LÍNGUA AFIADA
Divulgação/TNT
Rubens Ewald Filho e Domingas Person foram os comentaristas da TNT no Oscar 2017
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 27/2/2017 - 3h21
Atualizado em 27/2/2017 - 7h00
Marcada pela revelação do vencedor errado na principal categoria, a premiação do Oscar deste ano se destacou por outro motivo no Brasil: o crítico de cinema Rubens Ewald Filho e sua língua afiada. Diferentemente de Gloria Pires no ano passado, ele mostrou que sabe opinar até em excesso e não poupou atores e diretores de críticas e alfinetadas durante a transmissão do canal pago TNT, que pecou por erros na tradução simultânea. A Globo não exibiu a cerimônia para mostrar os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro.
Ganhador do Oscar de melhor ator, Casey Affleck foi atacado antes e depois do prêmio. "Não parece, mas ele é veterano, tem 39 créditos já. Mas o irmão ajudou muito, claro", alfinetou Ewald, em referência ao ator Ben Affleck. Depois da estatueta, veio outro ataque: "Eu acho um equívoco dar o troféu para ele. Mas o futuro dirá se foi a escolha certa, é difícil a gente condenar alguém assim".
O crítico não teve nenhum problema para condenar o ator e diretor Mel Gibson. "Eu tenho que perder a má vontade com ele, porque ele é um bom realizador. Só não é uma boa pessoa", anunciou, após a vitória em mixagem de som para o filme Até o Último Homem, dirigido pelo australiano.
Ewald Filho não mirou apenas os ganhadores: Natalie Portman, indicada ao Oscar de melhor atriz e que sequer foi à cerimônia porque está prestes a dar à luz, também foi atacada por sua atuação no filme Jackie. "Eu não aprecio o trabalho ela, o que ela faz com a boca. Jacqueline Kennedy não era isso. E, francamente, Jackie merecia mais".
Ewald também massacrou filmes inteiros, de todos os portes. A superprodução Zootopia, melhor animação, rendeu uma crítica para Disney. "Logo ela que está precisando tanto de dinheiro não ganha nada?", ironizou sobre a produtora, responsável pelas maiores bilheterias dos últimos anos.
Sobre o filme A Lagosta, indicado a melhor roteiro original, o crítico soltou uma única frase. "É uma coisa muito esquisita", resumiu ele, que também detonou A Qualquer Custo: "Um filme cult que transformaram em algo maior do que é". Nem a tradução dos títulos das produções foi poupada: "Eu não vou traduzir o nome do Moonlight, tá?", avisou ele sobre o grande ganhador da noite, que no Brasil recebeu o título Sob a Luz da Luar.
E, se no ano anterior, a atriz Gloria Pires virou piada por não opinar sobre nada durante a transmissão do Oscar na Globo, neste ano Rubens Ewald Filho pecou pelo excesso de opinião _algumas delas sem fazer muito sentido. Enquanto falava de Manchester à Beira-Mar, soltou a pérola: "É um filme que ele fazia, teve que largar e entrou o irmão do outro". Quem acompanhava a cerimônia demorou para entender quem era "ele" (Matt Damon), "o outro" (Ben Affleck) e "o irmão" (Casey Affleck).
Ewald Filho, porém, fez bonito durante a homenagem do Oscar aos artistas que morreram no ano que passou. Especialista em cinema antigo, o veterano fez observações relevantes sobre as pessoas mostradas, mesmo aquelas conhecidas apenas por quem trabalha em Hollywood, como ex-presidentes da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas, responsável pelo prêmio.
A transmissão da TNT também deixou a desejar na tradução simultânea. Os profissionais escalados paravam de traduzir frases no meio, perdiam piadas, erravam nomes de filmes e até desafiavam a lógica em suas falas. Ainda no tapete vermelho, por exemplo, Jackie Chan contou que é embaixador de uma organização ambiental pela preservação dos ursos pandas. Na versão da tradutora, "a causa luta para garantir que os pandas não sobrevivam".
Já a piada do apresentador Jimmy Kimmel com a atriz Meryl Streep se perdeu na tradução. Chamada de "overrated" (superestimada, em inglês) repetidas vezes pelo mestre de cerimônias, uma referência às críticas feitas pelo presidente Donald Trump depois de ela atacá-lo no Globo de Ouro, a atriz virou "supertalentosa" para o tradutor do evento. A ironia com tom político virou mero elogio.
Quem perdeu a cerimônia _e a grande gafe da noite (La La Land foi anunciado como melhor filme, mas a vitória foi de Moonlight)_ terá duas possibilidades de tirar o atraso: na TNT, a festa será reprisada a partir das 15h15 desta segunda (27), com os mesmos comentários de Rubens e a tradução simultânea. Já a Globo exibe um especial com os melhores momentos da noite a partir das 15h10, com apresentação de Christiane Pelajo e comentários de Artur Xexéo e Miguel Falabella _que, espera-se, terá mais opinião do que Gloria Pires em 2016.
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