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Análise | Jornalismo

Com Hora 1, Globo tenta inovar, mas sofre com falta de notícias

Reprodução/TV Globo

Heraldo Pereira e Monalisa Perrone no Hora 1 em Estado sem horário de verão, onde vai ao ar gravado - Reprodução/TV Globo

Heraldo Pereira e Monalisa Perrone no Hora 1 em Estado sem horário de verão, onde vai ao ar gravado

DANIEL CASTRO

Publicado em 1/12/2014 - 5h41
Atualizado em 1/12/2014 - 6h39

Na luta pelo telespectador que acorda antes das 6h e busca informação na TV, a Globo estreou hoje (1º) o Hora 1 da Notícia. O telejornal traz algumas inovações, tenta desengessar o jornalismo da emissora, mas em sua primeira edição sentiu falta do principal: notícia. O jornal sofreu com a escassez de informações nas horas que o antecedeu. Tentou compensar com serviço para quem está saindo de casa, mas as imagens eram de avenidas desertas no Nordeste e de trânsito fluindo bem mesmo em São Paulo e Rio de Janeiro.

A Globo mandou um repórter para a porta do hospital Albert Einstein, em São Paulo, para dar ao vivo as últimas sobre a saúde de Pelé. As informações, no entanto, eram de um boletim médico das 17h30 de ontem. Na escalada (as manchetes do telejornal) e nos "giros de notícias" repetidos a cada 15 minutos pelo H1, imagens de um acidente ocorrido mais de 12 horas antes na rodovia Fernão Dias, sem nenhum reflexo para quem está pegando a estrada na manhã desta segunda. 

O novo telejornal da Globo tende também a ser mais leve do que os demais. Márcio Gomes entrou ao vivo de Tóquio para noticiar um "banquete" com três toneladas de frutas e legumes para macacos na Tailândia. Do Brasil, duas reportagens absolutamente tapa-buracos: romarias pelo país no domingo e um casamento coletivo no Rio de Janeiro.

A Globo reservou para a estreia do Hora 1 uma reportagem exclusiva, uma denúncia que liga o doleiro Alberto Youssef ao tesoureiro do PT, João Vacari Neto. Heraldo Pereira entrou com a Esplanada dos Ministérios ainda escura e não acrescentou muito. Um videotape anunciou o que pode fazer a diferença nas próximas edições: o H1 promete mostrar os "bastidores do poder", o making of de Brasília.

O Hora 1 faz justiça ao promover a jornalista Monalisa Perrone a apresentadora. Ela se mostrou segura e informal sem comprometer o "padrão Globo". Fez o jornal quase todo de pé e mandou bem na dobradinha com Maria Júlia Coutinho, a moça do tempo que apareceu em dois blocos e sugeriu "modelitos" conforme a temperatura. Sem apelar às micagens que proliferam na concorrência, Monalisa está na trilha de um telejornal mais conversado, como no rádio. Pena que o delay (atraso) no sinal de satélite entre São Paulo, Brasília, Tóquio e Jerusalém não ajude.

A repetição e a reciclagem de notícias da véspera estão na proposta original do H1, que abre uma grade em que a Globo agora dedica quatro horas matinais ao jornalismo, das 5h às 9h. Ele será feito para quem dorme cedo e não viu os telejornais da noite, numa reação à eventual liderança do SBT no horário com um telejornal de reprises. Investe no ao vivo e em comentaristas _mas desliza ao colocar Cleber Machado comentando a rodada do futebol em um VT da noite anterior.

No geral, o Hora 1 é bom. Mas terá dias melhores quando houver notícia.


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