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Assédio na Globo

'Estamos vivendo uma primavera das mulheres', diz Monica Iozzi sobre Mayer

Ramón Vasconcellos/TV Globo

A atriz Monica Iozzi durante as gravações da série Vade Retro, da qual é protagonista - Ramón Vasconcellos/TV Globo

A atriz Monica Iozzi durante as gravações da série Vade Retro, da qual é protagonista

FERNANDA LOPES

Publicado em 6/4/2017 - 14h56
Atualizado em 7/4/2017 - 5h03

Monica Iozzi está orgulhosa do efeito e da repercussão obtidos pela manifestação feminista das funcionárias da Globo. Ela estava no grupo de atrizes, produtoras e diretoras que se reuniram no domingo (2) à noite para definir os rumos do protesto contra o ator José Mayer, acusado de assédio sexual contra uma figurinista. Monica acredita que está testemunhando o início de uma "revolução".

"Eu sinto que a gente está vivendo uma espécie de primavera das mulheres. A coragem dessa pessoa [Susllem Tonani, a figurinista assediada por Mayer], de se expor, fez uma mobilização gigantesca. Eu acho que a gente tem que aproveitar a visibilidade que a nossa profissão dá para falar sobre temas que precisam ser debatidos. O assédio moral e sexual é um deles, então por que não? A gente tem que abraçar esse movimento, estou muito feliz de estar dentro disso. Acho que é o começo de uma discussão muito grande, que vai trazer benefícios pra todo mundo", afirma.

Segundo Monica, a ideia de começar o movimento "Mexeu com uma, mexeu com todas" partiu de funcionárias da Globo, que procuraram a ela e a diretora Maria de Médicis em busca de apoio. Das atrizes que participaram da reunião inicial, muitas já haviam trabalhado com José Mayer. Monica acredita que não é necessário julgar e condenar o ator, mas trazer luz para casos como esse, que sempre existiram nos bastidores da emissora.

"Eu acho que não é nosso papel crucificar ninguém. Mas eu acho que a gente também precisa falar sobre esse tipo de coisa. Não estamos falando só especificamente desse caso que aconteceu com o Zé e a Su. A gente quis falar sobre todos os casos que acontecem em empresas, nas casas, nos ônibus, na rua", reiterou.

Machismo é questão de educação
José Mayer foi acusado de assédio sexual por Susllem Tonani em fevereiro, mas a denúncia só ganhou repercussão na sexta-feira (31), quando um relato detalhado da figurinista foi publicado no blog #Agora É Que São Elas, da Folha de S.Paulo. Susllem acusou o ator de cantá-la de maneira desrespeitosa e inconveniente e de passar a mão em sua genitália.

Após ser suspenso por tempo indeterminado de todas as produções dos Estúdios Globo, José Mayer divulgou uma carta aberta em que admite ter errado e diz que sua atitude constrangedora foi consequência da sociedade machista em que vive.

Sem tirar a culpa do ator, Monica concorda que atitudes violentas e degradantes em relação às mulheres são consequência de uma sociedade que de fato as desvaloriza.

"O machismo é cultural. Esse lugar da mulher, muito mais suscetível a qualquer tipo de assédio, é cultural. É uma questão de educação. O machismo começa em casa, quando depois do almoço o pai vai fazer a sesta, o filho vai jogar bola e a mãe e a filha vão lavar louça", explica.

"Todos nós somos responsáveis por isso, a sociedade, as escolas, os pais, as mães. Então a gente só vai começar a mudar isso quando [o assunto] começar a ser debatido. Acho que esse episódio, dentro de uma grande empresa que tem tanta gente com visibilidade na mídia, é um primeiro passo", conclui.

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