ELEIÇÕES 2018
REPRODUÇÃO/TV CULTURA
Entrevista do presidenciável só ficou atrás das de Sérgio Moro e Romeu Tuma Júnior
GABRIEL SOUZA
Publicado em 31/7/2018 - 14h09
Líder nas pesquisas de intenção de voto para as eleições deste ano à Presidência da República, Jair Bolsonaro também ficou em primeiro no ranking de audiências das sabatinas promovidas com candidatos ao posto pelo programa Roda Viva, da TV Cultura. Ontem (30), a entrevista com o político do PSL marcou 2,3 pontos de média na Grande São Paulo e superou Band e RedeTV!. É o terceiro melhor resultado da atração na década.
Considerados apenas os entrevistados de 2000 até hoje, o presidenciável ficou atrás apenas de Sérgio Moro, que marcou 3,8 pontos, em 26 de março, e Romeu Tuma Júnior, ex-secretário de Justiça, que marcou 2,4 em 3 de fevereiro de 2014.
A audiência da participação de Bolsonaro é a maior do Roda Viva desde que Ricardo Lessa, ex-GloboNews, assumiu a atração, em abril deste ano.
Em comparação às últimas quatro segundas-feiras, quando já tinha iniciado sua série de sabatinas aos postulantes à Presidência, a audiência do Roda Viva cresceu 360%. Foi de 0,5, em sétimo lugar, para 2,3 pontos, em quarto, atrás apenas de Globo, Record e SBT. Em alguns momentos, chegou a ameaçar o Jornal da Record.
Segundos dados do Ibope obtidos pelo Notícias da TV, a segunda entrevista mais assistida foi a de Ciro Gomes, do PDT, enquanto a lanterna ficou com João Amoêdo, do Novo. Confira o ranking:
RODA VIVA - PRESIDENCIÁVEIS
Data | Candidato | Audiência |
30/07/2018 | Jair Bolsonaro | 2,3 |
28/05/2018 | Ciro Gomes | 1,1 |
04/06/2018 | Álvaro Dias | 0,7 |
11/06/2018 | Henrique Meirelles | 0,6 |
25/06/2018 | Manuela d'Ávila | 0,6 |
07/05/2018 | Guilherme Boulos | 0,5 |
23/07/2018 | Geraldo Alckmin | 0,4 |
09/07/2018 | Guilherme Afif Domingos | 0,3 |
21/05/2018 | João Amoêdo | 0,3 |
Cada ponto equivale a 71.855 domicílios na Grande São Paulo
Ex-apresentador denuncia pressão política
Responsável pela edição mais vista do Roda Viva nos últimos 18 anos, Augusto Nunes saiu da TV Cultura em março. Segundo ele, o conselho curador da emissora, que pertence ao Governo de São Paulo, forçava nomes tanto para serem entrevistados quanto para realizarem a sabatina: "Havia uma pressão para que a gente começasse a convidar políticos amigos dos conselheiros".
Nunes diz que, como estava incomodado, decidiu procurar o presidente da Cultura, Marcos Mendonça, para conversar. "Eu disse a ele o seguinte: 'Quero saber como vai ser esse ano'. Questionei se o jornalismo ia voltar a ter controle sobre o Roda Viva ou se essa pressão ia continuar. [E Mendonça disse:] 'Olha, esse ano é eleitoral, eu devo dizer que vai piorar", lembra ele.
De fato, a pressão piorou. O jornalista diz que foi forçado a fazer entrevistas com alguns políticos. "Falavam: 'Tem que chamar o ministro da Educação [José Mendonça Filho], o das Comunicações [Gilberto Kassab], o da Saúde [Ricardo Barros]'. [Eu argumentava:] 'Mas nós já chamamos, eles vieram aqui quando assumiram'. 'É, mas são compromissos...'", conta ao jornalista Bonfá.
Para Nunes, o conselho usa o Roda Viva como palanque político para seus amigos. "Eles vêm aqui para se elogiarem, todos querem dizer que fizeram um grande trabalho, e depois vão se candidatar."
Pressionado por todos os lados, ele decidiu que não renovaria seu contrato. "Falei: 'Eu não quero mais, não. Topo fazer as entrevistas com os ministros, mas minha última data eu quero para mim'", diz ele, que convidou o juiz Sérgio Moro para a sabatina que marcou sua despedida.
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