QUEM DÁ MAIS?
REPRODUÇÃO/ARTE1
O leiloeiro James Lisboa em evento transmitido pelo Arte1: quadro foi vendido R$ 4,2 milhões
O Arte1, do Grupo Band, encontrou um novo modelo de negócio durante a pandemia: transmitir leilões de arte ao vivo na TV. O canal, que teve um aumento de público no período de quarentena, fatura com a comercialização do espaço na grade e com a transformação do evento em um programa interessante para quem o vê na televisão.
O primeiro leilão foi ao ar em 29 de junho, quando James Lisboa (um dos leiloeiros mais conhecidos do mercado) levou a pregão 150 obras de arte, em sua maioria de artistas brasileiros, incluindo nomes como Anita Malfatti (1889-1964) e Di Cavalcanti (1897-1976).
Desde então, outros eventos com diferentes leiloeiros aconteceram. Durante as transmissões, um QR Code fica disponível na tela para os telespectadores interessados em oferecer lances. Ao apontar o celular para o código, eles são direcionados para a plataforma que organiza a disputa financeira e entram no "jogo".
"Exibimos ao vivo os leilões, que continuam sendo organizados nas plataformas dos leiloeiros. Nosso modelo de negócio é a televisão. Ganhamos ao negociar um espaço na grade de programação para exibição e em transformar o leilão em um programa de TV: com cenário, imagens das obras em telão, direção de cena", explica Gisele Kato, editora-chefe do Arte1, ao Notícias da TV.
Em setembro, a abertura do leilão da coleção de arte do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos, foi transmitido pelo canal e arrecadou R$ 16 milhões --um valor acima da média do mercado brasileiro. A principal venda foi uma tela do americano Frank Stella, adquirida por R$ 4,2 milhões. O esboço de Operários, de Tarsila do Amaral (1886-1973), foi arrematado por R$ 1,2 milhão.
"Tanto James Lisboa quanto a Blombô, dois leilões parceiros até agora, nos deram retorno de que o número de colecionadores nas plataformas dobrou com a exibição no Arte1. As operadoras [de TV paga] também falam no dobro de audiência no período", comemora Gisele.
A NewCo, programadora de canais do Grupo Band na TV paga, fez um evento para o mercado publicitário na semana passada e comemorou os resultados de crescimento do Arte1, um canal que foi descoberto por alguns assinantes durante a quarentena. Além dos leilões, a rede fez lives com artistas como Simone, Tom Zé e Chico César.
"O Arte1 cresceu na pandemia por vários motivos: porque as pessoas ficaram em casa e viram mais TV. Muita gente conheceu o canal só agora. Não paramos com a programação inédita, mostrando no Arte1 Em Movimento o que os artistas estavam criando em suas casas, mesmo com teatros, museus, galerias e cinemas fechados. E cresceu porque fala de arte. E arte ajuda a gente a enfrentar uma crise", destaca a editora-chefe.
O desejo de transformar leilões em programas de TV era antigo, mas só foi concretizado no momento em que os responsáveis pelo Arte1 entenderam que o mercado artístico havia adquirido respeito pelo trabalho e pelo conteúdo produzido pelo canal.
"Não abrimos logo a programação do Arte1 para a exibição de leilões porque investimos primeiro na credibilidade editorial do canal. Nesses sete anos, trabalhamos com muito cuidado e critério na curadoria dos nossos programas e posicionamento do canal como um todo. E o resultado disso é o reconhecimento da classe artística: artistas, críticos e curadores. O Arte1 é respeitado no circuito", diz Gisele Kato.
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