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Chaves demorou a virar sucesso, mas desbancou Xuxa entre crianças

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Roberto Gómez Bolaños, o Chaves, que morreu na última sexta-feira e será enterrado nesta segunda - Divulgação

Roberto Gómez Bolaños, o Chaves, que morreu na última sexta-feira e será enterrado nesta segunda

THELL DE CASTRO

Publicado em 30/11/2014 - 7h54

E o grande Chespirito se foi. A morte de Roberto Gómez Bolaños está sendo lamentada no México, no Brasil e em muitos outros países onde, há décadas, seus programas fazem enorme sucesso. Por aqui, o SBT exibe Chaves e Chapolin desde agosto de 1984 praticamente de forma ininterrupta, de segunda a segunda, muitas vezes com mais de uma apresentação por dia.

Os programas de Chespirito, como Bolaños era conhecido, começaram de forma tímida no Brasil, em 1984, mas aos poucos foram conquistando o público, tanto que estão no ar até hoje. No início dos anos 1990, junto ao boom provocado pelo telejornal Aqui Agora e pela novela mexicana Carrossel, o SBT, no auge, colocou Chaves e Chapolin em pleno horário nobre. E eles não fizeram feio, chegando a alcançar médias de 20 pontos de audiência.

Reportagem da Folha de S.Paulo de 24 de janeiro de 1999 ressaltou a liderança histórica de audiência das duas séries entre crianças de 2 a 9 anos na Grande São Paulo, desbancando apresentadoras como Xuxa, Mara Maravilha e Angélica, entre outras. "Chapolin conquistou 299 mil telespectadores nessa faixa em 1995. Já Chaves, 282 mil. Em 1998, Chaves chegou a 201 mil crianças. E Chapolin foi a 185 mil”.

Mina de ouro

Em 7 de fevereiro de 1990, o Jornal do Brasil destacou que Chaves era uma mina de ouro. A Polygram e o SBT lançaram o disco com canções baseadas no programa. O produto foi um grande sucesso de vendas. “A estrela do LP é Marcelo Gastaldi, que há cinco anos aluga sua voz para o endiabrado Chaves”, disse a reportagem de Rogério Durst.

“O disco é o similar nacional de um lançamento mexicano com músicas relacionadas ao programa do Chaves. A diferença é que seis das canções foram vertidas de composições do mexicano Roberto Gómez Bolaños e outras quatro foram compostas aqui no Brasil. Mário Lúcio de Freitas, da empresa independente Marsh Mallow, que produziu o disco para a Polygram, explica: 'Todas as canções originais se referiam ao Chaves e achamos que o público brasileiro gostaria de canções sobre os outros personagens'. Assim, Kiko, Chiquinha e Madruga ganharam suas músicas, todas com letra de Marcelo Gastaldi, convidado por ser um especialista no programa e seus personagens”, explicou o texto.

Reportagem do Jornal do Brasil publicada em fevereiro destacou a 'explosão' de Chaves no Brasil

O JB também assinalou os demais produtos lançados no Brasil com a grife Chaves: “Mesmo em tempos de crise, o mercado infantil brasileiro é uma festa. E o garoto Chaves está se revelando um produto e tanto. Não admira que Roberto Bolaños exija ter seu nome em tudo o que envolva seu personagem, o que inclui as quatro canções brasileiras do disco. Além de música, Chaves também vai virar história em quadrinhos, brinquedos, álbum de figurinhas e desenhos. Mas o gigantismo do despretensioso Chaves periga ir muito além”.

Entre os produtos lançados com sucesso no início dos anos 1990 também estão os gibis de Chaves e Chapolin, pela Editora Globo, o álbum de figurinhas e os óculos do Chaves, que serviam como canudinho para refrigerantes e sucos.

Até Gugu Liberato embarcou na onda de sucesso de Chespirito no Brasil. Além de ir ao México e exibir no Viva a Noite, do SBT, uma entrevista com Bolaños e outros integrantes do programa, em 1989, numa época que tais viagens não eram tão comuns, o apresentador, através de sua produtora, adquiriu os direitos de lançamento no Brasil do filme Charrito, um Herói Mexicano, de 1984. Gugu realizou promoções e divulgações envolvendo o filme em seu programa semanal.

Novos personagens

O grande sucesso de Chespirito no Brasil são as séries Chaves e Chapolin, produzidas nos anos 1970. A partir da década de 1980, os personagens foram incorporados ao programa Chespirito, que também tinha outros quadros e ficou no ar até 1995.

Em duas oportunidades, o público brasileiro pode conferir as outras criações de Bolaños, como o malandro Chompiras (aqui chamado de Chaveco) e o maluco Chaparron Bonaparte (o Pancada), entre outros.

Em 1º de junho de 1997, a CNT/Gazeta, que havia fechado no ano anterior um acordo com a Televisa, do México, para exibição de novelas e programas, passou a exibir Chespirito diariamente.

Já o SBT exibiu a produção como Clube do Chaves, estreando em 2 de julho de 2001, inicialmente com os esquetes em pílulas durante as tardes de sábado e, posteriormente, reunidos num único programa.

Nos dois casos, não houve o mesmo sucesso de Chaves e Chapolin, por inúmeros motivos, como envelhecimento do elenco, as ausências de Carlos Villagran e Ramon Valdez e, principalmente, algumas mudanças na dublagem brasileira, especialmente de Marcelo Gastaldi, que morreu em agosto de 1995. O público não se acostumou com a nova voz de Chaves _e isso perdura até hoje. Dessa forma, as atrações deixaram de ser exibidas.

Descanse em paz, Chespirito. Prometemos nos despedir, mas sem dizer adeus jamais. Pois haveremos de nos reunirmos muitas vezes mais...

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