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Memória da TV

Ostentação de Silvio Santos entrou na mira do Banco Central; saiba por quê

FOTOS: DIVULGAÇÃO/SBT

O apresentador Silvio Santos já jogava aviãozinho de dinheiro para a plateia nos anos 1990 - FOTOS: DIVULGAÇÃO/SBT

O apresentador Silvio Santos já jogava aviãozinho de dinheiro para a plateia nos anos 1990

THELL DE CASTRO

Publicado em 9/12/2018 - 7h53

Durante a fase de sucesso do Topa Tudo por Dinheiro, em 1993, quando muitas vezes o programa do SBT vezes chegava à liderança nas noites de domingo, Silvio Santos teve problemas com o Banco Central por jogar aviõezinhos de dinheiro para a plateia. O caso não deu em nada, mas chamou a atenção na época.

No dia 17 de agosto de 1993, o Jornal do Brasil informou que o Banco Central solicitou à emissora paulistana a gravação do programa do domingo anterior para verificar o conteúdo das declarações do apresentador no momento ostentação da atração.

"Quem assistiu ao programa viu o apresentador fazer novos aviõezinhos com notas de 500 cruzeiros e argumentar que aquele gesto que leva sua plateia ao delírio não significa nenhuma atitude de danificação da moeda nacional. Imediatamente, quem consegue agarrar um a aviãozinho coloca o dinheiro no bolso e abre um sorriso de enorme satisfação", informou a publicação.

Um clássico das noites de domingo, os aviõezinhos eram feitos por Jorge Assis de Souza, o seu Assis. Um dos fiéis escudeiros de Silvio Santos, ele se afastou da emissora no ano passado por problemas de saúde. "O segredo é selar com durex. Quanto mais peso, mais voa" contou à Folha de S.Paulo de 9 de janeiro de 2011.

De acordo com o jornal, na época eram feitos, em média, 150 aviões por semana, em notas de R$ 20, R$ 50 e R$ 100, com o auxílio de um ajudante. "O que Silvio não usa fica guardado em uma caixa que chega a armazenar até 300 aviões", informou a nota. 

Seu Assis confeccionava os aviõezinhos com notas

Dinheiro amassado
O Jornal do Brasil destacou, em 1993, que o Banco Central informou oficialmente à emissora que estava investigando o caso. "Avisamos a ele que não se pode danificar o meio circulante dessa forma. Acho que ele nos compreendeu e, por isso, estamos solicitando a fita com o programa de domingo, pois parece que o apresentador deu suas justificativas no ar", informou um representante do órgão, que não se identificou.

O gesto de amassar o dinheiro é interpretado pelo Banco Central como danificação --rasgar e rabiscar as notas também entram nessa classificação. "Nesse sentido, segundo o BC, esse hábito brasileiro provoca desperdício e prejuízo, pois a renovação do estoque de meio circulante da economia brasileira também custa dinheiro", explicou o representante.

De acordo com o Banco Central, se Silvio Santos fizesse cem aviõezinhos por domingo, isso custaria ao país, no médio prazo, US$ 5,90, em valores da época. "O BC explicou, ainda, que a prática de danificação ao papel moeda pode representar crime, de acordo com o Código Penal", enfatizou o Jornal do Brasil.

Algum tempo depois, no programa de 25 de dezembro de 1994, Silvio falou sobre o assunto. "Eu quero mais uma vez lembrar aos senhores telespectadores que não está havendo nenhum desrespeito com o dinheiro. O Real, cada vez mais valorizado, ele não é estragado. Vocês podem imediatamente tirar essa colinha que está aqui e, aí, abre a nota e ela fica perfeita", mostrou o apresentador.

Silvio disse ainda que as pessoas que escreviam cartas reclamando do uso das notas "não tinham o que fazer". Na época, sua atração era uma pedra no sapato da Globo.

Evidentemente que o caso não deu em nada, e Silvio Santos continua distribuindo dinheiro até hoje em seu programa. Em 2016, ele passou a contar com o Revólver da Fortuna para disparar as notas.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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