TV Mulher
Divulgação/Viva
Marília Gabriela no cenário da nova versão do TV Mulher, que vai ao ar no canal Viva
FERNANDA LOPES
Publicado em 31/5/2016 - 5h00
Do TV Mulher original, que foi ao ar entre 1980 e 1986 na Globo, só sobrou Marília Gabriela. Trinta anos depois, ela assume no canal pago Viva a nova versão do programa, com dez episódios a serem exibidos a partir desta terça-feira (31), às 22h30. A equipe de colaboradores foi totalmente renovada. A apresentadora de 68 anos, que se autodenomina um "dinossauro remanescente da televisão", confessa que não assiste TV aberta e julga que hoje o TV Mulher leva vantagem sobre atrações voltadas ao público feminino, como o Mais Você e o Encontro com Fátima Bernardes, da Globo.
"Evoluímos, estamos dispostas a colocar a boca no mundo. Temos mais liberdade para escancarar os nossos temas, do pior ao melhor", diz a jornalista. Leticia Muhana, diretora do Viva, completa: "O TV Mulher talvez seja mãe de todos os programas vespertinos que beberam nessa fonte. Com uma diferença: ele tem hoje mais espaço que um programa ao vivo para discutir de maneira um pouco mais calma as questões que envolvem a agenda feminina".
Longe da TV desde dezembro, quando seu programa no GNT foi encerrado, Marília aceitou o convite do Viva para repaginar o TV Mulher. Ela conta que, por ser muito ocupada, não tem tempo para ver televisão (só assiste séries) e pretendia dedicar este ano a uma residência literária em Portugal, onde escreveria um livro. Desistiu para comandar o projeto no Viva e considera que está "mais inteligente".
"Eu vivo meio atabalhoadamente. Sou uma profissional perfeccionista, exagerada, fixada. Fazia aquele TV Mulher quase sem perceber que importância histórica ele teria. [Me sinto] Mais inteligente agora porque posso refletir sobre o que eu representava", declara.
Divulgação/viva
A apresentadora Marília Gabriela no estúdio da nova versão do TV Mulher, em São Paulo
De cara nova
O retorno da atração faz parte de uma iniciativa do canal de trazer à tona programas que foram sucesso no passado. Em 2013, o Sai de Baixo ganhou um remake. Em 2014, foi a vez do Globo de Ouro. Em 2015, a nova edição da Escolinha do Professor Raimundo fez tanto sucesso que foi exibida nas tardes de domingo da Globo. Segundo Leticia Muhana, "é uma estratégia para refrescar a grade do Viva".
Em 2016, a essência do TV Mulher antigo permanece _o programa traz diálogos sobre questões femininas como moda, sexo, vaidade e violência doméstica. A dinâmica no estúdio é que está diferente. Cada episódio foi gravado com base em um tema desenvolvido em um roteiro e revisado por Marília Gabriela e os colunistas. Em vez de quadros individuais em que cada um fala sobre o assunto que domina, agora os integrantes do programa conversam e debatem entre si.
"O TV Mulher era muito estático. Agora tenho a oportunidade de realmente interagir. Tivemos a chance de gravar e de sermos mais precisos e concisos. Você não pode gastar o tempo do público com merrecas de assunto ou bobagens que passam num programa ao vivo e que ficam uma encheção de linguiça eventualmente”, acredita Marília.
Divulgação/viva
Theodoro Cochrane ajeita a roupa da mãe; ele é responsável pelos figurinos do programa
Trabalho em equipe
No time de colunistas do TV Mulher, destaca-se Theodoro Cochrane, filho de Marília. Ele é responsável pelo figurino da mãe e faz entrevistas com atrizes veteranas da Globo, como Susana Vieira e Regina Duarte.
Também fazem parte da equipe Flávia Oliveira, jornalista que comanda o quadro de economia Feira Moderna; Gabriela Manssur, promotora que aborda os direitos das mulheres; Ronaldo Fraga, que faz as vezes de consultor de moda; Fernanda Young, com crônicas bem-humoradas sobre beleza; Ivan Martins, escritor que fala sobre relacionamentos no quadro TV Homem; e Regina Navarro Lins, psicanalista que assume a seção de sexualidade. Após anos no elenco do Amor & Sexo, ela acredita que tem mais tempo e liberdade para lidar com a questão no TV Mulher.
Além dos colunistas, o programa tem convidados. Ao final de cada episódio, Marília Gabriela retoma sua tradição nas entrevistas e recebe personalidades como Anitta, Glória Maria e Alexandre Nero. No primeiro programa, a entrevistada é Maria Rita _ela participou da estreia do TV Mulher em 1980 no colo de sua mãe, Elis Regina.
A apresentadora afirma que não assistiu (e nem pretende) nenhum vídeo do programa original, mas faz esta nova versão em homenagem e em reflexão à profissional que foi no passado. "Na prática, pretendemos que as pessoas consigam pensar o mundo, o Brasil, com a nossa colaboração. [O novo TV Mulher] me dá a oportunidade de pensar sobre o que fui, o que fomos. Fui melhorando com as respostas que os colunistas me deram sobre o que acontece com as mulheres hoje", explica.
Cedoc/globo
Marília Gabriela na estúdio do TV Mulher em 1980; programa era exibido ao vivo na Globo
Velhos colegas
Marília Gabriela mantém boa relação com os colunistas do TV Mulher atual, mas não se pode dizer o mesmo sobre os integrantes da versão original. Nenhum dos antigos colaboradores foi convidado para participar dos novos episódios _o único que continua na TV é Ney Gonçalves Dias, apresentador do programa RB Notícias na Rede Brasil.
Ele afirma que não ficou chateado por não ter sido chamado pelo Viva e que tinha um bom convívio com a apresentadora, mas lembra que ela não se dava bem nos bastidores com o estilista Clodovil. Marília Gabriela confirma:
"Ele era muito competitivo, para ele era muito complicado aceitar um protagonismo feminino. Depois fizemos as pazes, eu o chamei para uma entrevista no Cara a Cara [talk-show que apresentou na Band de 1987 a 1995], quando houve um boato de que ele estaria com Aids. Ele veio, agradeceu, pediu desculpas, mas depois falou mal de mim outra vez. Era dele".
O clima era ainda mais tenso entre Marília e Xênia Bier, que falava sobre a mulher no mercado de trabalho. No último dia da apresentadora no TV Mulher (ela saiu para apresentar o Marília Gabi Gabriela na Band), Xênia chamou a imprensa e criou a seguinte cena:
"Eu estava entrevistando o Toquinho. No finalzinho, Xênia jogou moedas e disse: 'Toma essas 30 moedas para comprar a corda para se enforcar'. Aquilo foi um choque. A minha sorte é que o programa tinha acabado e estava nos créditos, não tinha a minha imagem. Louca", contou Marília.
Hoje, a apresentadora ainda é amiga de Marta Suplicy, colunista de sexo da atração nos anos 1980. Foi a senadora que fez o convite para que a Marília se tornasse secretária de Cultura do governo Temer. "Não sou uma gestora, não teria cabimento eu aceitar um convite desse. Tenho consciência de que eu não representava nada além de uma estampa para melhorar a imagem do governo junto às mulheres. Eu não faço política, não sou política, não tenho intenção de ser", afirma.
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