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ANOS 1980

Maria Carmem Barbosa foi pioneira no diálogo com jovens em Armação Ilimitada

MÁRCIO DE SOUZA/TV GLOBO

A autora Maria Carmem Barbosa posa sorrindo com a mão no queixo em foto de divulgação da Globo

A autora Maria Carmem Barbosa: ela estava no time de roteirista de projeto ousado para jovens

MÁRCIA PEREIRA, colunista

marcia@noticiadastv.com

Publicado em 22/9/2023 - 15h31

Morreu nesta sexta-feira (22) uma mulher que estava entre os pioneiros na abordagem de temas como violência doméstica e na linguagem descontraída e mais próxima da juventude que marcou toda uma geração. A autora Maria Carmem Barbosa fez parte da equipe de roteiristas da série Armação Ilimitada (1985-1988). No programa, as ousadias, as gírias e até um tom fantasioso foram usados para entreter e gerar identificação com os jovens na Globo, em uma época pós-Ditadura Militar (1964-1985) no Brasil.

Dez roteiristas colocaram as mãos e as ideias para dialogar com a juventude da época ao longo dos 40 episódios. Para o especialista em teledramaturgia Mauro Alencar, Maria Carmem deixa um legado importantíssimo para a história da televisão brasileira.

Sua contribuição vai bem além da Armação Ilimitada. "Ela foi caminhando por diversos estilos da literatura dramática, arejou com talento criativo a indústria do entretenimento", pontua Alencar.

Ele destaca a versatilidade como um grande característica na carreira dela, antes de ficar mais íntima dos humorísticos. "Estendeu-se dos jovens ao denso trabalho desenvolvido em Delegacia de Mulheres [1989-1990], denunciando, entre outros temas, a violência doméstica, quando o assunto ainda não havia sido escancarado na mídia e na sociedade", recorda-se o doutor em Teledramaturgia pela USP (Universidade de São Paulo).

Alencar diz acreditar que Maria Carmem Barbosa herdou o talento de berço, na verdade do pai, o compositor e radialista Haroldo Barbosa (1915-1979).

"Tinha uma fina observação das filigranas do cotidiano com humor, ironia e, claro, senso crítico em autorias inspiradas, como a novela Salsa & Merengue [1996] e os sitcoms Toma Lá, Dá Cá [2005, 2007-2009] e Sai de Baixo [1996-2002]. Não por acaso três produções com a marca registrada de Miguel Falabella, ícone do estilo trilhado por Maria Carmem Barbosa."

Autora de séries e novelas morreu aos 77 anos, na madrugada desta sexta-feira. Depois do Toma Lá, Dá Cá, em 2009, ela se afastou dos trabalhos na televisão e só voltou a lançar um projeto em 2021, com uma produção da HBO Max, Os Ausentes. 

O sobrinho dela, Thiago Barbosa, informou ao G1 que a dramaturga estava internada havia dois meses na Casa de Saúde Pinheiro, no Rio de Janeiro, por conta do diagnóstico de Alzheimer. Maria sofreu uma parada cardiorrespiratória após uma queda de pressão.

Falabella comunicou a tragédia em seu Instagram. O ator comentou que ela havia se "desligado do mundo" com muita rapidez há alguns anos, provavelmente se referindo à doença incurável. Além de terem trabalhado juntos em algumas produções, eles também eram amigos.

Maria Carmem Barbosa iniciou sua carreira no rádio, em 1970, no Programa Minerva da Rádio MEC, onde também criou o Falou e Disse. Ela também  foi a mente por trás de outros programas como o Tele-Tema (1986-1990) e o Grandes Nomes, na Globo. 


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