COM CAFÉ E PÃO DE QUEIJO
Reprodução/ESPN
Os comentaristas do programa Tempo Real, que analisa os jogos da Copa sem, de fato, transmiti-los
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 14/6/2018 - 17h45
Sem os direitos de transmissão da Copa do Mundo pela primeira vez desde 2002, a ESPN deu um truque para cobrir o Mundial da Rússia. Nesta quinta (14), durante a primeira partida do evento, botou no ar uma atração em que comentaristas avaliam o jogo ao vivo (sem transmiti-lo). Na web, refez os gols em uma animação 3D que lembra um videogame.
No novo programa Tempo Real, os apresentadores Eduardo Monsanto e Alex Tseng fizeram um verdadeiro esquenta para a partida entre Rússia e Arábia Saudita. Eles mostraram as escalações das duas seleções, ofereceram estatísticas e ressaltaram os talentos em que o público deveria ficar de olho.
Mas, é claro, a ESPN não exibiu o jogo. Ficou só na preparação. Durante os 90 minutos de bola rolando, Monsanto e Tseng apenas descreviam o que estava ocorrendo no campo. Quase como uma atração de rádio que foi parar na televisão.
O Tempo Real foi descrito pelos próprios apresentadores como uma "segunda tela", com o diferencial de o canal não ter os direitos sobre a primeira tela _eles apenas complementam a transmissão dos rivais. A ideia, disseram, é que o público assista ao jogo em outro canal e acompanhe os comentários da equipe, para se divertir.
O clima da atração é tão informal que os dois apresentadores tiveram o apoio de seis profissionais: Salvio Spinola, Renato Rodrigues, Ricardo Spinelli, Arnaldo Ribeiro, Gian Oddi e Mauro Cezar. O time de comentaristas foi reunido em uma sala à parte, em uma mesa de lanche que tinha pão de queijo, carolinas e uma garrafa de café. Só faltou o balde de pipoca e um refrigerante.
reprodução/espn.com.br
Gol digital disponibilizado no site da ESPN: mistura de tira-teima com futebol de videogame
Enquanto isso, no site da ESPN, os gols da partida eram reconstituídos com uma animação 3D digna de games, que também lembra os tira-teimas das transmissões realizadas pela Globo.
A solução mambembe parece ser uma forma de driblar as limitações da cobertura. Por contrato, a dona dos direitos de transmissão (no caso, a Globo) libera cerca de três minutos por jogo para que as rivais possam fazer seu trabalho jornalístico, mas elas só podem exibir esse vídeo duas horas após o fim da partida.
Corujões fora do ar
Não é a primeira vez que a ESPN dá um drible para poder cobrir o Mundial. Em 2002, o canal esportivo colocou no ar Os Corujões, que tinha uma pegada parecida: enquanto o jogo era exibido, a equipe do programa assistia à partida e a comentava em tempo real. Mas durou pouco: após pressão da Globo, a atração saiu do ar.
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