segunda-feira (19), a Reuters informou que "emissoras de TV condenam a Superliga dissidente de futebol europeu".
"A BT, que detém o direito de exibir a Liga dos Campeões da Uefa no Reino Unido, a Mediapro, da Espanha, e o serviço de streaming DAZN condenaram a proposta da Superliga ou se distanciaram dela", noticiou a agência.
A competição que desafia a Uefa começou com 12 clubes, seis da Inglaterra (Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham), três da Itália (Inter Milão, Juventus e Milan) e três da Espanha (Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid).
A ideia dessas equipes era convidar outros três times para montar um grupo com participação fixa no torneio, independentemente de classificação nas ligas nacionais, como acontece no critério de classificação da Champions. Além desses 15, outros cinco seriam convidados por desempenho.
Na prática, caso a Superliga fosse criada e iniciada já em agosto, como alguns clubes gostariam, a competição da Uefa deixaria de contar com todas essas equipes. O City, porém, pulou fora e deu início ao movimento que terminou com a debandada de todos os clubes ingleses. Pressionado, o grupo das equipes da Europa suspendeu a competição e avisou que "vai reconsiderar passos mais apropriados para reformular projeto".
Nota oficial.
— Manchester City (@ManCityPT) April 20, 2021
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De acordo com Oliveira, especialista em marketing esportivo, a criação dessa competição nesse formato foi uma estratégia que alguns clubes europeus encontraram para bater de frente com a Uefa a fim de serem mais valorizados e conseguirem mais dinheiro.
"É uma bela ferramenta de pressão desses grandes clubes para que a Uefa faça mudanças para acomodá-los melhor dentro da estrutura atual", diz. "Acho pouco factível que isso se conclua a longo prazo. A minha visão é que essa é uma estratégia dos clubes para colocar pressão na Uefa para ter melhores condições dentro da Champions e para ganhar mais dinheiro. Esses caras sabem que eles são responsáveis pela maior parte da receita ali dentro", acrescenta ele.
A ideia dos clubes fundadores da polêmica competição, reforça o especialista, é tirar a Uefa da intermediação e buscar uma maneira de serem mais bem remunerados. O grande financiador da Superliga é o banco norte-americano JP Morgan Chase, que seria responsável pelo investimento inicial de 3,5 bilhões de euros (R$ 23 bilhões).
Os clubes que criaram a liga argumentaram que "a pandemia global acelerou a instabilidade no modelo econômico do futebol europeu existente" e afirmaram que "tiveram o objetivo de melhorar a qualidade e a intensidade das competições europeias existentes ao longo de cada temporada e de criar um formato para os melhores clubes e jogadores competirem regularmente".
Diante da pressão da Fifa, Uefa, torcedores, ex-jogadores, atletas, políticos e personalidades ligadas ao esporte, a ideia foi embargada. Os técnicos Pep Guardiola, do City, e Jurguën Klopp, do Liverpool, também vieram a público expressar descontentamento com a criação da competição.
"Espero que a Superliga nunca aconteça. Para mim, a Liga dos Campeões é a Superliga. Por que criarmos um sistema em que o Liverpool enfrente o Real Madrid durante dez anos consecutivos? Quem quer ver isso todo ano?", criticou Klopp. Vários jogadores do atual campeão inglês, aliás, divulgaram um comunicado nas redes sociais para mostrar que são contrários à liga.
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