LUTO
Deividi Correa/AgNews
Geraldo Luís se despede de Marcelo Rezende no velório do apresentador, no domingo (17)
DANIEL CASTRO
Publicado em 18/9/2017 - 17h09
Emissora com tradição em reprisar exaustivamente entrevistas bombásticas e acontecimentos trágicos com seus próprios artistas, a Record adotou um comportamento diferente com Marcelo Rezende. A direção da emissora proibiu apresentadores e editores de telejornais de noticiarem qualquer fato relacionado à morte do jornalista, ocorrida no sábado.
Do Fala Brasil ao quadro Hora da Venenosa, nenhum noticioso da emissora sequer citou que Rezende foi enterrado no domingo à tarde. Nenhuma repercussão da morte, envolvendo amigos ou familiares, ou comentário foi autorizado.
A exceção foi para o Cidade Alerta. Ao abrir o telejornal na tarde desta segunda (18), Luiz Bacci mostrou que alguns elementos do cenário do programa, como fotografias e o "trono" de Percival de Souza, haviam desaparecido. "Estamos retirando algumas referências para que nosso coração fique menos machucado", disse Bacci.
A Record está sendo discreta a pedido do próprio Marcelo Rezende, reforçado por familiares na semana passada. Quando concordou em dar uma entrevista ao Domingo Espetacular, em maio, revelando estar com câncer no pâncreas e no fígado, Rezende pediu para a reportagem ir ao ar uma única vez. A Record só a reprisou, no dia seguinte, no Cidade Alerta.
Na semana passada, quando a saúde de Rezende piorou e ele teve de ser internado no Hospital Moriah, na zona sul de São Paulo, a Record atendeu ao apelo da família e não noticiou nada.
O silêncio só foi quebrado no sábado, quando Reinaldo Gottino interrompeu o Cidade Alerta para anunciar a morte do jornalista. A cobertura continuou no Jornal da Record, que marcou 14,2 pontos, quase o triplo do que registra aos sábados. No domingo, a emissora exibiu flashes do velório durante o Domingo Show e liderou no Ibope da Grande São Paulo. Mas, a pedido da família, a emissora não cobriu o enterro.
Até o ano passado, o comportamento da Record era diferente. A emissora conseguia ocupar horas e horas de programação com as mesmas imagens e com as informações de sempre. Foi assim em 2015, na morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo, e no ano passado, quando Ana Hickmann foi vítima de um atentado em um hotel de Belo Horizonte.
Neste ano, a Record adotou uma linha editorial mais contida, visando uma melhor qualificação de sua programação. O Cidade Alerta de Marcelo Rezende teve sua duração reduzida e, especula-se na emissora, não deve durar muito.
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