Retrospectiva Pânico
Reprodução/Facebook
O roteirista e diretor de TV Fabio Embu, que interpretou o Homem-Berinjela em 2007 no Pânico
FERNANDA LOPES
Publicado em 6/12/2017 - 6h09
Há dez anos, um personagem do Pânico fez sucesso instantaneamente, foi copiado em festas à fantasia pelo Brasil inteiro e rendeu um bom dinheiro a seu intérprete. Fabio Embu, que criou o Homem-Berinjela, ficou muito famoso na época, conheceu Hebe Camargo (1929-2012) e Silvio Santos, atacou de DJ e foi até garoto-propaganda. Seu talento? Ele andava pelas ruas e praias com um legume dentro de uma sunga apertada.
"Fiz propaganda de energético, de cuecas e fui garoto-propaganda de camisinha extragrande. Isso é uma coisa que quero falar para meu neto se um dia eu tiver um. Deu pra ganhar uma grana, foi uma experiência fantástica na minha vida", diz.
O personagem surgiu no momento de maior sucesso do Pânico, quando o programa teve até um cruzeiro só para fãs. Foi lá que Embu, que entrou no humorístico em 2005 como roteirista, criou e fez o Homem-Berinjela pela primeira vez, a princípio sem vontade e pressionado pelos colegas.
"O Pânico tem aquele clima de sétima série. Começaram a falar 'tá com medo, viadinho'. Aí escolhi a sunga mais feia que eu tinha e coloquei a berinjela. Quando olhei pela primeira vez no espelho, tive uma crise de riso, foi a coisa mais idiota que eu vi na minha vida. Ceará [Wellington Muniz], Emílio [Surita] e Carioca [Márvio Lúcio] caíram no chão de rir, pensei 'que ótimo'", relata.
Daí para a frente, o Homem-Berinjela virou fenômeno. Embu conta que só ganhava R$ 100 de cachê por gravação, assim como as panicats. Como seu salário era muito baixo, precisava andar de transporte coletivo e era muito reconhecido no ônibus e no metrô. "Era uma sensação esquisita, as pessoas olhavam pra mim e para o meu pênis", recorda.
A situação melhorou quando Surita o apresentou a um promotor de festas do interior de São Paulo. O dono do Homem-Berinjela começou a participar de bailes como o personagem, e tocava como "DJ Berinjela". Em cada festa, ganhava três vezes mais do que o trabalho de um mês inteiro como roteirista lhe rendia.
Até prêmio ele recebeu em 2007. Embu foi escalado pela RedeTV! para receber o Troféu Imprensa pelo Pânico, no SBT.
"Conheci a Hebe, ela foi lá e botou a mão, só que eu estava sem a berinjela. Aí ficou aquela vovózinha segurando o negócio, e eu pensando: 'Meu Deus do Céu, é a Hebe'. Mas não pude entrar no palco com a berinjela, Silvio Santos não deixou. Durante uns meses, deu pra eu saber o que é a fama", conta.
Fabio Embu trabalhou como roteirista do programa Agora É Tarde, na Band, de 2011 a 2015
Após o Pânico
O Homem-Berinjela foi o primeiro e, até agora, único personagem de Embu na TV. Antes do Pânico, ele trabalhou como editor de programas que chama de "malditos e ruins", como o Programa da Márcia e o Late Show, de Luisa Mell. Pensou até em desistir da carreira de tão frustrado com esses trabalhos.
Em 2005, após escrever uma reportagem sobre "onde cagar na balada" para uma revista, conseguiu a vaga de roteirista no Pânico, onde ficou até um ano depois do auge do Homem-Berinjela. Fabio sentia que ganhava mal e não tinha perspectiva de fazer parte do elenco de artistas do programa, por isso pediu para sair.
Logo foi chamado de volta à RedeTV! para criar e dirigir Brothers (2008-2010), atração apresentada por Supla. "Inventei o programa com ele, cenário, personagens, implementei tudo. Tenho orgulho porque o negócio funcionou, todas as pessoas do elenco estão no ar ainda, acho isso legal", comenta.
Depois do Brothers, Embu foi para a produtora Cuatro Cabezas, ligada à Band. Foi roteirista de A Liga (2010-2016), O Formigueiro (2010) e Agora É Tarde (2011-2015), onde também fazia locuções de um quadro de humor.
Desde 2015 ele trabalha na produtora Floresta, onde atuou como roteirista de atrações como Tudo Pela Audiência (2014-2016), O Estranho Show de Renatinho (2016) e Vai, Fernandinha, todas do Multishow.
Embu afirma que gosta de aparecer em frente às câmeras e não recusaria uma boa oportunidade, mas diz que hoje está satisfeito com o que faz e estuda para escrever programas de ficção também.
"É uma coisa artística do trabalho, prazerosa e rentável se você conseguir emplacar alguma coisa, o que não é fácil. Mas gosto sempre de inovar", diz.
Dez anos após o sucesso no Pânico, Embu ainda mantém contato com os colegas do programa. Ele torce por um reencontro do elenco e acredita que a saída do humorístico da Band pode ser uma boa oportunidade de crescimento para todos.
"O Pânico foi o lugar mais família em que já trabalhei. Foi difícil para mim sair de lá. Se você foi do Pânico, vai ser sempre, o negócio fica em você. Acho que [o fim na Band] é triste, mas é um processo natural. É uma pena, mas acho que vai ser bom para todo mundo. Como todos são muito talentosos, vai servir para quebrar essa zona de conforto, e cada um vai encontrar seu caminho de sucesso", acredita.
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