EDUARDO BUENO
REPRODUÇÃO/HISTORY CHANNEL
Eduardo Bueno com uma versão ficcional de Dom Pedro 1º em B de Brasil; série diverte e ensina
Conhecido pelo seu jeito divertido e despretensioso de repassar conhecimento, Eduardo Bueno estreia na segunda-feira (11), às 23h, uma nova temporada do programa B de Brasil no canal History. Nos episódios do segundo ano, o jornalista celebra os 200 anos da Constituição brasileira com cenas ficcionais e entrevistas com especialistas. "Eu sempre acreditei em uma História popular", dispara.
Na primeira temporada, a série documental se debruçou sobre a independência do país tropical, e agora Bueno faz uma viagem pelo século 19 e pelo segundo Império. Seu principal objetivo é tirar a percepção de que estudar o passado é algo maçante.
"Demos um salto de qualidade incrível na segunda temporada. Mantivemos o mesmo nível de entretenimento, de deboche, mas com uma densidade de conteúdo muito impressionante", assegura o apresentador em entrevista ao Notícias da TV.
Apesar de tratar de um passado distante, a série se conecta com temas muito atuais e mistura temas sérios com bom humor. O Brasil passou por um período repleto de guerras após a proclamação da independência, que culminou na primeira Constituição do país, outorgada pelo imperador e vigente durante 70 anos.
Na época, alguns temas discutidos no documento faziam questões pulsantes virem à tona: como o assassinato de um jornalista impactou os rumos do país? Dom Pedro 2º (1825-1891) inventou uma solução para a crise climática? Havia um exército invisível lutando na Guerra do Paraguai (1864-1870)?
"Vamos falar de liberdade de imprensa, liberdade de expressão. Na época, a questão seria bem assim: 'Libera o Twitter [atualmente chamado de X] ou não libera?'. Eu acho que Dom Pedro 1º [1798-1834] teria proibido o Twitter!", brinca Bueno.
Preservação do meio ambiente, direito de voto às mulheres e direitos indígenas serão outros temas abordados nos episódios. Esses pontos, inclusive, levaram Bueno até a reescrever um de seus livros best-seller, Brasil: Uma História - A Incrível Saga de um País, lançado em 2003:
"Embora seja um livro muito legal, era um livro escrito por um homem cis, hétero e branco. Eu quero botar mulheres, negros e indígenas em cada capítulo. E não é para ser politicamente correto, não. Tu já viu as piadas que eu já fiz? Para politicamente correto eu não sirvo! É uma questão de decência".
Bueno ressalta ainda o quão importante é tentar fazer com que a História seja atraente e palatável para todos os públicos. "Eu gostaria que fossem minhas duas frases que são chavões, mas são muito atuais: 'Um povo que não sabe de onde veio, não sabe para onde vai' e 'Um povo que não conhece sua história, tende a repeti-la'. É clichê, mas continua gritante e verdadeiro", solta.
"A História, de certa forma, continua aprisionada dentro da sala de aula, como se ela fosse uma disciplina e não um fluxo contínuo, intenso, retrato de sangue, suor, ação e aventura", acrescenta ele. "O History consegue transformar a televisão em um instrumento de conhecimento. A História é dinâmica, fascinante, incrível. Ela só não pode ser chata!", continua.
"Só que ela é ensinada de maneira chata. Se a gente não voltar o nosso olhar às complexidades do Brasil, eu tenho até medo de saber quem vai ser candidato [à presidência da República] em 2026", arremata o especialista.
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