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SILVIO DE ABREU

Ex-autor da Globo revela falha grave em novelas da Max: 'Tudo capenga'

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O autor Silvio de Abreu em frente a microfone no estúdio do podcast Vem Pod Chegar

Silvio de Abreu no podcast Vem Pod Chegar; ele falou sobre experiência com novelas na Max

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 3/8/2024 - 10h00

Silvio de Abreu, que fez longa carreira na Globo como autor de novelas de sucesso e chefe do departamento de teledramaturgia da emissora, criticou a produção de folhetins da plataforma de streaming Max. O escritor passou um ano e meio como supervisor de novelas e séries da América Latina na Max, e agora apontou um problema sério que fez com que ele optasse por deixar a empresa em março de 2023.

Em entrevista ao podcast Vem Pod Chegar, de José Armando Vannucci e Jorge Bin, Silvio de Abreu comentou que teve problemas com a produção de atrações do streaming.

O autor, que acompanhou de perto o desenvolvimento de novelas como Beleza Fatal e Dona Beja (ambas ainda inéditas), afirmou que, quando os capítulos chegavam para a produção, por vezes as pessoas que trabalhavam nesta etapa decidiam cortar cenas que teriam viabilização mais complicada.

Isso era feito, segundo ele, sem que os autores fossem comunicados. Tal atitude se transformava em um grande problema para que as tramas fizessem sentido e tivessem continuidade.

"Na Globo, não sei se é assim [agora], mas no streaming é muito ruim. [Essa é] Uma das razões por que eu saí da HBO [Max]. Você escreve o capítulo. O capítulo escrito vai pra produção. Quando chega na produção, falam: 'Não dá pra produzir isso, não dá pra produzir isso'. Eles cortam [cenas], simplesmente. Por que não avisaram antes? Aí fica tudo capenga", apontou o autor.

Procurada pelo Notícias da TV, a Max declarou por meio de sua assessoria que não comentará as declarações de Silvio de Abreu.

O dramaturgo ainda comentou que é possível uma emissora ou plataforma ter sucesso com uma produção de baixo orçamento, mas é preciso que haja acordos claros entre os autores e as empresas sobre as condições.

"Eu sempre dizia isso quando era supervisor na Globo: você tanto pode fazer Ben-Hur [1959] quanto pode fazer Ladrões de Bicicleta [1948], que são dois filmes extraordinários. Um custa 50 bilhões, outro custa três tostões. Então, opte por aquilo que você quer fazer. Em termos artísticos, os dois são excelentes. Em termos populares, os dois fizeram sucesso. É uma questão de optar. Mas você não pode querer fazer Ben-Hur com a verba de Ladrões de Bicicleta, isso não vai dar certo", explicou.


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