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Memória da TV

Há 35 anos, Chacrinha investia em malícia e pisava no politicamente correto

Reprodução/Globo

Com trajes espalhafatosos, Chacrinha comandava seu Cassino nos anos 1980, na Globo - Reprodução/Globo

Com trajes espalhafatosos, Chacrinha comandava seu Cassino nos anos 1980, na Globo

REDAÇÃO

Publicado em 16/3/2017 - 5h46

A TV nos anos 1980 era muito mais desprendida de valores morais e regras de conduta social do que a de hoje. Boa parte dessa "anarquia" vinha do Cassino do Chacrinha. O programa, que estreou há 35 anos na Globo, tinha um pouco de vários elementos do entretenimento popular na TV, como concursos, dançarinas de roupas mínimas, números musicais e brincadeiras sem muito pudor. Só não tinha ordem e pretensão de seriedade.

Nos seis anos em que ficou no ar, de março de 1982 até a morte de José Abelardo Barbosa, o Chacrinha, em junho de 1988, o programa marcou a história da TV brasileira com seus concursos de calouros, os bordões do apresentador e a irreverência dos convidados.

Ao contrário dos roteiros bem elaborados das atrações atuais, o Cassino do Chacrinha não seguia regras muito rígidas: jurados falavam o que queriam, cantores corriam pelo palco e até tiravam a roupa, a plateia agarrava os convidados e o próprio apresentador tirava sarro dos participantes de seus quadros _e atirava bacalhau no auditório.

Relembre cinco momentos do Cassino do Chacrinha que causariam furor na TV aberta hoje:

divulgação/globo

Angélica (centro) ao lado de Rita Cadillac; ela ganhou o concurso de criança mais bela

Concursos bizarros
Os concursos que Chacrinha realizava se tornaram coisa do passado, sem espaço no mundo atual. Não faz o menor sentido escolher hoje, por exemplo, O Cão Com Mais Pulgas, A Mais Rápida Datilógrafa ou A Mãe Com Maior Número de Filhos. Essas disputas eram acirradas do Cassino do Chacrinha. Além disso, depois de ver tantos reality shows bizarros na TV paga, parte dos telespectadores certamente rejeitaria concursos como A Mais Bela Estudante e A Mais Bela Criança do Brasil, competição que a apresentadora Angélica venceu.

reprodução/globo

O cantor Léo Jaime canta e dança sem camisa ao lado das chacretes do programa

Não há regras
O Cassino do Chacrinha não era o espaço ideal para manter a pose e as regras de etiqueta. As convidadas do programa, como Monique Evans e Elke Maravilha, iam super maquiadas, mas constantemente chamavam a atenção por estarem sem sutiã (algo comum para a época).

Já os cantores que estouraram nos anos 1980, como Léo Jaime e integrantes dos Titãs, brincavam no palco como se estivessem em uma festa na casa de amigos. Pulavam, corriam, se jogavam na plateia _que não se controlava e "atacava" os artistas. Em uma edição do programa, Léo Jaime ficou tão afoito que tirou a camisa e dançou sensualmente ao lado das chacretes.

reprodução/globo

Chacrete dança de costas para a câmera, com maiô bem cavado, no Cassino do Chacrinha

Closes íntimos
A exploração da sexualidade feminina, com closes quase ginecológicos, não era um problema para um programa vespertino da Globo nos anos 1980. As chacretes, clássicas dançarinas e assistentes de palco do Cassino, rebolavam para as câmeras em maiôs bastante cavados. O único programa em que isso ainda ocorre na TV aberta, com horário e audiência bem distintos, é o Pânico na Band _e sob críticas. No Cassino do Chacrinha, as chacretes eram conhecidas por seus apelidos sugestivos, como Cléo Toda Pura, Érica Selvagem, Loura Sinistra, Sandra Veneno e Vera Furacão.

divulgação/globo

Chacrinha faz graça com participante do concurso de calouros de seu programa

Humor sem limites
No Cassino do Chacrinha, não existia a necessidade de tratar bem o público que comparecia para o quadro de calouros. A graça era hostilizar e tirar sarro da pessoa em rede nacional, passando longe do politicamente correto. A maioria dos calouros cantava mal e tomava uma buzinada no ouvido. O apresentador distribuía bacalhau, jaca e até o famoso troféu abacaxi (ganhá-lo era uma honra).

Crédito

Cartazes com frases maliciosas e de duplo sentido na plateia do Cassino do Chacrinha

Duplo sentido
Chacrinha exibia a sexualidade das chacretes sem pudor, e também falava bastante sobre o assunto _mas de forma um pouco mais disfarçada. Na plateia do programa, havia placas de duplo sentido e insinuação sexual, como "Alô Dona Chiquita, como está sua periquita?". O apresentador também fazia graça com os nomes dos próprios convidados, dizendo frases como "Quem vai querer o pepino do Nuno Leal Maia?" ou "Quem vai querer a banana do Chico Anysio?". 


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