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DE CASA NOVA

Contratada pela Cultura, Joyce Ribeiro quer esquecer demissão turbulenta do SBT

DIVULGAÇÃO/TV CULTURA

Joyce Ribeiro no cenário do Jornal da Cultura: sua estreia está marcada para 2 de abril - DIVULGAÇÃO/TV CULTURA

Joyce Ribeiro no cenário do Jornal da Cultura: sua estreia está marcada para 2 de abril

Joyce Ribeiro estreia dia 2 de abril à frente do Jornal da Cultura, após pouco mais de um ano fora da TV. Ela foi demitida do SBT em janeiro de 2017, após 12 anos de trabalho nos principais telejornais da emissora. Sua saída, bastante ruidosa, a fez repensar a carreira. Ela não cita mais o nome de sua antiga casa e quer esquecer os dias turbulentos que viveu desde que deixou a rede de Silvio Santos.

"Você quer mesmo falar sobre o passado? Tenho tantas outras coisas legais para dizer (risos)", desabafa ao Notícias da TV. "Foi um período diferente na minha vida e que me fez avaliar todo o cenário. Penso que a situação toda me ajudou a ter mais clareza sobre o que quero para a minha vida. Um telejornal não deve ser tratado como espetáculo, e o jornalismo não deve ser um produto de entretenimento."

Embora não cite nominalmente, Joyce refere-se ao fato de Dudu Camargo (razão de sua demissão do SBT) ter transformado o Primeiro Impacto em um programa de entretenimento. O menino canta e rebola no ar, já fez sensacionalismo em cima de uma notícia falsa e tenta imitar a voz e os trejeitos de Silvio Santos.

Na Cultura, Joyce vai substituir William Corrêa, que apresentou o telejornal durante cinco anos, e encara o novo trabalho como um desafio. Além de apresentar, ela mediará os debates promovidos pelo noticiário, que sempre recebe dois especialistas em variados assuntos para opinarem sobre as pautas do dia.

"Minha vinda para a TV Cultura foi rápida. Eles me convidaram há menos de um mês, expuseram o que esperavam de mim e aceitei. Tudo bem rápido, tendo em vista os longos períodos de negociações que normalmente rolam na TV. Tudo o que eles me expuseram em relação à filosofia, que eles acreditam do jornalismo e transmissão de mensagem de conteúdo, vai muito ao encontro do que eu acredito", diz.

Representatividade
Joyce Ribeiro é uma das poucas âncoras negras do telejornalismo brasileiro. Substituir William Corrêa (que também é negro) no comando do Jornal da Cultura foi um dos fatores que pesaram em sua decisão ao assinar o contrato com a emissora.

"Infelizmente, não vemos muitos negros em posições de destaque nas mais diferentes áreas, como a gente espera que aconteça, ainda mais em um país que tem mais de 50% de sua população negra. Claro que é uma consquista, e precisa ser comemorada. Mas não deixo de analisar a realidade nua e crua. A questão racial faz a gente perder talentos e desperdiçar mentes brilhantes", avalia.

O fato de levar mais de um ano para se realocar na TV também é encarado por Joyce como um sinal de preconceito. "Eu vivi e vivo na pele essa situação. Não adianta eu dar uma palestra numa faculdade e dizer aos alunos que eles precisam se esforçar para aprender e lutar por seus objetivos, sendo que o mercado está fechado para eles única e exclusivamente porque eles têm a pele negra", diz.

REPRODUÇÃO/SBT

Joyce Ribeiro ao lado de Dudu Camargo na bancada do telejornal Primeiro Impacto, do SBT

Sabático
O desemprego fez Joyce buscar novos desafios. Ela intensificou o número de palestras em faculdades de Jornalismo, participou de programas de TV e de rádio, e escreveu seu segundo livro, Deixa Enrolar: A História dos Cachos e Crespos no Brasil.

"Nunca escrevi sobre estética e foi um trabalho divertido. Fui contratada por uma empresa de cosméticos e tive que pesquisar bastante a respeito do assunto. Entrevistei profissionais da área e diversas pessoas", comenta.

Além disso, a jornalista decidiu abrir um canal no YouTube, no qual publica entrevistas com artistas e profissionais de diversas áreas.

"Meu sonho é ter um programa voltado ao entretenimento. Mas não penso em algo grandioso, com plateia. Gostaria de ter um programa de entrevistas na TV, para falar em um tom mais descontraído sobre temas variados", explica. 


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