Memória da TV
Reprodução/Memória Globo
Paulo Gracindo em cena de O Bem-Amado, série de 1980 derivada de novela de 1973
THELL DE CASTRO
Publicado em 17/5/2015 - 12h45
Recentemente, o Notícias da TV informou que a Globo poderá produzir uma série baseada nos personagens Samantha Paranormal (Claudia Raia) e Pepito (Conrado Caputo), que roubaram a cena em Alto Astral, novela das sete encerrada há uma semana. A prática, conhecida como spin off (filhote), já foi adotada pela própria Globo e é comum nos Estados Unidos, onde tramas paralelas de séries famosas ganham vida própria em novas produções. Spin off mais bem-sucedido da Globo, no ar durante quatro anos, a série O Bem-Amado acabou prejudicada pela morte de Janete Clair, mulher do autor, Dias Gomes.
O primeiro spin off da Globo data de 1972. Os personagens Shazan (Paulo José) e Xerife (Flávio Migliaccio), criados por Walther Negrão na novela O Primeiro Amor (1972), fizeram tanto sucesso que ganharam seu próprio seriado.
Shazan, Xerife & Cia foi veiculada entre 26 de outubro de 1972 e 1º de março de 1974, com autoria do próprio Negrão. A série, que também fez sucesso e foi relembrada no show de 50 anos da emissora, teve 66 episódios. Os personagens viviam aventuras a bordo da camicleta, veículo que funcionava como mistura de bicicleta e caminhão.
O Bem-Amado
Em 1980, foi a vez de O Bem-Amado se transformar em seriado. A primeira novela colorida da história da Globo deu origem à série, também escrita por Dias Gomes e dirigida por Régis Cardoso.
O autor dizia que o seriado não era uma continuação da novela, exibida em 1973, mas a produção contava com os principais personagens. Voltaram à cena o lendário prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo), seu assistente Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz) e duas das três irmãs Cajazeiras _Judicéia (Dirce Migliaccio) e Dorotéia (Ida Gomes). Até Zeca Diabo (Lima Duarte) participou de alguns episódios.
Novos personagens foram criados para substituir outros que não puderam atuar na trama: a delegada Chica Bandeira (Yara Cortes) entrou no lugar de Donana Machado, já que Zilka Salaberry estava no Sítio do Picapau Amarelo; também surgiu Zuzinha, uma nova irmã Cajazeira, em substituição a Dorinha Duval, que havia assassinado seu então marido, Paulo Sérgio Alcântara, naquele mesmo ano.
Em depoimento ao projeto Memória Globo, o diretor Régis Cardoso disse que “a diferença básica entre a novela e o seriado era que o segundo permitia a crítica de temas da atualidade, o que não é tão fácil em uma novela que tem um enredo muito longo. Em termos de direção, o seriado tinha uma abordagem mais cinematográfica, com um uso mais maleável da câmera”.
Em novembro de 1983, Dias Gomes sofreu um duro golpe com a morte de sua mulher, Janete Clair. Ele teve que assumir a supervisão da novela Eu Prometo, criação de Janete que continuou a ser escrita por Glória Perez. O Bem-Amado acabou prejudicada e, em 1984, se tornou mensal, para que o autor suportasse a carga de trabalho. A produção foi cancelada no final do mesmo ano.
Paulo José e Flávio Migliaccio em Shazan, Xerife & Cia, seriado de 1972, derivado de novela
Spin off nem sempre faz sucesso
O personagem Mário Fofoca, de Luis Gustavo, obteve tamanho êxito na novela das sete Elas por Elas (1982) que ganhou vida própria em um seriado exibido nas tardes de domingo pela Globo.
Mário Fofoca foi ao ar entre 13 de março e 3 de junho de 1983, mostrando as aventuras do detetive confuso e desastrado, que solucionava seus casos das maneiras mais inusitadas possíveis e utilizava sempre o mesmo terno quadriculado.
O episódio de estreia foi escrito pelo autor da novela, Cassiano Gabus Mendes, e a direção da série foi de Régis Cardoso. Mas a produção não decolou e logo foi cancelada. Ainda em 1983, chegou ao cinema, em As Aventuras de Mário Fofoca, de Adriano Stuart. Em 2010, o personagem foi revivido pelo próprio Luis Gustavo e incluído no remake de Ti Ti Ti, apesar de não fazer parte da trama original.
Mais recentemente, em 2011, a Globo produziu a série Lara com Z, protagonizada por Lara Romero (Susana Vieira), uma das principais personagens de Cinquentinha (2009), ambas produções assinadas por Aguinaldo Silva.
Exibida entre 7 de abril e 7 de julho de 2011, o seriado foi escrito especialmente em homenagem à protagonista, que, na trama, depois de batalhar para ficar com os negócios da família, se dedica mais à carreira de atriz, produzindo um filme. A série, no entanto, não teve grande audiência e ficou apenas na primeira temporada, com 14 episódios.
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