'Harry Potter brasileiro' com caipira malandro vira minissérie na Globo

A Globo vai exibir no início do ano que vem a minissérie Malasartes e o Duelo com a Morte, uma adaptação para a TV do filme de mesmo nome, que tem estreia prevista no cinema para agosto. A produção foi rodada em 2015, mas se encontra em pós-produção por causa do grande número de efeitos especiais.

O diretor do longa, Paulo Morelli (de Cidade dos Homens), considera o visual da obra como um "Harry Potter brasileiro", por conta das grandes sequências geradas em computador. O filme conta a história de Pedro Malasartes (Jesuíta Barbosa), um caipira malandro que adora contar vantagem e usa sua esperteza para sair das confusões em que se mete.

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Personagem clássico do folclore nacional, Malasartes inspirou outros caipiras famosos, como o Jeca Tatu vivido por Amácio Mazzaropi (1912-1981) e João Grilo, do livro O Auto da Compadecida.

A novidade foi anunciada na última quinta-feira (16) em reunião anual dos principais executivos da área artística da Globo. Além da minissérie, o diretor de teledramaturgia semanal, Guel Arraes, anunciou a exibição e/ou produção de quatro séries neste ano: Vade Retro, que estreia em abril, Os Filhos da Pátria, no ar no segundo semestre, Sob Pressão e Zózimo (que terá outro nome).

No encontro, Carlos Henrique Schroder, diretor-geral da Globo, anunciou o início da construção de um novo complexo de estúdios no Rio. Serão três estúdios equipados com o que há de mais moderno em tecnologia e que terão um novo método de trabalho, que dispensa a montagem e desmontagem de cenários.

Isis Valverde, Leandro Hassum (antes da fase fitness) e Vera Holtz em cena de Malasartes

Malasartes
Malasartes e o Duelo com a Morte se passa em dois mundos diferentes: o real, com uma pegada rural, no qual o caipira precisa enfrentar o valentão Próspero (Milhem Cortaz) para poder namorar a irmã dele, Áurea (Isis Valverde); e um mundo mágico, no qual personagens fantásticos como a Morte (Júlio Andrade) são pessoas de carne e osso, com desejos e vontades.

Na história, após centenas de anos no posto, a Morte se cansa de exercer sua função e decide encontrar um substituto. Enxerga em Malasartes o candidato ideal e o leva, a contragosto, para o mundo fantástico. Só que o caipira não está interessado no cargo e faz de tudo para voltar para o mundo real, onde poderá ficar com Áurea. 

Para complicar, o assistente da Morte, Esculápio (Leandro Hassum, antes de emagrecer), está interessado em assumir a função de tirar a vida das pessoas e fará de tudo para que Malasartes não fique com a vaga.

Esculápio não é o único que quer boicotar o caipira: a Parca Cortadeira (Vera Holtz), uma das responsáveis pela trama dos fios da vida na mitologia grega, também deseja o posto da Morte _afinal, ela praticamente caiu no esquecimento desde o surgimento do catolicismo.

As sequências rurais foram gravadas em uma fazenda em Jaguariúna, no interior de São Paulo. Já as do universo fantástico aconteceram no estúdio da produtora O2 em Cotia, na Grande São Paulo, em uma área com paredes verdes (que são substituídas digitalmente por efeitos especiais na pós-produção).

Em 2015, Paulo Morelli contou que guarda o projeto desde a década de 1980. Sua ideia era que Pedro Malasartes fosse o herói de uma série de TV _afinal, há vários livros e contos com as aventuras do personagem que poderiam ser adaptadas.

Como a tecnologia da época não permitia que a história fosse contada como ele gostaria, o diretor engavetou o projeto, que só saiu do papel três décadas depois, como um longa.

Com a participação da Globo Filmes no projeto, Malasartes finalmente conseguirá chegar à TV, como Morelli desejava _porém, como uma minissérie de quatro capítulos, e não como uma série com múltiplas aventuras.

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