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Memória da TV

Primeiro atentado terrorista ao vivo na TV foi visto por 900 milhões de pessoas

Reprodução da TV

Terrorista palestino em imagem da TV durante o atentado nos Jogos de Munique, em 1972 - Reprodução da TV

Terrorista palestino em imagem da TV durante o atentado nos Jogos de Munique, em 1972

THELL DE CASTRO

Publicado em 15/11/2015 - 6h22

O primeiro atentado terrorista exibido ao vivo para o mundo todo pela televisão ocorreu durante os Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha, em 1972. Um grupo de guerrilheiros palestinos invadiu a vila olímpica e fez atletas de Israel reféns. Todos acabaram mortos após uma desastrada ação policial. Mesmo com as restrições tecnológicas da época, a transmissão pela TV foi tão intensa quanto os ataques a Paris na última sexta (13). As câmeras chegaram a interferir nos desdobramentos das negociações, ao mostrar a ação da polícia em tempo real.

A 20ª edição dos Jogos Olímpicos começou no dia 26 de agosto de 1972. Pela primeira vez, o Brasil via uma transmissão ao vivo de Olimpíada. A Globo exibia algumas competições ao vivo, boletins em seus telejornais e um programa diário noturno com os principais acontecimentos, via satélite, o que era novidade na época _a Copa de 1970, no México, foi o primeiro grande evento esportivo transmitido com essa tecnologia.

Tudo corria bem até o dia 5 de setembro, quando, pouco depois das 4h, oito guerrilheiros da organização terrorista palestina Setembro Negro entraram na vila olímpica, invadiram o prédio da delegação de Israel e fizeram nove atletas reféns, exigindo a libertação de 250 presos. Outros dois integrantes da delegação israelense que reagiram foram mortos no início da ação.

Pela primeira vez, o mundo via um acontecimento desse tipo ao vivo pela televisão, através de quatro satélites. Calcula-se que 900 milhões de pessoas assistiram a essas cenas. Mais de 4 mil jornalistas cobriam o evento e procuravam entender as informações desencontradas no centro de imprensa. As competições foram paralisadas, e as negociações se estenderam por todo o dia.

A mídia, inclusive, atrapalhou uma das estratégias da polícia: o prédio seria invadido pelo duto de ar condicionado, mas as câmeras mostraram a ação ao vivo. Os terroristas avisaram que estavam vendo tudo e que os atletas seriam executados caso a tentativa não fosse abortada.

À noite, três helicópteros decolaram da vila olímpica em direção ao aeroporto de Fürstenfeldbruck, onde um avião levaria os palestinos e os reféns para o Egito. Mas tudo não passava de uma armadilha da polícia alemã. Chegou-se a divulgar que os atletas tinham sido liberados e os terroristas mortos, mas não foi o que aconteceu. De forma desastrada, atiradores de elite abriram fogo contra os terroristas, que perceberam a emboscada e acionaram uma granada dentro do helicóptero, que explodiu.

Resultado: os nove atletas israelenses morreram, bem como cinco terroristas, um policial e o piloto do helicóptero. Os outros três terroristas foram presos, mas não por muito tempo. Em 29 de outubro, após o sequestro de um avião da Lufthansa, eles foram libertados como parte do resgate.

Segurança

No dia seguinte ao massacre, foi realizada uma cerimônia no estádio olímpico, com a presença de 80 mil pessoas, incluindo autoridades mundiais. O mundo ficou chocado e uma pergunta permaneceu no ar: os Jogos, que estavam paralisados, deveriam continuar? Foi decidido que sim, apesar dos protestos de muitos países e atletas envolvidos. Enquanto a delegação de Israel deixou a Alemanha, o Brasil foi um dos países que apoiou a continuação. O evento terminou dia 11 de setembro de 1972, como programado originalmente.

A partir daí, começaram as especulações sobre a segurança em eventos desse porte. Até então, não existia nenhum esquema rígido, tanto que qualquer pessoa entrava na vila olímpica.

O narrador Luciano do Valle (1947-2014), que integrava a equipe da Globo, contou ao projeto Memória Globo que em determinado momento estava conversando na vila olímpica com Edvar Simões, então jogador da seleção brasileira de basquete, e nem percebeu o que estava havendo.

O acesso foi restrito apenas para atletas credenciados e foram adotadas medidas emergenciais para evitar novos incidentes. Posteriormente, os esquemas de segurança foram sendo aprimorados, com reflexos nos Jogos Olímpicos de Montreal (Canadá), em 1976.

No entanto, outro atentado voltou a acontecer nas Olimpíadas de 1996, em Atlanta, nos Estados Unidos. No dia 27 de julho de 1996, uma bomba explodiu no Centennial Olympic Park, a poucos metros da vila olímpica, matando duas pessoas e ferindo outras 112.


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