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Análise | Teledramaturgia

Globo corta a cena de sexo mais 'careta' de O Canto da Sereia

Raphael Dias/TV Globo

Isis Valverde em gravação da minissérie O Canto da Sereia, que mescla música, sexo e candomblé - Raphael Dias/TV Globo

Isis Valverde em gravação da minissérie O Canto da Sereia, que mescla música, sexo e candomblé

DANIEL CASTRO

Publicado em 7/1/2015 - 8h27

A Globo abriu as comemorações de seus 50 anos nesta terça (6) exibindo uma versão em telefilme da minissérie O Canto da Sereia, apresentada originalmente há apenas dois anos, em janeiro de 2013. Transformar uma minissérie de quatro episódios de 45 minutos cada um em um telefilme de duas horas e 15 minutos foi fácil. A Globo jogou fora apenas um quarto da obra original, ou um episódio inteiro, e isso não comprometeu a história.

Aparentemente, o critério adotado pelos editores foi o de manter a essência da trama original, diferentemente do que ocorreu com a transformação do filme de Tim Maia em uma minissérie de dois capítulos, em que uma sequência em que o cantor Roberto Carlos desprezava o protagonista do longa-metragem foi substuída por depoimentos em que o "Rei" aparecia como grande incentivador da carreira do soulman brasileiro.

No telefilme O Canto da Sereia, os cortes mantiveram a sexualidade democrática da minissérie, baseada em livro de Nelson Motta. A protagonista Sereia (Isis Valverde), uma cantora de axé com uma carreira meteórica que é assassinada em pleno Carnaval de Salvador, surge em cena nua, saindo do banho, mostrando o bumbum. Seu relacionamento com a empresária Mara Moreira (Camila Morgado) é revelado da mesma forma que na minissérie, com algumas carícias, mas sem beijo e sexo.

Para ganhar tempo, a Globo cortou a cena de sexo mais "careta", aquela que mostra menos a nudez de Isis Valverde. Na segunda metade do telefilme, a emissora eliminou uma sequência de mais de cinco minutos do terceiro episódio da minissérie em que Sereia transa com Jorge Ogum (Guilherme Silva) após sua última festa de aniversário, um mês antes do crime. A passagem é importante, porque Mara fotografa os dois fazendo sexo e envia as imagens para Mãe Marina (Fabiula Nascimento), mulher de Ogum e mentora espiritual de Sereia, tornando-se assim em uma das suspeitas pelo assassinato.

Mas os cortes não compromentem o entendimento da história nem distorcem a proposta original de roteiristas e diretor. Sabe-se depois, por diálogos, que os dois transaram e que Mãe Marina recebeu as fotos e que, por causa disso, se separou de Jorge Ogum.

Com O Canto da Sereia, a Globo atingiu facilmente a proposta de retratar uma obra marcante dos seus 50 anos priorizando a trama central. Mas o desafio vai se complicar nas três semanas do festival Luz, Câmera 50 Anos. Hoje (7), por exemplo, terá que mostrar oito episódios de O Pagador de Promessas, de 1988, em um filme de 90 minutos. Amanhã (8), a missão será ainda mais difícil: terá apenas uma hora e 15 minutos para condensar os 12 episódios da primeira temporada da série policial Força Tarefa, exibidos em 2009.


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